Séc. XIX – «O operário de oito anos»

O tra­balho das cri­anças perde-se na origem dos tempos, mas é no sé­culo XIX que atinge o seu auge, ao ponto deste ser muitas vezes de­sig­nado como o «sé­culo negro» da ex­plo­ração in­fantil. Nos polos in­dus­triais, as cri­anças tra­ba­lham 13 a 15 horas por dia, fa­zendo o que as má­quinas não podem fazer, so­bre­tudo nos sec­tores têxtil, me­ta­lúr­gico e mi­neiro. Em França, re­la­tó­rios di­vul­gados pelo mé­dico Louis-René Vil­lermé após inqué­ritos le­vados a cabo na in­dús­tria têxtil, em 1830, dão conta de «mi­se­rá­veis cri­a­turas em­bru­te­cidas por um in­con­ce­bível ex­cesso de tra­balho e re­du­zidas ao es­tado de má­quinas de que não são mais do que aces­só­rios for­çados». Uma re­a­li­dade de­nun­ciada também por Jules Simon (1814-1856), um po­lí­tico, en­saísta, his­to­ri­ador e fi­ló­sofo francês. Quando pu­blica «l'Ou­vrier de huit ans», Simon, que se de­finia como «pro­fun­da­mente re­pu­bli­cano e de­ci­di­da­mente con­ser­vador», é acu­sado de querer ar­ruinar a in­dús­tria têxtil fran­cesa, pois con­si­de­rava-se ser im­pos­sível re­duzir o tempo de tra­balho das cri­anças. A es­co­la­ri­dade obri­ga­tória faz re­cuar o tra­balho in­fantil: em 1892 deixam de poder ser con­tra­tadas cri­anças com menos de 12 ou 13 anos, e em 1959 o li­mite da es­co­la­ri­dade obri­ga­tória é fi­xado nos 16 anos. Esta lei só entra em vigor em 1967.