Com greve amanhã no Grupo DIA culmina semana de luta no comércio

IN­DIGNAÇÃO Sem res­posta às rei­vin­di­ca­ções e sem so­lução para os pro­blemas, os tra­ba­lha­dores e o CESP re­cu­saram a chan­tagem pa­tronal e con­vo­caram greve para os ar­ma­zéns e as lojas Mi­ni­preço e Clarel.

São muito dis­tintas as «mesas de Natal» de pa­trões e tra­ba­lha­dores

O Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços de Por­tugal (CESP/​CGTP-IN) ini­ciou no dia 21, em vá­rias em­presas da grande dis­tri­buição co­mer­cial, um con­junto de «ac­ções de de­núncia», cha­mando a atenção dos cli­entes e da po­pu­lação, em geral, para o con­traste, neste pe­ríodo fes­tivo, entre «a mesa dos lu­cros obs­cenos dos pa­trões» e as mesas de quem cria a ri­queza com o seu tra­balho: sa­lá­rios mí­nimos e di­fi­cul­dades eco­nó­micas, tra­balho gra­tuito (com o «banco» de horas) e exaustão, di­fi­cul­dade em con­ci­liar a vida pro­fis­si­onal com a pes­soal.

«Após um ano tão di­fícil para os por­tu­gueses, em par­ti­cular para os tra­ba­lha­dores das em­presas de dis­tri­buição, que sempre es­ti­veram na linha da frente», o sin­di­cato de­fende, em co­mu­ni­cado, que estes «devem ser re­com­pen­sados», pelo que, neste Natal, «a so­li­da­ri­e­dade faz-se de luta por me­lhores con­di­ções de vida, pelo au­mento dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores e pela va­lo­ri­zação das suas car­reiras pro­fis­si­o­nais, por ho­rá­rios de tra­balho re­gu­lados e pelo di­reito à vida pes­soal e pela ne­go­ci­ação do Con­trato Co­lec­tivo de Tra­balho sem con­tra­par­tidas».

Nos pri­meiros dias da se­mana pas­sada, foram re­a­li­zadas ac­ções no Porto (FNAC e C&A, na Rua de Santa Ca­ta­rina, e Pingo Doce, na Rua Passos Ma­nuel) e em Lisboa (Worten, no CC Vasco da Gama, Con­ti­nente, no Martim Moniz, Pingo Doce, no Cais do Sodré, e Lidl, na es­tação de Sete Rios); no Pingo Doce, em Bar­celos e em Beja; no Con­ti­nente em Évora (Quinta do Moniz) e Ma­to­si­nhos (Norte Shop­ping).

No dia 24, houve greve no ar­mazém DHL/​Sonae, no Es­pa­danal (Azam­buja), e re­a­lizou-se também uma acção de de­núncia na prin­cipal en­trada do com­plexo lo­gís­tico. Na vés­pera de Natal, o CESP pro­moveu ainda ac­ções em Aveiro (Con­ti­nente e Pingo Doce) e no Al­garve (Au­chan no Cal­vário, em Lagoa).

Ac­ções em Er­me­sinde (Mer­ca­dona) e Con­deixa (Mi­ni­preço) ocor­reram no dia 26. Ao final dessa manhã, em greve, tra­ba­lha­dores do ar­mazém do DIA reu­niram-se na por­taria das ins­ta­la­ções, em Campo (Va­longo).

Não en­fiam
o bar­rete

Foi pre­ci­sa­mente a des­con­vo­cação desta greve que a ad­mi­nis­tração do Grupo DIA exigiu, para ad­mitir uma reu­nião com o CESP, des­ti­nada à ne­go­ci­ação do ca­derno rei­vin­di­ca­tivo na­ci­onal. O sin­di­cato, em co­mu­ni­cado, de­nun­ciou no dia 24 esta «chan­tagem», lem­brou que a luta no ar­mazém de Va­longo foi de­ci­dida com mo­tivos e uma di­nâ­mica pró­pria e re­tor­quiu que a ad­mi­nis­tração «de­veria pre­o­cupar-se em res­ponder às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores e re­solver os seus pro­blemas co­lec­tivos».

Além de manter esta greve, a 26, o CESP apelou a que todos os tra­ba­lha­dores das lojas e ar­ma­zéns do Grupo DIA façam greve no dia 31, «pelos pro­blemas co­muns a todos, como os baixos sa­lá­rios, os atro­pelos aos di­reitos la­bo­rais e, em cima disso, o des­res­peito mos­trado pela em­presa ao re­jeitar reunir-se com o CESP para dis­cutir o ca­derno rei­vin­di­ca­tivo na­ci­onal».

Num co­mu­ni­cado a mo­bi­lizar para a greve, o sin­di­cato afirma que «de todo o País chegam in­for­ma­ções de como os tra­ba­lha­dores con­si­de­raram ofen­siva e in­sul­tuosa a co­mu­ni­cação e apelo do pre­si­dente exe­cu­tivo da DIA Por­tugal», com oferta de um «bar­rete so­li­dário». «Os tra­ba­lha­dores não aceitam o bar­rete que lhes querem en­fiar», afirma o CESP.

A luta nas res­tantes em­presas do sector está hoje cen­trada em Lisboa, junto do Mi­ni­preço, no Largo do Cal­vário, e frente a El Corte In­glés, na Av. An­tónio Au­gusto Aguiar.

Na se­gunda-feira, dia 28, ocor­reram ac­ções nas lojas Lidl, na es­tação de com­boios de En­tre­campos (Lisboa), Pingo Doce, na Ave­nida Luísa Todi (Se­túbal), Aldi, na Ave­nida da Guarda In­glesa (Coimbra), e De­cathlon, na Ama­dora. Numa lista em cons­tante ac­tu­a­li­zação, ontem, dia 29, seria a vez de Braga (Con­ti­nente, em Ce­leirós), Al­ber­garia-a-Velha (In­ter­marché) e Aveiro (Mer­ca­dona).

 



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