A água na Ilha da Madeira é – de novo – a exposição que só o Partido pode fazer. Nenhum outro tem condições necessárias como sejam a permanente ligação às populações motivando-as a ganhar confiança e a lutar pela resolução de problemas históricos. Lutas de séculos, opondo forças antagónicas, como na Madeira.
As lutas contra a apropriação da água, iniciadas no século XVIII, atravessam o tempo do fascismo e só terminariam passados vários anos após a Revolução de Abril, prolongando no tempo novo e limpo um «sistema com características feudais».
Eram bem conhecidas «duas situações extremas e opostas: proprietários de terra carecidos de água e proprietários de água que não possuem terra, arrendando estes, àqueles, a água que possuem por preços incomportáveis» (Relatório Governamental de 1939) ou «Tinha uma grande fazenda/ Não tinha água para rega» (Grupo Folclórico do Curral das Freiras), ou seja, a protecção dos «senhorios» e a exploração dos «caseiros».
Só a luta arrancou a água da posse de poucos que, negando-a a muitos, tornavam improdutiva a terra. Como se viu em impressionantes fotografias, a água nasce lá em altitude na montanha e chega trazida nas levadas que, de tanto arrebatarem os sentidos, sobretudo a visão e a audição, podem distrair da reflexão sobre o trabalho esforçado e braçal das gentes na sua construção e conservação.
Tal não aconteceu nesta exposição, feita pela Organização Regional do PCP na Madeira: textos e imagens de lutas e vitórias, uma levada com água correndo (sim!), ladeada por plantas, deram a conhecer a história de quem trabalha e luta e, há três séculos, não se resigna.