1909 – Nasce Rita Levi-Montalcini

«Pa­recia capaz de en­frentar com a mesma equa­ni­mi­dade os ri­gores da cru­el­dade fas­cista que so­freu como pessoa de as­cen­dência judia; os pro­blemas de pra­ticar me­di­cina clan­des­tina em tempo de guerra; as di­fi­cul­dades que sus­citam os pre­con­ceitos e a dis­cri­mi­nação re­la­ti­va­mente às mu­lheres; e os de­sa­fios dos que tra­ba­lham na van­guarda da ci­ência, que podem gerar um sen­ti­mento de so­lidão». Assim se re­feriu o jornal “The Guar­dian” à neu­ro­ci­en­tista ita­liana Rita Levi-Mon­tal­cini, aquando do seu fa­le­ci­mento, aos 103 anos, num re­co­nhe­ci­mento da sua ines­ti­mável con­tri­buição para o avanço da ci­ência. Nas­cida em Turim no seio de uma fa­mília de­di­cada às ci­ência e às artes, Rita Mon­tal­cini foi uma de seis mu­lheres entre os 300 alunos do seu curso de Me­di­cina; viveu na clan­des­ti­ni­dade quando Mus­so­lini pro­mulgou, em 1938, as leis que proi­biam as car­reiras aca­dé­micas aos ju­deus, as­sistiu fe­ridos e do­entes na bar­ri­cada da Re­sis­tência. Em 1947 foi para os EUA, a con­vite, e aí fez a sua car­reira. É ga­lar­doada em 1986 com o Prémio Nobel da Me­di­cina pela des­co­berta re­vo­lu­ci­o­nária dos fac­tores de cres­ci­mento das cé­lulas ner­vosas, em co­la­bo­ração com Stanley Cohen. Como ela pró­pria cos­tu­mava dizer, «o ta­lento não tem sexo, mu­lheres e ho­mens têm idên­tica ca­pa­ci­dade mental».