Povo da Colômbia em luta, Iván Duque reprime e recua

Desde 28 de Abril, co­meço de uma greve na­ci­onal, cen­tenas de mi­lhares de co­lom­bi­anos pro­testam contra as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais. Num ba­lanço pro­vi­sório, a brutal re­pressão le­vada já pro­vocou mais de 27 mortos, 124 fe­ridos e cen­tenas de de­tidos.

A re­pressão e a mi­li­ta­ri­zação são traços mar­cantes do Es­tado co­lom­biano

Na Colômbia, as or­ga­ni­za­ções sin­di­cais, so­ciais, es­tu­dantis e in­dí­genas que con­vo­caram a greve na­ci­onal para dia 28 de Abril, sob a con­signa «Pela Vida, Paz, De­mo­cracia e contra a Re­forma Tri­bu­tária e o Pa­cote Ne­o­li­beral de Duque», de­ci­diram, após seis dias de mas­sivas ma­ni­fes­ta­ções, em di­versas ci­dades,assim como nos campos, que os pro­testos con­ti­nuam por tempo in­de­fi­nido.

Com a cha­mada Re­forma Tri­bu­tária, o Go­verno co­lom­biano pre­tendia tri­butar bens es­sen­ciais e ser­viços bá­sicos, e impor novos im­postos sobre os tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação em geral. Apesar de, pe­rante a de­ter­mi­nação e co­ragem de­mons­tradas pelas mo­bi­li­za­ções di­ante da vi­o­lenta re­pressão, o pre­si­dente Iván Duque ter re­cuado e re­ti­rado o pro­jecto de re­forma tri­bu­tária, o mo­vi­mento po­pular exige agora a anu­lação de ou­tras pro­postas de «re­formas» como as da saúde, la­boral e das pen­sões, con­si­de­radas um «pa­cote ne­o­li­beral».Os co­lom­bi­anos ma­ni­festam-se nas ruas também em de­fesa da paz, pelo fim dos as­sas­si­natos de ac­ti­vistas so­ciais e ex-guer­ri­lheiros – se­gundo o Ins­ti­tuto de Es­tudos para o De­sen­vol­vi­mento da Paz (In­depaz), em 2020 foram co­me­tidos 91 mas­sa­cres e 381 as­sas­si­natos, e em 2021 35 mas­sa­cres e 132 as­sas­si­natos de ac­ti­vistas so­ciais e ex-guer­ri­lheiros – e por so­lu­ções para a crise cau­sada pela COVID-19.

O Co­mité Na­ci­onal de Greve con­vocou, na se­gunda-feira, 3, uma nova mo­bi­li­zação para exigir ao go­verno o cum­pri­mento das exi­gên­cias po­pu­lares.

Num co­mu­ni­cado a 3 de Maio, o Par­tido Co­mu­nista Co­lom­biano con­dena a vi­o­lenta re­pressão e o que con­si­dera ser uma «de­cla­ração de guerra aberta» do go­verno contra o povo co­lom­biano, e apela ao for­ta­le­ci­mento e am­pli­ação da uni­dade do povo co­lom­biano e da sua mo­bi­li­zação, con­ti­nu­ando a greve na­ci­onal «como uma acção le­gí­tima de in­dig­nação, re­beldia e re­sis­tência po­pular para der­rotar nas ruas e nas es­tradas as po­lí­ticas contra os tra­ba­lha­dores, ne­o­li­be­rais e fas­cistas do go­verno cen­tral, conter o mi­li­ta­rismo fas­cista no ter­ri­tório na­ci­onal e exigir a re­núncia de Iván Duque e de Al­berto Car­ras­quilla» (este úl­timo, en­tre­tanto, re­nun­ciou como Mi­nistro das Fi­nanças do Go­verno de Duque).





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