Disciplina, organização, dedicação, gana, alegria, emoção. De tudo isto se fez este ano a Festa do Avante!, que ao fim de tantos anos – já lá vão 44 – ainda nos consegue surpreender de uma forma tão avassaladora. E tão difícil de contar em palavras, pois é de emoções que falamos.
Às dificuldades colocadas à partida pela epidemia de COVID-19 somaram-se outras, impostas por uma das mais violentas (e vergonhosas!) campanhas anticomunistas de que há memória, visando a Festa e o Partido: que, como afirmou Jerónimo de Sousa, alguns pretendiam ver quieto, confinado, calado e com temor. Correu-lhes mal, o plano. A Festa fez-se e foi, em muitos aspectos, histórica!
Esta foi a Festa que mostrou que a alegria e a cultura são não só possíveis como essenciais nestes estranhos tempos em que vivemos. Que demonstrou ser possível, com organização e disciplina revolucionárias, o que a muitos poderia parecer impossível, o que é válido para a realização de eventos como para a transformação da sociedade. Nesta Festa ficou ainda mais evidente que há um Partido que não foge aos combates, sejam eles (e as circunstâncias) quais forem.
Se a militância é, desde sempre, um dos «segredos» da Festa, ela este ano excedeu-se, pois às costumeiras – e exigentes – tarefas de planificação, construção, divulgação e funcionamento, somaram-se outras: as equipas de higienização e os assistentes de plateia, envolvendo centenas de militantes e amigos do Partido, contribuíram decisivamente para fazer da Atalaia um local seguro e ainda mais aprazível, contribuindo assim para combater a resignação e o medo.
Pelas condições em que se realizou e dada a ofensiva contra ela movida, esta (porventura mais ainda do que as anteriores) foi também a Festa que os visitantes assumiram como sua, respeitando distâncias e normas de segurança, ajudando no possível, aproveitando ao máximo tudo o que ela tinha para oferecer, dando-lhe assim o máximo de sentido. Quanto aos artistas, retribuíram a oportunidade que lhes foi dada de actuar ao vivo (o que este ano não é, definitivamente, pouca coisa) com espectáculos particularmente vibrantes e generosos. Esta foi ainda a Festa em que tantos, não indo, adquiriram a sua EP, que mais não é do que um Título de Solidariedade para com a Festa e quem a promove, alvos de um ataque indecoroso e fascizante, a que souberam responder.
Podia ter sido hoje, mas foi em 1975, em plena vaga de atentados bombistas contra Centros de Trabalho do PCP, que José Carlos Ary dos Santos escreveu E a cada novo assalto/ cada escalada fascista/ subirá sempre mais alto/ a bandeira comunista. De facto, em 2020 lá continua ela, a ondular no ponto mais alto da Atalaia. Ainda mais vermelha, pareceu-nos.