Jornada da CGTP-IN dá força a todas as lutas

«A vossa luta é a luta de todos nós», «a luta de mi­lhares de tra­ba­lha­dores que, em todos os sec­tores e em todo o País, estão a res­ponder ao apelo» da CGTP-IN. As pa­la­vras de Isabel Ca­ma­rinha, Se­cre­tária-geral da con­fe­de­ração, foram di­ri­gidas an­te­ontem aos tra­ba­lha­dores do Ar­senal do Al­feite, mas po­de­riam ter sido ditas noutra qual­quer das muitas ini­ci­a­tivas in­se­ridas na jor­nada de acção e luta, que co­meçou a 21 de Junho e pros­segue até 15 de Julho.

Juntos e em luta, os tra­ba­lha­dores de todos os sec­tores têm mais força

A luta pela con­cre­ti­zação dos in­ves­ti­mentos no Ar­senal do Al­feite, pela con­tra­tação de mais tra­ba­lha­dores e pelo cum­pri­mento de di­reitos, como a justa pro­gressão na grelha sa­la­rial, foi le­vada an­te­ontem até ao Mi­nis­tério das Fi­nanças, acu­sado de blo­quear me­didas apro­vadas pela De­fesa

 

Em dia de greve na­ci­onal no sector, tra­ba­lha­dores cor­ti­ceiros con­cen­traram-se an­te­ontem, 29 de Junho, em Santa Maria de Lamas (Santa Maria da Feira), frente à sede da as­so­ci­ação pa­tronal Apcor, para exi­girem au­mentos sa­la­riais, as­si­na­lando que mesmo 2020 foi con­si­de­rado pelos pa­trões como um «ano po­si­tivo», com 68 mi­lhões de euros de lu­cros

Os tra­ba­lha­dores da Eu­rest a la­borar na can­tina da es­cola Au­gusto Lessa (na foto) e em mais seis can­tinas do Mu­ni­cípio do Porto, fi­zeram greve no dia 28 de Junho, com adesão total, contra os des­pe­di­mentos co­lec­tivos de­sen­ca­de­ados pela con­ces­si­o­nária. No con­celho de Gui­ma­rães, o sin­di­cato chegou a acordo com a Uni­self para re­clas­si­ficar 39 tra­ba­lha­doras das can­tinas, com a con­se­quente su­bida na grelha sa­la­rial

Os tra­ba­lha­dores da Am­trol-Alfa vol­taram a fazer greve, desta vez por três dias, mar­cando o úl­timo dia, 23 de Junho, com uma con­cen­tração no ex­te­rior das ins­ta­la­ções, em luta por au­mentos sa­la­riais e pela res­posta a ou­tros pontos do seu ca­derno rei­vin­di­ca­tivo

A 24 de Junho, no se­gundo de três dias de greve dos tra­ba­lha­dores dos ar­ma­zéns do Mi­ni­preço (Grupo DIA), re­a­lizou-se uma con­cen­tração, com âm­bito na­ci­onal, no ex­te­rior do posto lo­gís­tico de Vi­a­longa

Com uma «feira dos pro­blemas com so­lu­ções blo­que­adas», no dia 25 Junho, no Rossio, em Lisboa, a Fen­prof e os seus sin­di­catos pro­tes­taram contra o blo­queio ne­go­cial im­posto pelo Mi­nis­tério da Edu­cação, que im­pede avanços no com­bate à pre­ca­ri­e­dade, na me­lhoria das con­di­ções de tra­balho, na re­cu­pe­ração do tempo de ser­viço con­ge­lado e re­com­po­sição da car­reira, no re­ju­ve­nes­ci­mento da pro­fissão e na cri­ação de um re­gime de apo­sen­tação es­pe­cí­fico

Contra a de­cisão in­justa e dis­cri­mi­na­tória do Go­verno, para en­cer­ra­mento dos ca­sinos de Lisboa e do Es­toril, no quadro das me­didas contra a epi­demia, o Sin­di­cato da Ho­te­laria do Sul e ou­tras or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas pro­mo­veram uma con­cen­tração junto da As­sem­bleia da Re­pú­blica, no dia 24 de Junho

Os car­teiros de San­tarém (CDP de San­tarém, Al­meirim e Al­pi­arça), em greve até ontem, por duas horas diá­rias, foram no dia 25 de Junho até junto do mo­nu­mento a Sal­gueiro Maia. Na con­cen­tração re­ce­beram a so­li­da­ri­e­dade do pre­si­dente da CM de Al­pi­arça, Mário Pe­reira

Aos jor­na­listas, nesta terça-feira à tarde, em Lisboa, frente ao Mi­nis­tério das Fi­nanças, a di­ri­gente rei­terou que os tra­ba­lha­dores do Ar­senal do Al­feite «têm todas as ra­zões para virem exigir que o Mi­nis­tério das Fi­nanças aja como já devia ter agido, que dê res­posta àquilo que está até de­ci­dido pelo Mi­nis­tério da De­fesa, mas que chega aqui e bate na pa­rede».

Como já ti­nham re­fe­rido di­ri­gentes do sin­di­cato Steffas e da Co­missão de Tra­ba­lha­dores, bem como o de­pu­tado co­mu­nista Bruno Dias (numa breve sau­dação), Isabel Ca­ma­rinha des­tacou que em causa estão, no ime­diato, a pro­gressão de 47 tra­ba­lha­dores na grelha sa­la­rial (para cor­recção de uma in­justa dis­cri­mi­nação) e a ne­ces­si­dade de «in­ves­ti­mento no es­ta­leiro da nossa Ma­rinha, um in­ves­ti­mento que já foi apro­vado, mas não é re­a­li­zado, tal como não há ad­missão de tra­ba­lha­dores e não há cum­pri­mento de di­reitos, porque o Go­verno anda no jogo do em­purra, de um Mi­nis­tério para outro».

A Se­cre­tária-geral fez questão de as­si­nalar que esta acção se in­te­grou «na jor­nada de acção e luta na­ci­onal que a CGTP-IN está a re­a­lizar, de 21 de Junho até 15 de Julho, para exigir o au­mento geral dos sa­lá­rios, em­prego com di­reitos, a re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral e o in­ves­ti­mento pú­blico e nos ser­viços pú­blicos, que é ne­ces­sário, e a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores».

Muito grande des­con­ten­ta­mento

«Os pri­meiros dias desta jor­nada já mos­traram que há um des­con­ten­ta­mento muito grande dos tra­ba­lha­dores com a si­tu­ação que estão a viver», disse Isabel Ca­ma­rinha, a uma per­gunta co­lo­cada pelo Avante!.

A di­ri­gente notou que «os tra­ba­lha­dores em Por­tugal estão a ser muito mal­tra­tados», su­jeitos a «baixos sa­lá­rios, pre­ca­ri­e­dade, de­sin­ves­ti­mento, des­va­lo­ri­zação das car­reiras e das pro­fis­sões, in­cum­pri­mento dos di­reitos».

Lem­brou que «lutas an­te­ri­ores fi­zeram o caudal para jor­nadas con­ver­gentes de grande di­mensão, como o 25 de Abril, o 1.º de Maio, a ma­ni­fes­tação no Porto por oca­sião da Ci­meira So­cial, a 8 de Maio».

«Nesta jor­nada, que é fun­da­men­tal­mente para os tra­ba­lha­dores, nas suas em­presas, nos seus lo­cais de tra­balho, exi­girem res­posta às suas rei­vin­di­ca­ções, tem ha­vido uma adesão mas­siva a greves, pa­ra­li­sa­ções, ac­ções de rua, ple­ná­rios com saída à rua», o que com­prova como «os tra­ba­lha­dores não baixam os braços, não aceitam ser tra­tados como peças des­car­tá­veis».

A pro­pó­sito da COVID-19, «tem ha­vido apro­vei­ta­mento, por parte do pa­tro­nato e do grande ca­pital, para não ga­rantir os di­reitos, os sa­lá­rios e o em­prego dos tra­ba­lha­dores», «e o Go­verno as­sume me­didas que são de­se­qui­li­bradas e que fa­vo­recem muito mais o grande pa­tro­nato, o grande ca­pital, os grandes grupos eco­nó­micos, do que os tra­ba­lha­dores e, até, as micro, pe­quenas e mé­dias em­presas, su­fo­cadas por esta si­tu­ação».

Para a CGTP-IN, «tem de haver apoio para quem, de facto, pre­cisa». No en­tanto, «o Go­verno tomou ou­tras op­ções e o que es­tamos a exigir é que al­tere essas op­ções, mude o rumo da po­lí­tica que tem vindo a ser se­guida e ga­ranta, de facto, a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, ga­ran­tindo assim também o de­sen­vol­vi­mento do País», su­bli­nhou Isabel Ca­ma­rinha.

 

 

 

 

 

 

 



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Comunicado do Comité Central do PCP

O Co­mité Cen­tral do PCP, reu­nido a 28 de Junho de 2021, ava­liou as­pectos da si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, do de­sen­vol­vi­mento da luta de massas, da pre­pa­ração das Elei­ções Au­tár­quicas e do re­forço da or­ga­ni­zação e ini­ci­a­tiva do Par­tido.