Habitação é direito fundamental que tem de ser efectivado

Jerónimo de Sousa realizou, no dia 9, um périplo pelo distrito do Porto, no qual esteve em destaque o tema da habitação, central na acção da CDU no concelho. Numa da iniciativas do dia, na Junta de Freguesia de Bonfim, mesmo no coração da cidade invicta, uma tribuna pública foi inteiramente dedicada a essa questão.

A concretização do direito à habitação não pode ficar na mão do «mercado»

Quatro moradores do Porto partilharam os seus testemunhos, ficando claro o agravamento dos problemas habitacionais na cidade. O que é, na prática, a negação do efectivo direito à habitação resulta no decréscimo da população residente, em despejos, no agudizar da especulação imobiliária, na carência de oferta pública e numa gritante falta de políticas capazes de garantir a todos a possibilidade de viver com dignidade na cidade do Porto. Estes são problemas concretos, diários, de quem ali vive (ou tenta viver) e trabalha.

Para Jerónimo de Sousa, a questão da habitação na cidade do Porto, sendo parte de um problema mais geral, de âmbito nacional, tem ali uma particular acuidade, a requerer respostas urgentes. A dimensão que este problema assume, na cidade e para lá dela, «é resultado da acumulada ausência de solução por parte de sucessivos governos que há décadas prosseguem a política de direita», afirmou o Secretário-geral do PCP na sessão pública, dirigida por Alexandra Paz, candidata àquela assembleia de freguesia nas listas da CDU.

O aumento do preço das rendas, o elevado número de fogos sem condições de habitabilidade, a parca quantidade de habitação pública disponível, o predomínio da opção por casa própria (com elevados níveis de endividamento à banca), o regime de arrendamento que privilegia os despejos e a precariedade, a falta de resposta do Estado no realojamento de milhares de famílias em total carência de habitação, a falta de alternativas habitacionais face à dominância de utilização turística, a submissão às políticas de vistos gold e de beneficiação fiscal de residentes estrangeiros, «continuam a ser a marca de água das opções políticas do Governo PS, com o apoio do PSD e CDS», acrescentou ainda Jerónimo de Sousa.

Direito constitucional

Para a CDU, não bastam medidas pontuais, que «não mexem com os interesses económicos e financeiros instalados e, antes pelo contrário, estimulam as sociedades de investimento, gestão imobiliária e a banca e favorecem os grandes proprietários que tomaram conta do mercado imobiliários». Revogar a lei dos despejos, assegurar estabilidade no arrendamento e garantir que as rendas são compatíveis com os rendimentos disponíveis dos trabalhadores, são propostas que as forças da CDU têm vindo, sucessivamente, a apresentar.

«Nós queremos a nossa cidade do Porto de volta, com as suas pessoas, a sua cultura, as suas tradições e a melhoria da sua qualidade de vida», afirmou Ilda Figueiredo, actual vereadora e candidata à presidência da Câmara Municipal do Porto, que também esteve presente na tribuna pública. As «condições de habitação e de habitabilidade são um passo fundamental para acabar com todas as situações de insalubridade, de degradação e reconhecer o direito constitucional à habitação», acrescentou.

Voz da CDU faz falta

No comício realizado no final do dia, em Vila Nova de Gaia, Jerónimo de Sousa voltou a dedicar parte da sua atenção aos problemas habitacionais: «Falta no executivo municipal [de Gaia] uma voz que dê respostas ao nível da habitação, que enfrentem a especulação e garantam casas a custos controlados, compatíveis com os salários e pensões da população», afirmou o Secretário-geral, acrescentando que «essa voz é a CDU».

«Gaia, tal como a Área Metropolitana do Porto, não pode estar orientada para ter casas de luxo para os ricos e habitação degradadas para os trabalhadores», salientou o dirigente comunista, justificando que a «habitação é um direito, e a existência de 2000 famílias com carência de habitação em Gaia é uma realidade que é resultado das políticas do PS e PSD nos seus governos e aqui [a nível local]», acrescentou.

Já Diana Ferreira, deputada na Assembleia da República e primeira candidata àquela Câmara Municipal, afirmou que a CDU não quer «uma cidade onde seja difícil de morar porque a habitação não é acessível», seja porque «não há habitação pública que responda às necessidades» ou porque «os preços das rendas são incomportáveis». «Defendemos, sim, um caminho firme e continuado que garanta o direito constitucional à habitação e a uma habitação condigna a preços acessíveis», realçou.

Defender serviços e populações

Logo no início do dia, Jerónimo de Sousa esteve presente numa sessão na Maia, que contou com a presença de Alfredo Maia, candidato à Câmara Municipal. A reabertura do serviço de passageiros na linha de Leixões foi o tema da iniciativa, onde o Secretário-geral do PCP reivindicou um maior investimento para os caminhos-de-ferro e transportes públicos portugueses e afirmou que os candidatos da CDU «querem e conseguem construir uma vida melhor para as populações».

O dirigente comunista ainda visitou a freguesia de Parada de Todeia, em Paredes, onde a CDU forma executivo desde 2001. Lá, Jerónimo de Sousa afirmou que é a «defesa dos serviços públicos, o bem-estar das populações e a sua qualidade de vida que orientam a intervenção da CDU, algo que é «bem visível em Parada».

 

 



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