PCP na Colômbia com as forças progressistas

Sandra Pe­reira, de­pu­tada do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, par­ti­cipou na reu­nião da As­sem­bleia Par­la­mentar Euro-La­tino-Ame­ri­cana, na Colômbia. No re­gresso, par­ti­lhou com o Avante! al­gumas das suas im­pres­sões.

A luta po­pular tem vindo a crescer na Colômbia

Em que con­texto é que te des­lo­caste à Colômbia?

Na qua­li­dade de vice-pre­si­dente da de­le­gação do Par­la­mento Eu­ropeu à As­sem­bleia Par­la­mentar Euro-La­tino-Ame­ri­cana (EU­ROLAT). A ida a Bo­gotá deveu-se à re­a­li­zação de uma reu­nião da Mesa da EU­ROLAT, com as suas duas com­po­nentes par­la­men­tares, eu­ro­peia e la­tino-ame­ri­cana. Foram dis­cu­tidos as­suntos ge­rais da re­lação entre os países da Amé­rica La­tina e das Ca­raíbas – que se reúnem na CELAC – e a União Eu­ro­peia (UE), no­me­a­da­mente quanto ao im­pacto da pan­demia de COVID-19. A com­po­nente do Par­la­mento Eu­ropeu reuniu ainda com o re­pre­sen­tante da UE na Colômbia e com os em­bai­xa­dores de al­guns países, in­cluindo de Por­tugal.

 

Du­rante a tua es­tada na Colômbia, que con­tactos po­lí­ticos e par­ti­dá­rios ti­veste?

À margem da reu­nião da Mesa da EU­ROLAT, foi pos­sível reunir com o Se­cre­tário-geral, Jaime Cay­cedo, e o ca­ma­rada An­drès Al­va­rezos, do Par­tido Co­mu­nista Co­lom­biano, e o Se­cre­tário-geral, Ga­briel Be­cerra, e a se­na­dora Aida Avella, da União Pa­trió­tica. Também tive a opor­tu­ni­dade de me en­con­trar com Gus­tavo Petro, do Par­tido Colômbia Hu­mana, can­di­dato apoiado por forças pro­gres­sistas co­lom­bi­anas às elei­ções pre­si­den­ciais do pró­ximo ano. Foram reu­niões muito úteis pela aná­lise que pro­por­ci­o­naram sobre a ac­tual si­tu­ação na Colômbia.

 

E como vês a ac­tual si­tu­ação na Colômbia?

A si­tu­ação po­lí­tica na Colômbia con­tinua mar­cada pelas re­per­cus­sões da im­por­tante greve geral, re­a­li­zada há al­guns meses, onde os co­lom­bi­anos saíram à rua contra uma in­justa re­forma fiscal que atingia par­ti­cu­lar­mente os tra­ba­lha­dores e ou­tras ca­madas mais des­fa­vo­re­cidas. Uma luta que foi alvo de uma re­pressão brutal por parte do go­verno de Ivan Duque, com de­zenas de as­sas­si­natos às mãos das forças po­li­ciais e mi­li­tares.

O des­gaste do go­verno fas­ci­zante de Ivan Duque é muito grande, porque não dá res­posta ao ele­va­dís­simo de­sem­prego, à po­breza – es­tima-se que 21 mi­lhões de co­lom­bi­anos vivam abaixo do li­miar da po­breza –, à saúde, com o sis­tema pú­blico de saúde a ser des­man­te­lado e pri­va­ti­zado. Apesar de já terem pas­sado cinco anos sobre a as­si­na­tura dos Acordos de Paz, con­ti­nuam as per­se­gui­ções e as­sas­si­natos po­lí­ticos, de di­ri­gentes so­ciais, sin­di­cais, es­tu­dantis, cam­po­neses e de ex-guer­ri­lheiros das FARC-EP, bem como mas­sa­cres contra a po­pu­lação.

A vi­o­lência do Es­tado e dos grupos de ex­trema-di­reita li­gada ao nar­co­trá­fico con­tinua pre­sente. A terra con­tinua a não ser dis­tri­buída aos cam­po­neses. Entre ou­tras ina­cei­tá­veis si­tu­a­ções que fazem crescer as rei­vin­di­ca­ções e a luta po­pu­lares. É de su­bli­nhar igual­mente, que os EUA uti­lizam a Colômbia como um ins­tru­mento de in­ge­rência e de­ses­ta­bi­li­zação na re­gião, par­ti­cu­lar­mente contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela.

 

E é nesse con­texto que no pró­ximo ano ha­verá dois mo­mentos elei­to­rais…

Sim, em Março de 2022, re­a­lizar-se-ão as elei­ções par­la­men­tares e, em Maio, as pre­si­den­ciais. Gus­tavo Preto é, ac­tu­al­mente, o can­di­dato pre­si­den­cial fa­vo­rito na pri­meira volta. Ainda que as co­li­ga­ções es­tejam por de­finir e a di­reita se es­teja a or­ga­nizar – es­tavam, por estes dias, a fazer o seu con­gresso em Miami, nos EUA –, é mais ou menos con­sen­sual que Gus­tavo Preto pas­sará à se­gunda volta, até porque é o único que já anda no ter­reno a dar a co­nhecer o seu pro­grama elei­toral com as res­postas e so­lu­ções para os pro­blemas e as as­pi­ra­ções dos co­lom­bi­anos.

A prin­cipal pre­o­cu­pação das forças pro­gres­sistas co­lom­bi­anas prende-se com a pos­si­bi­li­dade de haver fraude elei­toral, já que o sis­tema de con­tagem dos votos está nas mãos de uma em­presa pri­vada com vin­cu­la­ções po­lí­ticas li­gadas à di­reita. Não seria a pri­meira vez que a uma fraude na con­tagem dos votos trava uma can­di­da­tura que pro­ta­go­niza a es­pe­rança do povo co­lom­biano numa mu­dança de po­lí­tica e de rumo do seu país.




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