Realidade confirma necessárias rupturas

João Pimenta Lopes

No res­caldo ainda da dita Ci­meira So­cial, im­porta va­lo­rizar as jor­nadas em de­fesa do em­prego e dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores que o PCP pro­moveu nos dias 5 a 7 de Maio, nos dis­tritos de Braga, Bra­gança, Porto, Viana do Cas­telo e Vila Real, onde se in­te­graram os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu.

Foram múl­ti­plas as ini­ci­a­tivas, vi­sitas, en­con­tros, que pos­si­bi­li­taram um con­tacto ímpar com di­versas or­ga­ni­za­ções, as­so­ci­a­ções, sin­di­catos e tra­ba­lha­dores de em­presas. Um con­tacto im­pres­cin­dível para co­nhecer a re­a­li­dade com que se con­frontam mi­lhares e mi­lhares de tra­ba­lha­dores, não apenas no Norte, como em todo o País. Uma re­a­li­dade que não teve ex­pressão nas pa­ran­gonas e pro­pa­ganda em torno da dita ci­meira. Que não teve ex­pressão nos dis­cursos car­re­gados de so­cial, de Costa a Von der Leyen, e que mas­caram as con­sequên­cias e am­bi­ções de pros­se­guir com po­lí­ticas que são con­trá­rias aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do País.

Nos dis­cursos me­di­a­ti­zados, não houve lugar para as mais de duas cen­tenas tra­ba­lha­doras da Co­e­lima, con­fron­tadas com a in­sol­vência de uma em­presa no sector têxtil, a que nunca faltou tra­balho e onde pre­do­mina o sa­lário mí­nimo. Ou para a justa re­volta dos tra­ba­lha­dores da re­fi­naria de Ma­to­si­nhos, que re­jeitam falsos ar­gu­mentos para um en­cer­ra­mento (em nome da dita «tran­sição verde») que lan­çará 1500 tra­ba­lha­dores para o de­sem­prego, com­pro­me­tendo ainda mais a so­be­rania ener­gé­tica (e eco­nó­mica) do País. Não cou­beram ali as ten­ta­tivas da Fau­récia de pro­mover des­pe­di­mentos (evi­tando a fi­gura de des­pe­di­mento co­lec­tivo, que obri­garia à de­vo­lução de apoios ao lay-off).

Não cou­beram as di­fi­cul­dades com que se con­frontam muitas das as­so­ci­a­ções que in­tervêm na pres­tação de apoio so­cial de di­versa ordem, à in­fância, à ve­lhice, na de­fi­ci­ência, na res­posta a si­tu­a­ções de vi­o­lência fa­mi­liar, aos sem-abrigo, ou à to­xi­co­de­pen­dência. Não cou­beram as de­fi­ci­entes verbas con­tra­tu­a­li­zadas com a Se­gu­rança So­cial, para a res­posta so­cial que estas as­so­ci­a­ções as­se­guram. Não cou­beram na­queles dis­cursos o tes­te­munho con­creto de quem lida com as po­pu­la­ções e cons­tata em pri­meira mão o agra­va­mento da po­breza, das de­si­gual­dades so­ciais, da ex­clusão so­cial, sem deixar de re­co­nhecer que nas causas de va­ri­ados pro­blemas so­ciais, estão os baixos sa­lá­rios, a pre­ca­ri­e­dade e a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios. Mas também as li­mi­ta­ções na res­posta do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, em do­mí­nios como o da saúde mental, ou no ser­viço pú­blico de edu­cação, quer seja no acom­pa­nha­mento e in­te­gração de cri­anças e jo­vens si­na­li­zados so­ci­al­mente ou por­ta­dores de de­fi­ci­ência.

Ne­nhum destes (e ou­tros) pro­blemas teve ex­pressão ou res­posta con­creta na dita Ci­meira So­cial. Mas é a cons­ta­tação destes pro­blemas, através da li­gação à vida, que torna ainda mais vá­lida a aná­lise do PCP à dita ci­meira, e a im­pe­ra­tiva ne­ces­si­dade de romper com po­lí­ticas que agravam a ex­plo­ração e com as im­po­si­ções e cons­tran­gi­mentos da UE.




Mais artigos de: Europa

Não ao anticomunismo e à falsificação da História

Um se­mi­nário on­line sobre o tema «Não ao antico­mu­nismo e à falsi­fi­cação his­tó­rica – Em nome da paz e da ver­dade, contra o fas­cismo e a guerra» teve lugar no dia 13, or­ga­ni­zado pelas de­le­ga­ções do PCP, do AKEL e do PCBM, que in­te­gram o Grupo Con­fe­deral Es­querda Uni­tária Eu­ro­peia / Es­querda Verde Nór­dica – A Es­querda no Par­la­mento Eu­ropeu.