Dez questões cruciais para a vida e o futuro do País

Re­a­lizar o au­mento geral dos sa­lá­rios, uma emer­gência na­ci­onal

Num País mar­cado por uma cres­cente de­si­gual­dade entre ca­pital e tra­balho, o PCP de­fende o au­mento geral dos sa­lá­rios, com um sig­ni­fi­ca­tivo au­mento do sa­lário médio, con­cre­ti­zando a con­ver­gência com a Zona Euro em cinco anos, a va­lo­ri­zação das pro­fis­sões e das car­reiras, a ele­vação do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal para 850 euros a curto prazo, fi­xando o seu valor em 800 euros du­rante o ano de 2022.

A va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios é in­se­pa­rável da eli­mi­nação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral, de­sig­na­da­mente a re­vo­gação da ca­du­ci­dade da con­tra­tação co­lec­tiva e a re­po­sição do prin­cípio do tra­ta­mento mais fa­vo­rável ao tra­ba­lhador. O com­bate à pre­ca­ri­e­dade, as­se­gu­rando que a um posto de tra­balho per­ma­nente cor­res­ponda um con­trato efec­tivo, a re­dução geral do ho­rário de tra­balho para as 35 horas se­ma­nais, o com­bate à des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, a ga­rantia dos di­reitos no tra­balho por turnos, são ou­tras me­didas pre­co­ni­zadas pelo PCP.

 

Ga­rantir os di­reitos das cri­anças e dos pais, res­ponder ao dé­fice de­mo­grá­fico, travar a emi­gração dos jo­vens

O au­mento dos sa­lá­rios é também de­ci­sivo para res­ponder ao dé­fice de­mo­grá­fico e in­cen­tivar a fi­xação de jo­vens e a na­ta­li­dade, ques­tões de­ter­mi­nantes para a subs­ti­tuição de ge­ra­ções no fu­turo e para o de­sen­vol­vi­mento do País.

O res­peito pelos di­reitos das cri­anças e pelo seu de­sen­vol­vi­mento in­te­gral, a par da in­versão da quebra de­mo­grá­fica, exige so­lu­ções trans­ver­sais, in­te­gradas e du­ra­douras, que ga­rantam es­ta­bi­li­dade no em­prego, nos ho­rá­rios e na ha­bi­tação, bem como o au­mento dos sa­lá­rios.

Entre ou­tras me­didas, o PCP de­fende a gra­tui­ti­dade das cre­ches para todas as cri­anças e a cri­ação de uma rede pú­blica de cre­ches, ou so­lu­ções equi­pa­radas, alar­gando em cem mil o nú­mero de vagas.

 

As­se­gurar a dig­ni­dade dos idosos, com­bater a po­breza e as de­si­gual­dades, va­lo­rizar as re­formas e pen­sões, com­bater os baixos sa­lá­rios

Ga­rantir me­lhores pen­sões no fu­turo im­plica va­lo­rizar hoje os sa­lá­rios, as car­reiras, as pro­fis­sões, im­plica com­bater a pre­ca­ri­e­dade. Um sis­tema de Se­gu­rança So­cial bem fi­nan­ciado re­clama o re­forço e a di­ver­si­fi­cação das fontes de fi­nan­ci­a­mento, com­ple­tando-as com uma con­tri­buição que tenha em conta o Valor Acres­cen­tado Lí­quido das em­presas.

No ime­diato, o PCP propõe: a ac­tu­a­li­zação anual de todas as pen­sões, in­cluindo das que es­ti­veram con­ge­ladas, as­se­gu­rando a re­po­sição e va­lo­ri­zação do poder de compra, com um valor mí­nimo em 2022 de 10 euros; a ga­rantia do di­reito à re­forma a quem tenha 40 anos de des­contos, pondo fim ao factor de sus­ten­ta­bi­li­dade e re­co­lo­cando a idade de re­forma nos 65 anos, eli­mi­nando também as pe­na­li­za­ções sobre os pen­si­o­nistas em­pur­rados para re­formas an­te­ci­padas.

O PCP quer ainda as­se­gurar a cri­ação de uma rede pú­blica de equi­pa­mentos e ser­viços de apoio à ter­ceira idade, entre os quais lares, e à de­fi­ci­ência, a com­ple­mentar e ar­ti­cular com a ac­tual rede de apoio.

 

De­fender o di­reito à Saúde, salvar o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde

A grave si­tu­ação do SNS exige res­postas ime­di­atas. A saída em larga es­cala de pro­fis­si­o­nais está a re­flectir-se no au­mento dos utentes sem mé­dico de fa­mília, no atraso nas con­sultas, exames, tra­ta­mentos e ci­rur­gias, que põem em causa o di­reito à saúde dos por­tu­gueses. A não exis­tirem me­didas ur­gentes que per­mitam fixar e atrair pro­fis­si­o­nais, con­cre­tizar os in­ves­ti­mentos em equi­pa­mentos e infra-es­tru­turas e com­bater o desvio de re­cursos pú­blicos para o sector pri­vado, o SNS po­derá ser ir­re­me­di­a­vel­mente di­mi­nuído e des­ca­rac­te­ri­zado.

Entre ou­tras me­didas, é fun­da­mental ins­ti­tuir a opção de de­di­cação ex­clu­siva dos mé­dicos e en­fer­meiros. É pre­ciso também ga­rantir in­cen­tivos que tornem atrac­tiva a opção, de mé­dicos e en­fer­meiros, pela fi­xação em zonas ca­ren­ci­adas, tal como se impõe a cons­trução de infra-es­tru­turas já de­ci­didas e pro­gramar o con­junto de ou­tras, in­clu­sive obras de re­a­bi­li­tação e re­qua­li­fi­cação do parque de ins­ta­la­ções do SNS.

 

Pro­mover o di­reito à Edu­cação, à Ci­ência, à Cul­tura e ao Des­porto, mais e me­lhores ser­viços pú­blicos

De modo a as­se­gurar o de­sen­vol­vi­mento de todos os ser­viços pú­blicos, urge re­verter os pro­cessos de trans­fe­rência de com­pe­tên­cias para as au­tar­quias, repor fre­gue­sias que foram ex­tintas, re­a­brir ser­viços que foram en­cer­rados e re­forçar os exis­tentes, ga­rantir a co­ber­tura do ter­ri­tório na­ci­onal, re­crutar os mi­lhares de pro­fis­si­o­nais em falta e re­va­lo­rizar as suas car­reiras – na Jus­tiça, na Saúde, na Se­gu­rança So­cial, nas forças e ser­viços de se­gu­rança, nos mi­li­tares e nas res­tantes fun­ções ad­mi­nis­tra­tivas e pú­blicas.

Na Es­cola Pú­blica, é ur­gente com­bater a ca­rência de pro­fes­sores que atinge cen­tenas de mi­lhares de alunos, vin­cu­lando todos os pro­fes­sores com três ou mais anos de ser­viço e cri­ando in­cen­tivos à sua fi­xação nas áreas que deles mais ca­recem. Ao mesmo tempo, é pre­ciso con­tratar mais seis mil tra­ba­lha­dores não do­centes até 2023, e re­forçar o nú­mero de ou­tros pro­fis­si­o­nais, re­duzir o nú­mero de alunos por turma e o nú­mero de turmas por pro­fessor.

No do­mínio da cul­tura, há que as­se­gurar con­di­ções de tra­balho aos seus pro­fis­si­o­nais e à cri­ação ar­tís­tica, de­mo­cra­tizar a cul­tura e a fruição cul­tural e con­cre­tizar, no ime­diato, a con­sa­gração de um por cento do Or­ça­mento do Es­tado para o sector.

 

As­se­gurar o di­reito de todos à ha­bi­tação e à mo­bi­li­dade

A si­tu­ação na ha­bi­tação é grave: o cha­mado novo re­gime do ar­ren­da­mento ur­bano pro­vocou mi­lhares de des­pejos, as­so­ci­ados também à pressão de­cor­rente do tu­rismo e do in­ves­ti­mento es­tran­geiro des­re­gu­lados e da es­pe­cu­lação imo­bi­liária. Os preços das rendas de casa dis­pa­raram, os con­tratos de ar­ren­da­mento tor­naram-se pre­cá­rios, a oferta pú­blica deixou pra­ti­ca­mente de existir.

É pre­ciso re­vogar a Lei do Re­gime de Ar­ren­da­mento Ur­bano e adoptar um quadro legal que com­bata a es­pe­cu­lação, re­gule preços e as­se­gure es­ta­bi­li­dade nos con­tratos de ar­ren­da­mento por um pe­ríodo mí­nimo de 10 anos para novos con­tratos. É ne­ces­sário alargar a oferta pú­blica de ha­bi­tação em mais 50 mil fogos e mo­bi­lizar re­cursos para ha­bi­tação a custos con­tro­lados.

Nos trans­portes, de­pois do avanço que cons­ti­tuiu a re­dução do valor do passe nos trans­portes pú­blicos, impõe-se um forte in­ves­ti­mento pú­blico no alar­ga­mento da oferta a todo o País, bem como as­se­gurar a pro­gres­siva gra­tui­ti­dade dos trans­portes pú­blicos, a co­meçar pela gra­tui­ti­dade até aos 18 anos, já em 2022.

 

Uma Jus­tiça in­de­pen­dente e aces­sível a todos e o com­bate à cor­rupção

Con­si­de­rando «gri­tante» a falta de res­postas atem­padas e ade­quadas à si­tu­ação na Jus­tiça, o PCP de­nuncia o con­ti­nuado sub­fi­nan­ci­a­mento, a ca­rência de meios de in­ves­ti­gação e re­cursos hu­manos, as cres­centes di­fi­cul­dades e o in­com­por­tável custo do acesso aos tri­bu­nais e à jus­tiça e a ma­nu­tenção de dis­po­si­tivos le­gais que pre­ju­dicam a pre­venção e com­bate à cor­rupção.

O au­mento do in­ves­ti­mento na Jus­tiça, em re­cursos hu­manos, infra-es­tru­turas, equi­pa­mentos e ou­tros meios, é uma pri­o­ri­dade, tal como a re­visão ur­gente do re­gime legal das custas ju­di­ciais, bai­xando sig­ni­fi­ca­ti­va­mente o seu valor e alar­gando os cri­té­rios para a sua isenção, a va­lo­ri­zação das car­reiras dos pro­fis­si­o­nais da Jus­tiça. O re­forço das con­di­ções ne­ces­sá­rias a uma res­posta eficaz na luta an­ti­cor­rupção e a proi­bição do re­curso à ar­bi­tragem como forma de re­so­lução de li­tí­gios que en­volvam o Es­tado são ou­tras das me­didas pro­postas.

 

As­se­gurar a jus­tiça fiscal, ali­viar os im­postos sobre o tra­balho e as MPME, obter meios para os ser­viços e in­ves­ti­mento pú­blicos

O vo­lume dos im­postos e con­tri­bui­ções ar­re­ca­dados em Por­tugal não está longe da média eu­ro­peia, está é mal dis­tri­buído, pe­sando es­sen­ci­al­mente sobre os tra­ba­lha­dores e as MPME e con­cen­trado nos im­postos in­di­rectos (mais in­justos), ao mesmo tempo que o grande ca­pital acu­mula pri­vi­lé­gios. Com mais jus­tiça fiscal é pos­sível obter mais re­ceita.

É pos­sível en­frentar a cor­rupção, os pri­vi­lé­gios e a fuga do grande ca­pital ao pa­ga­mento de im­postos, de­sig­na­da­mente por via dos offshores, e de­sa­gravar a tri­bu­tação sobre o tra­balho e as MPME. É justo avançar com a tri­bu­tação do pa­tri­mónio mo­bi­liário, im­ple­mentar o en­glo­ba­mento obri­ga­tório de todos os ren­di­mentos para os con­tri­buintes do ac­tual úl­timo es­calão de IRS e de­sa­gravar a tri­bu­tação sobre os ren­di­mentos mais baixos e in­ter­mé­dios, no­me­a­da­mente au­men­tando os es­ca­lões, o valor do mí­nimo de exis­tência e da de­dução es­pe­cí­fica.

A re­dução do peso dos im­postos in­di­rectos – os mais in­justos so­ci­al­mente – passa, entre ou­tras me­didas, pela re­po­sição do IVA sobre a elec­tri­ci­dade e o gás nos seis por cento, as­se­gu­rando a mesma taxa para o gás de bo­tija.

 

Pro­mover um am­bi­ente sau­dável e ga­rantir o acesso à água e à energia, a pre­ser­vação dos ecos­sis­temas na­tu­rais, das flo­restas e da bi­o­di­ver­si­dade

O PCP propõe um Plano Ener­gé­tico Na­ci­onal capaz de pro­mover a re­dução dos preços da energia, a uti­li­zação ra­ci­onal e a efi­ci­ência ener­gé­tica, o maior apro­vei­ta­mento de re­cursos en­dó­genos, par­ti­cu­lar­mente re­no­vá­veis. O que passa pela re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico deste sector, num quadro em que é pre­ciso de­sa­marrar a tran­sição ener­gé­tica dos in­te­resses do ca­pital mo­no­po­lista e trans­na­ci­onal. As pri­va­ti­za­ções e as «so­lu­ções de mer­cado» re­ve­laram já – também ao nível ener­gé­tico e «am­bi­ental» –, a sua ine­fi­cácia e per­ver­si­dade.

Para dar com­bate efec­tivo às al­te­ra­ções cli­má­ticas são ne­ces­sá­rias me­didas efi­cazes na mi­ti­gação e adap­tação a esta re­a­li­dade, ao nível do or­de­na­mento do ter­ri­tório, da li­mi­tação dos modos de pro­dução in­ten­siva e su­pe­rin­ten­siva, de pro­moção, con­ser­vação e re­cu­pe­ração da bi­o­di­ver­si­dade, de in­cen­tivo à pro­dução e con­sumo lo­cais. A ga­rantia da gestão e pro­pri­e­dade pú­blicas da água é es­sen­cial para a sal­va­guarda dos re­cursos hí­dricos.

 

Di­na­mizar o de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico – mais pro­dução na­ci­onal, mais em­prego, de­fesa das MPME

De modo a as­se­gurar o cres­ci­mento e de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico, o PCP de­fende um sig­ni­fi­ca­tivo in­cre­mento do in­ves­ti­mento pú­blico – fi­xando como re­fe­rência cinco por cento do PIB ao ano –, o que en­volve uma ajus­tada e in­te­gral exe­cução do Plano de Re­cu­pe­ração e Re­si­li­ência e dos de­mais fundos co­mu­ni­tá­rios, a pro­moção do in­ves­ti­mento em­pre­sa­rial e a mo­bi­li­zação de ou­tros re­cursos.

É pre­ciso avançar de facto com a rein­dus­tri­a­li­zação, subs­ti­tuir im­por­ta­ções por pro­dução na­ci­onal, au­mentar o valor acres­cen­tado na­ci­onal e a com­po­nente na­ci­onal nas ex­por­ta­ções, in­vestir na pro­dução na­ci­onal (de­sig­na­da­mente de ali­mentos, me­di­ca­mentos e meios de trans­porte). E, também, pro­mover o de­sen­vol­vi­mento da agri­cul­tura fa­mi­liar, da pesca ar­te­sanal e cos­teira e das co­o­pe­ra­tivas, vi­sando a so­be­rania e se­gu­rança ali­men­tares.

O PCP de­fende ainda me­didas ca­pazes de as­se­gurar o de­sem­penho pre­sente e fu­turo de em­presas es­tra­té­gicas e re­alça op­ções ur­gentes que im­porta tomar, no­me­a­da­mente em re­lação à TAP, as­se­gu­rando o seu de­sen­vol­vi­mento fu­turo.

 

O Com­pro­misso Elei­toral do PCP pode ser con­sul­tado em www.cdu.pt/​2022/​com­pro­misso-elei­toral-do-pcp




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