«Mais outro Julho com os refugiados longe de suas casas, os nossos compatriotas fechados em enclaves nas áreas ocupadas, os familiares das pessoas desaparecidas em busca de respostas, o nosso povo separado e a nossa pátria dividida» – assinala uma declaração do AKEL, a propósito do 47.º aniversário da invasão turca.
A declaração do Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL) recorda que passaram 47 anos desde o «fatídico» dia 20 de Julho de 1974, em que a Turquia invadiu Chipre, aproveitando a oportunidade proporcionada pela junta militar grega fascista e seus colaboradores cipriotas para implementar mais um acto do plano da NATO de partição de Chipre. Com a segunda fase da invasão da ilha, logo em Agosto seguinte, a Turquia ocupou ilegalmente 37 por cento do território da República de Chipre, situação que se mantém até hoje, e completou pela força das armas a separação das duas comunidades iniciada em 1963.
O AKEL denuncia a invasão turca e a ocupação que se mantém. Honra e presta homenagem aos «heróicos mortos e combatentes de 1974 que resistiram com sacrifício e abnegação ao exército invasor turco». Honra «os filhos do nosso povo que sacrificaram os seus sonhos e vidas no interesse da democracia e da liberdade», mas não aqueles que, traindo, «abriram a porta traseira ao exército turco». Ao mesmo tempo, o AKEL «transmite a todo o povo cipriota uma mensagem de unidade e um apelo à luta pela libertação e reunificação da nossa pátria» e reafirma que continuará ao lado das vítimas da tragédia cipriota – «o povo da nossa terra, os que sofreram massacres, saques, torturas e violações, a violenta expulsão das casas das suas famílias, os que ainda choram os familiares desaparecidos».
Assegura o AKEL que não será, como nunca foi, um observador silencioso da ocupação de uma parcela de Chipre. Continuará, em cooperação com todas as forças progressistas do país, a opor-se à situação que prevalece há quase 50 anos. Prosseguirá os seus esforços junto da comunidade internacional a exigir reacções mais efectivas, além da solidariedade. Continuará a insistir que a prolongada ausência de negociações «facilita a criação de um novo facto consumado e conduz-nos para a beira da partição definitiva de Chipre».
Apoiando fortemente a necessidade de se retomar com urgência as negociações sobre Chipre, o AKEL reafirma que nunca se comprometerá com a ocupação e a partição, nem deixará de lutar contra o nacionalismo-chauvinismo. Continuará, sem descanso, a lutar pela libertação e reunificação da pátria e do povo, pela restauração dos direitos humanos de todos os cipriotas e pelo fim de quaisquer direitos dos chamados «países de origem». Continuará a luta para que «as futuras gerações possam viver numa pátria soberana e reunificada, sem arames farpados da divisão nem exércitos estrangeiros».
FMJD solidária
A Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) evocou o 20 de Julho de 1974, denunciando que, há 47 anos, a junta militar fascista grega, a Turquia, a NATO e grupos nacionalistas de ambas as comunidades «coordenaram o crime contra Chipre de maneira plenamente consciente». E lembra que, hoje, «a ocupação do norte de Chipre pela Turquia persiste, partindo a ilha em Norte e Sul e fazendo de Nicósia a última capital europeia dividida por um muro».
A FMJD reitera o seu apoio ao povo de Chipre e à sua exigência de liberdade e reunificação no quadro da solução de «um Estado bi-comunitário, bi-zonal e federal com uma só soberania, uma só personalidade internacional, uma só cidadania, com igualdade política entre as duas comunidades», tal como estabelecem numerosas resoluções da ONU, e sem qualquer tutela estrangeira.