Uma edição especial do Avante!, com mais páginas e tiragem reforçada, um emblema de lapela (semelhante ao que foi lançado há pouco, por ocasião do Centenário), lançamento de tarjetas junto a fábricas e empresas, pinturas de murais e inscrições em paredes, afixação de bandeiras vermelhas em locais públicos e de grande visibilidade: assim se assinalou, em Março de 1971, o 50.º aniversário do PCP.
Em Maio, fazendo um balanço das comemorações, o Avante! noticiava: «A bandeira vermelha flutuou no 50.º aniversário do PCP. Na noite de 5 para 6 de Março, uma bandeira vermelha com a foice e o martelo e com as inscrições “Viva o 50.º aniversário do PCP!” e “50 anos de luta do PCP!” flutuou na Avenida Infante D. Henrique, em Lisboa, suspensa nos fios telefónicos, onde se manteve até às 11 horas do dia 6, com grande contentamento dos trabalhadores que passavam. Duas outras flutuaram suspensas da ponte do caminho de ferro de Entrecampos e outra na terceira ponte de Sete Rios.»
Mas não foi tudo, contava ainda o Avante!: «Inscrições nos muros e estradas, tais como, “Glória ao 50.º do PCP!”, “Viva 50 anos de luta do PCP!”, “Abaixo o fascismo!”, “Abaixo a guerra colonial!”, “Mais pão, menos guerra!”, “Amnistia!”, “Sindicatos livres!”, “Liberdade sindical!”, e a foice e o martelo desenhados, assinalaram na zona oriental de Lisboa, em várias localidades da Margem Sul do Tejo, na linha de Sintra, em Torres Vedras, em várias zonas da cidade do Porto e localidades dos arredores, no Baixo Ribatejo, etc., o cinquentenário do PCP.» Tarjetas e selos alusivos à data surgiram colados em montras, autocarros e paragens um pouco por todo o País.
O Avante!, saudando os «corajosos camaradas, trabalhadores, jovens, mulheres» que levaram a cabo tão «profícuo trabalho de agitação e propaganda», apelava à sua multiplicação, de modo a que se popularizassem ainda mais as palavras de ordem do Partido.
O Partido e a luta
Quando o Partido Comunista Português cumpriu o seu 50.º aniversário, a 6 de Março de 1921, Portugal estava ainda submetido ao fascismo. Atolado em três frentes de guerra, que não tinha como vencer, cada vez mais isolado internacionalmente e acossado pela crescente luta popular, o governo de Marcelo Caetano (que anos antes substituíra Salazar), lançara mão de uma operação demagógica de grande fôlego, procurando mostrar a (inexistente) reforma da ditadura.
A PIDE passa a chamar-se DGS, a censura é renomeada de «exame prévio» e a União Nacional ganha a nova designação de Acção Nacional Popular. O PCP, ao contrário de outros sectores da oposição, não se deixou enganar e denuciou o salazarismo sem Salazar.
A luta, que vinha em crescendo desde uns anos antes, não cessou de se intensificar e multiplicar, abrindo brecha após brecha na muralha fascista, que em breve seria derrubada. À sua frente estava o Partido, que sairia das comemorações do cinquentenário ainda mais forte e prestigiado.
À altura das exigência
Em ano de Centenário, os desafios colocados ao PCP não são menores do que os de há meio século. A pretexto da epidemia, o grande capital lança uma poderosa ofensiva contra direitos e condições de vida, engendra projectos reaccionários e, identificando com precisão o seu mais sério adversário, reaviva o mais primário anticomunismo.
Na semana que culminou a 6 de Março as comemorações do Centenário do Partido foram particularmente intensas, constituindo uma poderosa jornada de luta em defesa dos valores de Abril e de afirmação do projecto do PCP: mais de 100 acções públicas realizadas, contacto com milhares de trabalhadores de mais de 500 empresas, homenagem aos heróis caídos na luta, venda especial do Avante!, milhares de bandeiras hasteadas e faixas colocadas em todo o País, belos murais pintados.
Tal como há 50 anos, o Partido sai destas comemorações em melhores condições para levar de vencidas as exaltantes tarefas que tem perante si.