Quem quer a guerra na Europa?

Ângelo Alves

O imperialismo não olha a meios para alargar o seu domínio

A comunicação social dominante difunde a tese de que a Federação Russa se prepara para invadir a Ucrânia. Face ao «perigo russo» multiplicam-se os «avisos» e as ameaças dos EUA, NATO e União Europeia. A linguagem, o tom e as acusações remetem-nos para os tempos da diabolização da União Soviética. O paralelismo de linguagem e métodos é tal que deu para um «deslize» do Secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, que afirmou que o «melhor cenário… é não vermos uma incursão da União Soviética na Ucrânia».

Os tempos são diferentes. A Federação Russa nada tem que ver com a União Soviética. Mas há algo que não mudou: a natureza, objectivos e métodos do imperialismo norte-americano e seus aliados para justificar a sua política agressiva. O perigo de um conflito militar no continente europeu existe de facto, mas se acontecer é porque os EUA e a NATO o desejam e o provocaram. A operação de manipulação e desinformação em curso visa justificar essa opção, com mentiras.

A verdade é que foram os EUA, a NATO e a União Europeia que estiveram por detrás do golpe de Estado na Ucrânia que colocou no poder forças abertamente fascistas e anti-russófonas, abrindo o campo para divisões no país, para o actual conflito interno e para a transformação da Ucrânia num dos campos de expansão da NATO a leste até às fronteiras da Rússia.

A verdade é que foram os EUA que rasgaram ou abandonaram tratados fundamentais para o equilíbrio estratégico, nomeadamente nuclear, e que instalaram no leste da Europa armamento pesado, o seu sistema «antimíssil» e dezenas de milhares de militares e que injectam milhares de milhões de dólares de armamento em vários países, como a Ucrânia.

A realidade é que foi o regime ucraniano que fez deslocar 110 mil efectivos para junto das regiões de Lugansk e Donetsk e que desencadeou operações militares que violam os Acordos de Minsk.

A verdade é que foram os EUA que realizaram em Novembro mais de dez voos de bombardeiros estratégicos na região simulando ataques nucleares à Federação Russa, e que estão a reforçar ainda mais a sua presença militar nesta região.

Classificar a deslocação de tropas russas no seu próprio território, em resposta à agressividade provocatória dos EUA e da NATO, como um perigo e uma agressão, seria uma piada se não fosse uma operação que no imediato tem como objectivo central dar cobertura a uma possível agressão militar a mando do corrupto presidente ucraniano contra as populações que no País resistem ao fascismo e à xenofobia alimentados pela NATO. Tal como noutros períodos históricos o imperialismo não olha a meios para alargar o seu domínio, incluindo recorrer à guerra e ao fascismo.



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