Coragem e confiança - um horizonte de esperança
APRESENTAÇÃO João Ferreira é a alternativa ao exercício do cargo de Presidente da República (PR) porque assume que a candidatura que protagoniza tem na Constituição e nos seus desígnios um instrumento prenhe de futuro, capaz de recolocar o País e o povo no caminho do progresso económico e social, do desenvolvimento soberano.
«Acertemos o passo com a marcha da História»
A apresentação da candidatura de João Ferreira decorreu faz hoje uma semana no salão de «A Voz do Operário», em Lisboa. À iniciativa, organizada cumprindo com rigor as normas de protecção sanitária, acorreram centenas de pessoas. Maior fosse o espaço – ou fosse outra a conjuntura em que se realizou a sessão – e mais gente estaria na plateia e nas galerias. Tanto mais que não foram poucos os que, não cabendo na nave principal, foram encaminhados para uma outra sala, onde puderam assistir à declaração do candidato (ver na íntegra nas páginas seguintes) através de um ecrã de generosas dimensões.
Todos tiveram lugar, e esse é um primeiro aspecto que vale a pena relevar. Aliás, chamado à tribuna pela actriz Rita Lello, que apresentou e encerrou a apresentação, João Ferreira começou por realçar que se dirige «a todos e a cada um, independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado».
João Ferreira deixou claro não apenas que se dirige «aos que vivem do seu trabalho», mas também que «a candidatura que assumo e hoje aqui apresento, é e será um espaço de luta comum – da juventude, dos trabalhadores, do povo».
Convocou assim camadas e sectores antimonopolistas a que transformem a «inquietação em luta», convertam o «desassossego em confiança num futuro construído à medida dos sonhos e projectos a que temos direito» e dos quais «não vamos desistir».
Numa intervenção com cerca de 25 minutos, interrompida várias vezes por aplausos e que terminou sob uma prolongada ovação, João Ferreira não ignorou o tempo «invulgar, complexo e exigente» que vivemos.
Mas fê-lo enfatizando que «os efeitos da pandemia são inseparáveis da formação socioeconómica em que se produzem», que «a crise aumenta a violência do sistema [capitalista]», que «as dificuldades são instrumentalizadas para atacar direitos e impor retrocessos» e «o medo é exacerbado e manipulado para restringir direitos e liberdades».
Construir
Nesse sentido, centrando atenções nos «sérios problemas estruturais, consequência de décadas de política de direita», que «Portugal carrega», João Ferreira detalhou a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores; as acentuadas desigualdades na distribuição da riqueza; a prolongada fragilização dos sectores produtivos nacionais, os persistentes défices e o desaproveitamento de amplas potencialidades e recursos; o continuado desinvestimento nas funções sociais do Estado, a desvalorização da cultura, da ciência, das artes, do património, do conhecimento e do saber; os crescentes desequilíbrios territoriais; a promiscuidade entre o poder político e o poder económico; os problemas da justiça, a desvalorização da segurança dos cidadãos e a perversão da missão constitucional das Forças Armadas; a submissão do País a políticas e decisões da União Europeia contrárias ao interesse nacional. E foi daqui que partiu para a afirmação da vitalidade da Constituição da República Portuguesa.
«O problema não é, nunca foi, esse carácter progressista e avançado do regime democrático que emergiu da Revolução de Abril. O problema é, e tem sido sempre, a acção e omissão de governos e Presidentes da República, incluindo os actuais, convergindo no bloqueio da plena concretização do projecto vertido no texto constitucional», disse, antes de frisar que «defender, aprofundar e ampliar o regime democrático consagrado na Constituição», «fortalecer as suas raízes na sociedade portuguesa», são assumidos, «sem rodeios», como um «objectivo fundamental» por esta «minha e vossa – esta nossa – candidatura».
Marcelo Rebelo de Sousa tem-se abstido de «mobilizar o povo português na construção de um outro caminho de desenvolvimento» e «não há diversões mediáticas que iludam as escolhas feitas», acusou João Ferreira, para quem «esta candidatura apresenta e protagoniza uma alternativa para o exercício das funções de Presidente da República». O que, considerou, «exige, desde logo, conhecer esses problemas, uma genuína ligação à vida e não uma falsa empatia», assim como «a vontade e a determinação inabaláveis de libertar a vida nacional da dominação dos grandes grupos económicos e financeiros que sufocam a democracia e o desenvolvimento».
O candidato do povo insistiu, por isso, mais do que uma vez, que na candidatura que protagoniza «cada um acrescentará força à força que se ergue» para que os anseios e profundas aspirações populares não sejam «apenas palavras inscritas nas páginas da Constituição». E num derradeiro apelo de arranque para uma batalha determinante que a todos diz respeito, apelou a que «acertemos então o passo com a marcha da História. Com coragem, com audácia, com determinação!»