Povo colombiano em luta há um mês

Os co­lom­bi­anos estão em luta nas ruas das prin­ci­pais ci­dades do país desde há um mês, contra as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais, o de­sem­prego e a po­breza, pela paz e a vida, pelo fim da brutal re­pressão contra os pro­testos, que já causou mais de 50 mortos.

Co­mité Na­ci­onal de Greve exige fim da re­pressão contra ma­ni­fes­tantes

O Co­mité Na­ci­onal de Greve e o go­verno da Colômbia che­garam a um pré-acordo em ma­téria de ga­ran­tias para o exer­cício do pro­testo, anun­ci­aram re­pre­sen­tantes do mo­vi­mento po­pular, na terça-feira, 25, em Bo­gotá. De­pois de nove dias de con­ver­sa­ções, foi al­can­çado um pré-acordo que es­ta­be­lece o quadro geral para ga­rantir di­reitos, li­ber­dades e ga­ran­tias, in­cluindo da livre re­a­li­zação das mo­bi­li­za­ções e que per­mi­tirá o início das ne­go­ci­a­ções do ca­derno de rei­vin­di­ca­ções apre­sen­tado pelo mo­vi­mento po­pular.

«Es­pe­ramos que o go­verno re­fe­rende ra­pi­da­mente o pré-acordo e pos­samos es­ta­be­lecer um pro­to­colo com a pre­sença do pre­si­dente da Re­pú­blica, Iván Duque, para dar início às ne­go­ci­a­ções», dis­seram re­pre­sen­tantes do Co­mité Na­ci­onal de Greve.

Fran­cisco Maltés Tello, pre­si­dente da Cen­tral Uni­tária de Tra­ba­lha­dores, que in­tegra o Co­mité Na­ci­onal de Greve, apelou à in­ten­si­fi­cação dos pro­testos em todo o país, amanhã, sexta-feira, 28, quando se cumpre um mês desde o co­meço do mo­vi­mento rei­vin­di­ca­tivo. Adi­antou que há mo­bi­li­zação po­pular per­ma­nente em mais de 700 mu­ni­cí­pios co­lom­bi­anos. «Vamos re­a­lizar actos cul­tu­rais, actos lú­dicos, ca­ça­ro­ladas e con­ti­nu­a­remos a apoiar no Con­gresso o de­bate da moção de cen­sura contra o mi­nistro da De­fesa, Diego Mo­lano, pelas suas res­pon­sa­bi­li­dades na vi­o­lência po­li­cial contra o povo», por­me­no­rizou.

 

Mi­nis­tros de­mitem-se

A 28 de Abril co­meçou na Colômbia uma greve contra uma re­forma tri­bu­tária que au­men­taria o Im­posto de Valor Agre­gado (IVA) a bens e ser­viços, cas­ti­gando so­bre­tudo as classes tra­ba­lha­doras.

Com os pro­testos, a pro­posta de lei foi re­ti­rada pelo go­verno de Duque, que en­frenta um cres­cente con­junto de rei­vin­di­ca­ções po­pu­lares.

Nesse con­texto, a po­lícia na­ci­onal e o seu braço de elite, o Es­qua­drão Móvel Anti-dis­túr­bios (Esmad), assim como Exér­cito, têm le­vado a cabo uma brutal re­pressão contra os pro­testos, ha­vendo re­gisto de mais de dois mil casos de vi­o­lência contra ma­ni­fes­tantes, in­cluindo mais de 50 mortos, cen­tenas de fe­ridos e de pes­soas de­sa­pa­re­cidas.

Pe­rante o ce­nário de re­pressão vi­o­lenta, forças de­mo­crá­ticas da opo­sição apre­sen­taram nas duas câ­maras do Con­gresso co­lom­biano mo­ções de cen­sura contra o mi­nistro da De­fesa, a quem res­pon­sa­bi­lizam por esses crimes, co­me­tidos so­bre­tudo pelo Esmad.

No meio da pro­funda crise so­cial, o Alto Co­mis­sário para a Paz, Mi­guel Ce­ballos, apre­sentou a de­missão, sendo acu­sado de nada fazer pela pa­ci­fi­cação da so­ci­e­dade co­lom­biana.

Além do co­mis­sário, ao longo deste mês de ma­ni­fes­ta­ções mas­sivas an­ti­go­ver­na­men­tais em Bo­gotá, Cali e ou­tras ci­dades, já re­nun­ci­aram aos seus cargos dois mi­nis­tros e duas altas pa­tentes mi­li­tares.

No dia 4, de­mitiu-se o mi­nistro das Fi­nanças, Al­berto Car­ras­quilla, im­pulsor da re­forma fiscal que fez de­sen­ca­dear os pro­testos. A mi­nistra dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, Claudia Blum, re­nun­ciou a 13 de Maio, quando eram cada vez mai­ores as de­nún­cias e as crí­ticas no plano in­ter­na­ci­onal pela brutal re­pressão contra os pro­testos po­pu­lares. Também dei­xaram os seus cargos o ge­neral Juan Carlos Ro­drí­guez, que co­man­dava a Po­lícia Me­tro­po­li­tana de Cali, e o di­rector-geral da Ma­rinha, vice-al­mi­rante Juan Fran­cisco Her­rera.




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