- Nº 2441 (2020/09/10)
Espaço Internacional

Como há 75 anos lutar pela liberdade e a paz

Festa do Avante!

Todos os anos é assim: o Espaço Internacional da Festa do Avante! é viva manifestação da tenacidade dos comunistas e de outros progressistas, em defender os direitos dos trabalhadores e dos povos, a soberania e a democracia, a paz e o progresso social, da capacidade em mobilizar para resistir e avançar enfrentando a acção agressiva do imperialismo. Este ano, porém, essa força fundada na razão e na esperança, no amor ao ser humano e na certeza da sua competência criadora, construída ao longo do processo milenar de emancipação social e nacional, alcançou um triunfo assinalável. Comporta além do mais várias lições – sobre a superioridade moral dos comunistas, a solidez dos seus propósitos e ideais e a importância destes na disposição das massas para conquistarem justos objectivos; sobre a inesgotável energia e entusiasmo que se libertam quando um colectivo está disposto a não desistir e a sobrepor-se a qualquer ofensiva, e sobre a importância da organização, da disciplina e da confiança entre a vanguarda do proletariado.

Foram as circunstâncias que assim o ditaram, mas neste contexto poucos feitos seriam mais oportunos de assinalar com centralidade no Espaço Internacional do que a gesta heróica que conduziu à derrota do nazi-fascismo. Com especial relevo para a protagonizada pelos povos que então integravam a URSS e por todos os que no mundo se assumiram como continuadores de Lénine (evocado justamente num mural).

A vitória sobre o nazi-fascismo, pela liberdade e a paz, contra o fascismo e a guerra, foi lema do Espaço Internacional, bem visível em três grandes lonas no pórtico de entrada, cuja estrutura, talvez não de propósito despida de outros adereços, chamava à memória a vontade de aço necessária para triunfar sobre a besta imunda que o capitalismo pariu e que foi esmagada há 75 anos.

Mas esteve também bem presente na mostra de cartazes trazidos à Festa pela Associação Iúri Gagárin, e, sobretudo, encontrava-se na magnífica exposição central que explicava que a ascensão do nazi-fascismo e a guerra foi a resposta de uma burguesia aterrada com o poderoso exemplo da URSS; que os comunistas estiveram na primeira linha da resistência e foram os campeões da unidade antifascista, com o exemplo do PCP em Portugal escrito a ouro; que sublinhava, ulteriormente, que não fora o triunfo sobre a expressão mais violenta e criminosa do capitalismo, e não teria existido movimento libertador anticolonial, e, por fim, realçava que hoje como ontem, quando os povos são confrontados com o agravamento da crise do sistema e uma mais grave ofensiva contra os seus direitos, com o belicismo, a guerra e a promoção da extrema-direita, os combates pela paz e a solidariedade anti-imperialista, a batalha pela verdade, são trincheiras contra o espesso e sinistro manto de terror.

Os 75 anos da Vitória, o ímpeto revolucionário e a unidade anti-imperialista, continuam a inspirar os povos, sem distinção de fronteiras. E isso ficou patente em murais que exigiam o fim das agressões, apelavam à resistência e afirmavam o direito à paz e ao desenvolvimento soberano no respeito pelo equilíbrio ambiental. Como ficou em cada luta e batalha que quem visitou o Espaço Internacional pôde conhecer ou confirmar que prossegue: seja denunciando que o vírus mais perigoso é mesmo o capitalismo, seja pela adesão de Portugal ao tratado que proíbe as armas nucleares, seja, ainda, contra o neoliberalismo e a deriva fascizante e pelos direitos do povo brasileiro, pelo fim do bloqueio a Cuba Socialista ou das sanções à Venezuela Bolivariana.

No Espaço Internacional faltou o Palco Solidariedade e alguns partidos e movimentos irmãos. No seu lugar cresceram esplanadas e zonas mais amplas, como tinha de ser. Sobejou a exemplar organização e fraternidade permitindo convívios apesar do distanciamento forçado. Não faltou a organização e a fraternidade em cada prato e em cada copo típico servidos, em cada objecto de artesanato, expressão de cultura diversa. Organização e fraternidade que, tal como há 75 anos, são bastiões para que saibamos vencer. Sejam quais forem os sacrifícios que as condições obriguem.