Luta por melhores salários aumenta nas empresas

Contra a «ver­go­nhosa» pro­posta pa­tronal de 0,2 por cento, está mar­cada greve para dia 20 no Grupo EDP, que ontem ia de­cidir a dis­tri­buição de 750 mi­lhões de euros de di­vi­dendos, com pro­testo à porta.

A pan­demia não é des­culpa para re­cusar au­mentos sa­la­riais justos

Na reu­nião ne­go­cial de dia 7, para re­visão sa­la­rial nas em­presas do Grupo EDP, a Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN de­clarou for­mal­mente o seu re­púdio pela pro­posta da ad­mi­nis­tração e anun­ciou a de­cisão de manter a greve de 24 horas, dias antes con­vo­cada para 20 de Abril.

A ad­mi­nis­tração – como se re­fere na in­for­mação sin­dical di­vul­gada ao fim dessa quarta-feira – ma­ni­festou-se dis­po­nível para fazer uma ma­jo­ração nas bases re­mu­ne­ra­tó­rias mais baixas da ta­bela sa­la­rial, mas a fe­de­ração con­si­derou que a pro­posta pa­tronal «está longe do res­peito, da dig­ni­fi­cação e da va­lo­ri­zação que os tra­ba­lha­dores das em­presas do Grupo EDP me­recem».

Ao con­firmar a greve, a Fi­e­qui­metal apelou à par­ti­ci­pação de todos os tra­ba­lha­dores, «in­de­pen­den­te­mente da sua fi­li­ação sin­dical, pois a uni­dade é muito im­por­tante para o re­sul­tado da luta».

Na sessão ne­go­cial de an­te­ontem, a ad­mi­nis­tração avançou três dé­cimas na sua pro­posta, mas isso não foi al­te­ração bas­tante para que se al­te­rasse a apre­ci­ação sin­dical.

Uma po­sição pú­blica sobre esta si­tu­ação es­tava anun­ciada para ontem, dia 14, a meio da manhã, junto da sede da EDP, em Lisboa. En­quanto por vi­de­o­con­fe­rência se reunia a as­sem­bleia-geral de ac­ci­o­nistas, para aprovar a dis­tri­buição de di­vi­dendos no valor de 750 mi­lhões de euros, re­pre­sen­tantes sin­di­cais iam reunir-se no ex­te­rior, para onde a fe­de­ração con­vocou uma con­fe­rência de im­prensa.

 

Mi­lhões e mi­ga­lhas

Nos CTT Cor­reios também so­bram mi­lhões de euros para os ac­ci­o­nistas, «mas para os tra­ba­lha­dores só há mi­ga­lhas». Para ontem, es­tava mar­cada nova reu­nião de ne­go­ci­a­ções, mas no co­mu­ni­cado sobre a an­te­rior sessão (31 de Março) os nove sin­di­catos que de­fendem uma pro­posta comum su­bli­nhavam que «os tra­ba­lha­dores querem au­mentos sa­la­riais justos e que re­flictam os ga­nhos de pro­du­ti­vi­dade» e «estão pre­pa­rados para efec­tuar as ac­ções ne­ces­sá­rias para al­can­çarem as suas rei­vin­di­ca­ções».

Com 16,7 mi­lhões de euros de lucro em 2020, os CTT de­ci­diram dis­tri­buir 12,75 mi­lhões aos ac­ci­o­nistas. Os sin­di­catos (entre os quais estão o SNTCT e o Sinttav, fi­li­ados na CGTP-IN) as­si­na­laram ainda o au­mento, desde 1 de Abril, das ta­rifas pos­tais. A pro­posta pa­tronal sig­ni­fi­caria oito euros de au­mentos para sa­lá­rios até 1.637,55 euros, salvo os casos em que esse valor é ul­tra­pas­sado pelo au­mento do sa­lário mí­nimo.

Na Vi­a­porto (Grupo Bar­ra­queiro), o Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores do Sector Fer­ro­viário re­pu­diou a «falta de con­di­ções e de von­tade» da ad­mi­nis­tração para dis­cutir au­mentos sa­la­riais em 2021 na em­presa que ex­plora o Sis­tema de Metro Li­geiro da Área Me­tro­po­li­tana do Porto.

Num co­mu­ni­cado de dia 9, o sin­di­cato da Fec­trans/​CGTP-IN con­si­derou «cru­cial para os tra­ba­lha­dores exis­tirem au­mentos sa­la­riais, tal como já exis­tiram em ou­tras em­presas de trans­porte in­se­ridas no mesmo grupo».

Deve também ser al­te­rada a ten­dência de des­va­lo­ri­zação das re­mu­ne­ra­ções. O SNTSF apre­sentou com­pa­ra­ções de va­lores ac­tuais e em 2011 (as­si­na­tura do pri­meiro Acordo de Em­presa), re­la­ti­va­mente ao sa­lário mí­nimo na­ci­onal.

O sa­lário-base de um ma­qui­nista (agente de con­dução) em início de car­reira re­pre­sen­tava 176 por cento do SMN, mas hoje vale 142 por cento; no topo de car­reira, equi­valia a 244 por cento do SMN, hoje está em 196 por cento.

Na ca­te­goria de «agentes de es­tação e in­for­mação», o sa­lário re­pre­sen­tava 152 por cento, na base da car­reira, e 201 por cento, no topo; hoje os va­lores são de 123 e 162 por cento, res­pec­ti­va­mente.

No dia 7, nas reu­niões de ne­go­ci­ação re­a­li­zadas na Trans­tejo e So­flusa, os re­pre­sen­tantes pa­tro­nais man­ti­veram a re­cusa de qual­quer ac­tu­a­li­zação sa­la­rial, per­sis­tindo num «au­mento zero».

«Pelos vistos o Mi­nis­tério da tu­tela ainda não teve tempo de pensar que os tra­ba­lha­dores, que as­se­guram di­a­ri­a­mente o ser­viço flu­vial à po­pu­lação, pre­cisam de ver va­lo­ri­zados os seus sa­lá­rios», co­mentou a Fec­trans.

Numa nota pu­bli­cada dia 8, a fe­de­ração re­a­firmou que «a pan­demia não pode servir de des­culpa para tudo e, muito par­ti­cu­lar­mente, quando se trata de res­ponder às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores». A Fec­trans e os sin­di­catos iriam, du­rante esta se­mana, «de­sen­volver con­tactos com os tra­ba­lha­dores, para dis­cutir o que fazer».

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Sitava contra «suicídio» na TAP

«Isto não é reestruturar, isto é suicídio», protestou o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, no dia 12, segunda-feira, comentando em comunicado a reunião de sexta-feira com a administração da TAP, «sobre o que alguns teimam em chamar processo de reestruturação» da transportadora aérea nacional. «À...

Conferência da Inter-Reformados

Sob o lema «Direito dos trabalhadores a envelhecer com direitos, Organizar, defender, reivindicar e lutar, Afirmar a solidariedade intergeracional», vai-se realizar, amanhã, a 9.ª Conferência Nacional da Inter-Reformados, na Casa do Alentejo, em Lisboa.