Greves na Amarsul e na Algar começaram com forte adesão

Para exi­girem res­postas das ad­mi­nis­tra­ções no­me­adas pelo Grupo EGF (Mota-Engil), os tra­ba­lha­dores das em­presas de re­sí­duos Amarsul e Algar ade­riram em força às greves ini­ci­adas na se­gunda-feira.

A pri­va­ti­zação da EGF pre­ju­dicou os tra­ba­lha­dores e o ser­viço pú­blico

Na Algar, cujos tra­ba­lha­dores as­se­guram, nos 16 mu­ni­cí­pios do dis­trito de Faro, a re­colha se­lec­tiva, va­lo­ri­zação e tra­ta­mento de re­sí­duos só­lidos ur­banos, a greve de dois dias co­meçou com ele­vada adesão, pro­vo­cando a pa­ragem de uni­dades de tri­agem, em Por­timão e em Faro, e do Centro de Va­lo­ri­zação Or­gâ­nica, em São Brás Al­portel.

O SITE Sul in­formou ainda que, no aterro e na re­colha se­lec­tiva, a ac­ti­vi­dade li­mitou-se aos ser­viços mí­nimos.

A luta, in­cluindo ainda a re­cusa de tra­balho su­ple­mentar entre 27 de No­vembro e 1 de De­zembro, foi con­vo­cada para rei­vin­dicar o au­mento do sa­lário para todos os tra­ba­lha­dores, a atri­buição do sub­sídio de risco, o au­mento do sub­sídio de re­feição, a re­po­sição dos va­lores do tra­balho su­ple­mentar pra­ti­cados em 2012.

Como ex­plicou o sin­di­cato da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN, o des­con­ten­ta­mento pela re­cusa de au­mentos sa­la­riais elevou-se quando a ad­mi­nis­tração de­cidiu re­a­lizar re­clas­si­fi­ca­ções e en­qua­dra­mentos só para al­guns (ex­cluindo cerca de me­tade dos 400 tra­ba­lha­dores) e, com­pro­vando que, afinal, há di­nheiro, atri­buiu um «cartão re­co­nhe­ci­mento» de 60 euros, para gastar no Con­ti­nente (me­dida que o SITE Sul con­si­derou in­justa, de­fen­dendo que fosse so­mada essa verba aos sa­lá­rios).

Na Amarsul – que as­se­gura o tra­ta­mento e a va­lo­ri­zação de re­sí­duos ur­banos nos nove mu­ni­cí­pios da Pe­nín­sula de Se­túbal – uma greve de cinco dias co­meçou às zero horas de 29 de No­vembro. Se­gundo o STAL e o SITE Sul, a adesão total à luta nos eco­par­ques de Pal­mela e do Seixal fez com que ne­nhum carro de re­colha ali des­car­re­gasse.

A forte adesão dos tra­ba­lha­dores, fa­zendo greve e par­ti­ci­pando nos pi­quetes, de­monstra, de forma inequí­voca, a sua união e de­ter­mi­nação para con­ti­nuar a luta, re­fere-se numa nota das es­tru­turas da CGTP-IN na em­presa.

Nos ob­jec­tivos da luta (re­for­çada com greve a todo o tra­balho su­ple­mentar, das zero horas de 27 de No­vembro às 24 horas de 4 de De­zembro), ex­pressos num ca­derno rei­vin­di­ca­tivo, constam: o au­mento geral dos sa­lá­rios e dos sub­sí­dios de re­feição e de trans­porte; a re­dução do ho­rário de tra­balho; o fim da pre­ca­ri­e­dade e a re­gu­la­ri­zação la­boral dos tra­ba­lha­dores com vín­culo de tra­balho tem­po­rário; o res­peito pela con­tra­tação co­lec­tiva; a re­versão ime­diata dos cortes no sub­sídio de turno; a cri­ação de sub­sí­dios de in­sa­lu­bri­dade, pe­no­si­dade e risco e de risco ro­do­viário.

No se­gundo dia de greve foi de­nun­ciado o facto de a Au­to­vi­sion, em­presa de tra­balho tem­po­rário do Grupo Volkswagen, ter co­mu­ni­cado aos seu tra­ba­lha­dores co­lo­cados na Amarsul que de­ve­riam apre­sentar-se ao ser­viço e chamar a Po­lícia, caso fossem im­pe­didos de en­trar.

O STAL e o SITE Sul con­de­naram este «com­por­ta­mento grave e inad­mis­sível», numa nota em que acusam a Au­to­vi­sion de fingir não saber que a greve abrange todos os tra­ba­lha­dores ao ser­viço da Amarsul, in­de­pen­den­te­mente do res­pec­tivo tipo de vín­culo, con­forme consta do pré-aviso de greve.

A União dos Sin­di­catos de Se­túbal, por seu turno, res­pon­sa­bi­lizou também a Amarsul e o Go­verno por esta si­tu­ação, uma vez que aqueles tra­ba­lha­dores as­se­guram fun­ções de ca­rácter per­ma­nente e de­ve­riam ter vín­culo efec­tivo.

 

So­li­da­ri­e­dade do PCP

A Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal do PCP ma­ni­festou-se so­li­dária com os tra­ba­lha­dores da Amarsul e a sua luta. Num co­mu­ni­cado de 30 de No­vembro, a DORS sa­li­entou que estes tra­ba­lha­dores «nunca pa­raram du­rante a epi­demia», mas a ad­mi­nis­tração optou por não os va­lo­rizar de forma justa e digna.

«Cabe à ad­mi­nis­tração adoptar as me­didas que res­pondam aos pro­blemas rei­vin­di­cados pelos tra­ba­lha­dores da Amarsul, ou­vindo as suas justas rei­vin­di­ca­ções, em prol de um me­lhor ser­viço às po­pu­la­ções da Pe­nín­sula de Se­túbal», afirma-se no co­mu­ni­cado.

O Par­tido re­cordou que a si­tu­ação da Amarsul, «de­cor­rente da pri­va­ti­zação da EGF pelo Go­verno do PSD/​CDS, não re­ver­tida pelo Go­verno PS, re­velou-se pro­fun­da­mente ne­ga­tiva para o am­bi­ente, as po­pu­la­ções e os tra­ba­lha­dores», «razão pela qual o PCP não de­siste de de­fender e lutar pela sua re­versão».

Na ma­dru­gada de 29 de No­vembro es­ti­veram com os pi­quetes de greve Bruno Dias (no Seixal) e Paula Santos (em Pal­mela), de­pu­tados e mem­bros do Co­mité Cen­tral do PCP.

 



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