A prática desportiva marca presença anual na Festa do Avante!. A sua importância para a saúde mental e física e o direito ao desporto são questões que durante três dias, na Atalaia, merecem sempre o devido destaque. Na 44.ª edição não foi diferente, apesar de não terem ocorrido as habituais provas e demonstrações desportivas, fruto das restrições impostas.
Estas foram questões em análise no debate «Impacto do encerramento das instalações desportivas e suspensão das actividades associativas nas comunidades e nos profissionais», realizado sexta-feira à noite no Polidesportivo. Na conversa que abordou, sobretudo, as dificuldades provocadas, ou agravadas, pela pandemia às colectividades, associações e clubes, estiveram presentes Alma Rivera, deputada do PCP na Assembleia da República (AR), Augusto Flor, presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD), e Hélder Rosa, presidente da Associação de Colectividades do Concelho do Seixal (ACCS).
Foi este último a iniciar o debate, sublinhando a importância das colectividades e do movimento associativo para a oferta e para a dinamização da actividade desportiva em todo o País. «O movimento associativo sofreu muito com esta pandemia e vai continuar a sofrer», afirmou o dirigente associativo, depois de explicar que muitas das actividades que envolvem mais contacto físico, como as artes marciais ou as danças, iriam ter mais dificuldades em retomar a actividade.
Apontando as várias dificuldades financeiras que as colectividades têm enfrentado, avançando a previsão de uma quebra de 50 por cento de atletas e notando o apoio inestimável da Câmara Municipal do Seixal, Hélder Rosa afirmou ter esperança de, no futuro, as colectividades «poderem retomar as suas plenas actividades».
Seguiu-se Augusto Flor, que começou por pintar de negro o cenário actual do desporto nacional. Para ele, a pandemia não alterou o estado de insuficiência de incentivos à pratica desportiva, apenas o agravou. «Já sabemos, do ponto de vista individual e colectivo, os comportamentos que devemos tomar para podermos retomar a actividade», afirmou Augusto Flor ao concluir que é necessário adoptar uma nova normalidade na área desportiva para que esta possa retomar a sua actividade.
O dirigente lamentou ainda que o Orçamento Suplementar não tenha incluído as propostas da sua estrutura e dos comités olímpico e paralímpico.
Alma Rivera foi a última a intervir, começando por enumerar as várias tentativas do PCP em transportar o assunto ali discutido para a «ordem do dia».
A deputada destacou que o direito ao desporto deveria ser assegurado pelo Estado, e não pelo poder local, autarquias e associações. Em muitas situações, «a boa vontade» das associações acaba por ser o único garante do desporto às populações.
Enumerando as várias queixas, muitas das quais «dramáticas», apresentadas pelos clubes ao PCP, Alma Rivera reafirmou a necessidade de mais financiamento para permitir a adaptação deste sector à nova realidade e uma maior valorização do desporto na formação completa do ser humano.