Filha mais velha do pintor toscano Orazio Gentileschi, nascida em Roma, vítima de um ignóbil processo público na sequência da violação pelo pintor Agostino Tassi, seu tutor, Artemisia Gentileschi é uma das raras mulheres do seu tempo a ver reconhecidas as suas produções artísticas. O estupro e o infame julgamento que se seguiu – foi submetida a diversos exames ginecológicos e obrigada a testemunhar sob tortura para se apurar a veracidade da acusação – não a venceram. Partilha com o pai a influência de Caravaggio, amigo da família, mas cedo segue o próprio rumo, primeiro em Itália e depois pela Europa. É requisitada pelas grandes figuras da época, desde o Grão-Duque da Toscana, Cosme II de Médici, ao Papa Urbano VIII, passando pelo monarca francês Luís XIII, o cardeal Richelieu, Carlos I de Inglaterra, Filipe IV de Espanha, entre outros. Todos querem ter uma “Artemisia”, confirmando a justeza das palavras da artista, que se torna na primeira mulher a entrar para a Academia de Arte de Florença: «As minhas obras falarão por si próprias». Entre as mais famosas inclui-se o seu “Auto retrato como alegoria da pintura”. Assina as obras com AGF, Artemisia Gentileschi Fecit, sublinhando com o verbo “fazer” a autoria que o machismo rejeitava reconhecer.