As fortes comemorações populares da Revolução de Abril, por entre os ataques provocatórios directos ou velados que lhe foram movidos, prosseguiram com as pujantes acções do 1.º de Maio e do 8 de Maio no Porto.
Várias greves e paralisações e diversificadas concentrações em sectores e empresas, onde se insere a acção recente promovida pela Frente Comum, alargam a acção reivindicativa em defesa de postos de trabalho, por aumentos salariais, contra a precariedade, pelo reforço dos serviços públicos, entre outros aspectos. Se a situação actual põe em evidência que o capital não perde uma oportunidade para agravar a exploração recorrendo a todos os mecanismos, a todos os estratagemas, também mostra que este é um tempo de luta.
Ao modelo de baixos salários, reformas e pensões, precarização das relações laborais, manutenção de elevados níveis de desemprego somou-se, a pretexto da epidemia, a aplicação do lay-off com corte nos salários, horários de trabalho já desregulados foram forçados sem critério ou respeito, ritmos de trabalho intensificados e regressaram as situações de atraso no pagamento dos salários. Não fosse a luta e a movimentação colectiva dos trabalhadores e a intervenção do Partido e a situação seria outra, com consequências ainda mais nefastas.
É por isso que muito do que se ouviu e leu sobre Odemira é chocante. Fazer um ar de espanto com a situação, quando dados disponíveis revelam um crescimento, em cinco anos, de 30% de estrangeiros a viver no distrito de Beja é o cúmulo da hipocrisia. Distribuir culpas por todo o lado, deixando quase que no esquecimento os primeiros responsáveis – os que, sem escrúpulos, contratam tendo como única preocupação a máxima exploração – é uma aberração, maior ainda quando se sabe usufruírem de apoios do Estado.
O que veio com intensidade a público em Odemira (e o que não falta são odemiras por este Portugal e por essa União Europeia fora) não é um problema de imigração. É, antes de tudo, um problema de exploração obscena de trabalhadores.
Entretanto, assiste-se a milhões de dividendos distribuídos entre os do costume e a dinâmicas várias dos que estão já a salivar com a dita bazuca dos milhões, e parece que com êxito, pelo que consta na versão final desse programa e que a denominada Cimeira Social não conseguiu esconder, por muita maquilhagem que nela tivessem colocado. Por muito que vendam ilusões, não há compatibilidade entre os interesses do grande capital e os dos trabalhadores. Na verdade, o que a União Europeia procura é levar ainda mais longe a precariedade laboral, a desregulação dos horários de trabalho, a pressão sobre os salários, as reformas e as pensões, o desinvestimento nos serviços públicos e a sua privatização, menos soberania e mais submissão.
Reforçar a acção do colectivo partidário
Neste contexto, com reforçado empenho, impõe-se a mobilização de todo o colectivo partidário para responder às múltiplas exigências que estão colocadas, incluindo as campanhas sem escrúpulos de mentira sobre o Partido.
Exigências na resposta ao desenvolvimento do quadro político e à continuação da dinamização da luta dos trabalhadores e das populações. Exigências na preparação e consequente acção de esclarecimento e mobilização para o voto CDU na eleição para as autarquias, afirmando que essa é a garantia mais sólida que os trabalhadores e as populações têm ao seu dispor para avançar. Exigências que se têm de compaginar com o reforço da organização do Partido, ou seja, uma organização mais forte para de forma mais eficaz intervir, responsabilizando mais camaradas e aproveitando o amplo contacto em curso para trazer novos militantes ao Partido e adoptar medidas para garantir a sua independência financeira. Exigências que também se colocam à preparação, divulgação e concretização da Festa do Avante!.
Honrando o património de 100 anos de luta e intervenção, com confiança e determinados prosseguiremos.