45.º aniversário da CRP

Defender a Constituição, afirmar os valores de Abril

As­si­nala-se amanhã, dia 2, o 45.º ani­ver­sário da Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa. Cons­ti­tuição de­mo­crá­tica e pro­gres­sista cujas raízes en­troncam na luta pro­lon­gada dos tra­ba­lha­dores e do povo, co­roada pela Re­vo­lução de Abril, cujas trans­for­ma­ções soube in­cor­porar e con­sa­grar, após as pri­meiras elei­ções em 25 de Abril de 1975.

A Lei Fun­da­mental é assim, ela pró­pria, uma con­quista da Re­vo­lução de Abril, de que é ele­mento in­dis­so­ciável.

Sendo certo que foram os de­pu­tados cons­ti­tuintes que a es­cre­veram e apro­varam, não é menos ver­dade que «por força de Abril, foram os tra­ba­lha­dores e o povo que a fi­zeram através da luta con­creta e das suas con­quistas», como lem­brou o Se­cre­tário-geral do PCP, Je­ró­nimo de Sousa, no pre­fácio à edição da Cons­ti­tuição dada à es­tampa pelas Edi­ções Avante! em 2006, nos 30 anos da sua apro­vação.

Cons­ti­tuição ao lado da qual es­teve sempre o PCP: na sua ela­bo­ração e em todas as lutas ao longo destes 45 anos, exi­gindo res­peito pelas suas normas, pelos seus va­lores e pro­jecto, pela sua efec­ti­vação. Contra as forças re­tró­gradas e os in­te­resses mo­no­po­listas que tudo fi­zeram para im­pedir a sua apro­vação e, ul­te­ri­or­mente, para a des­ca­rac­te­rizar nas sete re­vi­sões con­du­zidas por PS, PSD e CDS.

Certo é que, apesar do em­po­bre­ci­mento a que foi su­jeita – ob­jec­tivo de des­fi­gu­ração ou até des­truição que PSD e seus su­ce­dâ­neos con­ti­nuam a per­se­guir -, a Cons­ti­tuição mantém in­có­lumes o es­sen­cial da sua ma­triz li­ber­ta­dora e o seu sen­tido de trans­for­mação so­cial, per­ma­nece como pro­jecto vivo que dá corpo a so­nhos e ma­te­ri­a­liza justas as­pi­ra­ções do povo por­tu­guês.

Cons­ti­tuição que não ficou neutra na re­lação entre os grandes in­te­resses eco­nó­micos e os di­reitos dos que vivem do seu tra­balho: fez a opção, pri­vi­le­gi­ando os di­reitos do tra­balho e dos mais vul­ne­rá­veis.

Cons­ti­tuição que exige a so­bre­po­sição do poder po­lí­tico ao poder eco­nó­mico, dá pre­va­lência ao apoio às MPME, in­cumbe o Es­tado de pro­mover uma po­lí­tica de de­sen­vol­vi­mento.

Cons­ti­tuição que, fiel ao es­pí­rito e va­lores de Abril, abriu o País ao mundo, afirma a so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais como prin­cí­pios ina­li­e­ná­veis, pugna pela pro­moção da paz e da co­o­pe­ração entre os povos do mundo.

Cons­ti­tuição como es­teio de va­lores fun­da­men­tais – os va­lores de Abril – como co­mum­mente lhe cha­mamos -, va­lores da li­ber­dade, de­mo­cracia, jus­tiça so­cial, pro­gresso, paz, so­be­rania.

E por isso a Cons­ti­tuição – por­ven­tura sem que muitos disso te­nham noção - faz parte das nossas vidas, da vida de todos e cada um de nós, nos mais va­ri­ados planos da nossa exis­tência: li­ber­dade de ex­pressão, di­reitos de par­ti­ci­pação e ma­ni­fes­tação, di­reito ao tra­balho, a sa­lá­rios e ho­rá­rios justos, à saúde, ao en­sino, à se­gu­rança so­cial, à jus­tiça, à ha­bi­tação, à cri­ação e fruição cul­tu­rais, à li­ber­dade sin­dical, o di­reito a fazer greve, à con­tra­tação co­lec­tiva, à igual­dade no tra­balho, na fa­mília, na so­ci­e­dade, a di­reitos novos das cri­anças, das pes­soas por­ta­doras de de­fi­ci­ência.

Daí a im­por­tância de a co­nhecer. Co­nhecê-la, para me­lhor a de­fender.

Porque a Cons­ti­tuição é fu­turo. Esse devir que que­remos cons­truir, que cons­trui­remos, co­lec­ti­va­mente, com a força ins­pi­ra­dora e os va­lores que dela emanam.



Mais artigos de: Em Foco

Um projecto repleto de futuro

Princípios fundamentais Portugal rege-se, no capítulo das relações internacionais, entre outros, pelos princípios do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos (art. 7.º). É pela abolição...

Jovens nas ruas exigiram emprego, salário e estabilidade

Em Lisboa e no Porto, 25 de Março foi dia na­ci­onal de luta da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora. Para dar força às rei­vin­di­ca­ções da In­ter­jovem e do mo­vi­mento sin­dical uni­tário, o com­bate vai con­ti­nuar.