Bolívia vai julgar implicados no golpe de Estado de 2019

JUSTIÇA As autoridades bolivianas detiveram a ex-presidente golpista Jeanine Áñez, acusada de envolvimento no golpe de Estado de 2019. Foram também presos dois antigos ministros, suspeitos de acções contra o governo constitucional.

Autoridades judiciárias bolivianas detiveram ex-presidente golpista Jeanine Áñez

A justiça boliviana devia julgar o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, por fomentar o golpe de Estado de 2019, afirmou em La Paz o antigo presidente Evo Morales.

O líder do Movimento ao Socialismo (MAS), que criticou declarações do dirigente da OEA a favor da ex-presidente de facto Jeanine Áñez, detida pelas autoridades da Bolívia, culpou Almagro por «crimes de lesa-humanidade». Almagro «nunca se pronunciou pelos 36 assassinatos, pelos mais de 800 feridos, pelos 1500 detidos ilegalmente e pelas centenas de perseguidos», escreveu no Twitter.

Evo Morales, que foi vítima de um golpe de Estado, em 2019, admitiu não ter ficado surpreendido pela cumplicidade do secretário-geral da OEA com Áñez e seus ministros, agora sob prisão preventiva.

A OEA, conhecida como instrumento dos Estados Unidos para a sua política colonialista e imperialista no continente americano, pediu em comunicado a libertação da ex-presidente golpista e colaboradores, alegando que o sistema judicial boliviano «não está em condições de oferecer as mínimas garantias de um julgamento justo».

Diversas organizações, governos e meios de imprensa acusaram na altura a OEA de estar implicada na organização do golpe que forçou Morales a afastar-se da presidência da Bolívia.

Do lado do opressor

Evo Morales deplorou as declarações da Conferência Episcopal Boliviana sobre o processo judicial que envolve ex-responsáveis do governo golpista imposto em 2019. «Alguns dignitários dessa instituição põem-se do lado do opressor, esquecem-se dos humildes e pedem à justiça a liberdade dos golpistas, quando nunca clamaram pelas vítimas dos massacres de Senkata (La Paz) e Sacaba (Cochabamba)», escreveu o dirigente do MAS.

Os bispos bolivianos exigiram a imediata libertação de Ánez e dos ex-ministros golpistas da Justiça (Álvaro Coimbra) e da Energia (Rodrigo Guzmán). Foram detidos no dia 13 e um juiz ordenou a sua prisão preventiva por quatro meses.

A investigação do envolvimento dos suspeitos – a quem as autoridades garantem um processo justo e o respeito pelos seus direitos – nos massacres que causaram 36 mortos, mais de 800 feridos, perseguidos e torturados em Novembro de 2019 tem gerado na Bolívia reacções por parte das forças que se opõem ao governo encabeçado por Luis Arce, do MAS.

As autoridades da actual administração asseguram que não se trata de vingança mas de justiça face a presumíveis delitos de terrorismo, sedição e conspiração.




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