PCP propõe mudanças profundas para o Interior

SOLUÇÕES Je­ró­nimo de Sousa marcou pre­sença, dia 21, num jantar-co­mício em Nisa, Por­ta­legre. Foi com a pre­sença de muitos mi­li­tantes e apoi­antes que de­fendeu so­lu­ções para as po­pu­la­ções do In­te­rior do País.

«É pos­sível in­tervir mesmo em si­tu­ação de ca­la­mi­dade»

A acção do PCP teve lugar na Rua 25 de Abril, uma das prin­ci­pais ar­té­rias da vila alen­te­jana. Na sua in­ter­venção, a se­gunda e úl­tima da noite, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou o facto de vi­vermos hoje «um tempo de agra­va­mento de in­jus­tiças e de­si­gual­dades. Os tra­ba­lha­dores e o povo são atin­gidos pelos efeitos da epi­demia e pelo apro­vei­ta­mento que fazem dela». Se, para o PCP, é ne­ces­sário tomar todas as me­didas de de­fesa sa­ni­tária, também é fun­da­mental re­chaçar todas e cada uma das ten­ta­tivas de im­po­sição do con­for­mismo e da in­di­fe­rença face às in­jus­tiças e de­si­gual­dades.

«A nossa in­ter­venção e a nossa luta não podem parar», afirmou o di­ri­gente co­mu­nista, di­zendo ainda que «há quem nos queira ver con­fi­nados e li­mi­tada a nossa ac­ti­vi­dade, tal como a acção e luta dos tra­ba­lha­dores e do povo».

«O que há muito es­tava mal, en­contra-se hoje pior e novos si­nais de re­tro­cesso estão aí», avisou o Se­cre­tário-geral, re­fe­rindo-se às ofen­sivas do grande ca­pital, a par do PS, do PSD e dos seus su­ce­dâ­neos, ao Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal. Isso não su­ce­deria, porém, se ti­vessem sido apro­vadas as pro­postas do PCP que vi­savam o re­forço da ca­pa­ci­dade de res­posta da Se­gu­rança So­cial, do­tando-a de mais re­cursos hu­manos, ou a que previa a cri­ação de uma bolsa de re­cru­ta­mento de tra­ba­lha­dores para re­forçar os equi­pa­mentos so­ciais onde se ve­ri­fi­quem ne­ces­si­dades por su­prir. O mesmo pode ser dito em re­lação à proi­bição dos des­pe­di­mentos, à re­po­sição dos vín­culos de todos os en­tre­tanto des­pe­didos ou ao pa­ga­mento in­te­gral dos sa­lá­rios.

«Para o PCP são ne­ces­sá­rias novas so­lu­ções que res­pondam a pro­blemas es­tru­tu­rais», afirmou, dando os exem­plos das IPSS, cujos meios têm de ser re­for­çados, e do ne­ces­sário alar­ga­mento da Rede de Lares, com a cri­ação de uma rede ge­rida pelo sector pú­blico.

O In­te­rior não é uma moda

Também as po­pu­la­ções do Alto Alen­tejo ne­ces­sitam de so­lu­ções es­pe­cí­ficas para os seus pro­blemas: «Falam muito do In­te­rior, até pa­rece que é moda. Mas a ver­dade é que o In­te­rior do País, cujas gentes foram des­pre­zadas pelos su­ces­sivos go­vernos da po­lí­tica de di­reita, con­tinua a so­frer dos mesmos pro­blemas», acres­centou.

Para o PCP, a li­gação fer­ro­viária Sines/​Caia, que atra­ves­sará aquele dis­trito, também terá de servir as pes­soas que nele vivem e tra­ba­lham. Da mesma forma, os co­mu­nistas de­fendem a con­clusão do IC13 ou a cons­trução de um IC com li­gação a Abrantes, Es­tremoz, Ponte de Sor, Avis e Sousel. O Par­tido de­fende ainda um plano que va­lo­rize o mundo rural, apoie os pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores, e a cons­trução do Em­pre­en­di­mento de Fins Múl­ti­plos do Crato/​Pisão.

O com­bate à re­dução de­mo­grá­fica e ao en­ve­lhe­ci­mento po­pu­la­ci­onal tem de travar a des­con­cen­tração de ser­viços, con­tra­riar a falta de pro­fis­si­o­nais e de es­pe­ci­a­li­dades nos hos­pi­tais de Por­ta­legre e de Elvas. Se­gundo Je­ró­nimo de Sousa, ele tem de ser tra­vado com po­lí­ticas que per­mitam a cri­ação de em­prego com di­reitos e com o re­forço dos ser­viços. «Os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções pre­cisam de uma mu­dança pro­funda nas op­ções que lhes têm sido im­postas e sabem que podem contar com o PCP para con­cre­tizar este rumo», afirmou, ao con­cluir, o Se­cre­tário-geral.

Pro­blemas agra­vados

Antes, Es­me­ralda Al­meida, do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Por­ta­legre do Par­tido (DORPOR), sa­li­entou que a «si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial do dis­trito, re­sul­tado de quatro dé­cadas de po­lí­tica de di­reita do PS, PSD e CDS, agravou-se subs­tan­ci­al­mente com a si­tu­ação de pan­demia em que vi­vemos». Se, em Nisa, o de­sem­prego, a san­gria de po­pu­lação e a saída para o li­toral de jo­vens já afli­giam os mu­ní­cipes, a pan­demia da COVID-19 apenas apro­fundou essa re­a­li­dade, afirmou.

No en­tanto, para os ni­senses, este não é mo­tivo para in­ter­romper a ac­ti­vi­dade do Par­tido. «É pos­sível in­tervir mesmo em si­tu­ação de ca­la­mi­dade», afirmou Es­me­ralda Al­meida. No dis­trito de Por­ta­legre, os co­mu­nistas têm dado fulgor à cam­panha re­gi­onal O Dis­trito Pre­cisa, o PCP Exige, com a re­a­li­zação de ses­sões e tri­bunas pú­blicas onde é pos­sível às po­pu­la­ções ex­porem as suas pre­o­cu­pa­ções e an­seios.

São vá­rias as ques­tões que têm mo­bi­li­zado a in­ter­venção par­ti­dária no dis­trito, in­formou Es­me­ralda Al­meida. Em Por­ta­legre, a or­ga­ni­zação tem-se fo­cado so­bre­tudo nas ques­tões da saúde. Em Nisa, na de­fesa do equi­lí­brio am­bi­ental, em Elvas na fer­rovia e em Ponte de Sor na de­fesa da água pú­blica. Os co­mu­nistas têm não só so­lu­ções para todos estes pro­blemas como têm mos­trado estar à al­tura das exi­gên­cias que lhes são co­lo­cadas, sendo por isso me­re­ce­dores da con­fi­ança das po­pu­la­ções.