CDU alerta para o agravamento do custo de vida em 2022

«A vida está mais cara», mas o pró­ximo ano não tem de ser de «di­fi­cul­dades, pri­va­ções e po­breza», as­se­gurou Je­ró­nimo de Sousa, numa sessão pú­blica «Contra o au­mento do custo de vida», re­a­li­zada an­te­ontem, 28, no Mon­tijo. Na sede da Banda De­mo­crá­tica 2 de Ja­neiro, o Se­cre­tário-geral do PCP pediu «mais força à CDU» nas pró­ximas elei­ções para au­mentar o ren­di­mento das fa­mí­lias e os sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores, mas também uma me­lhor dis­tri­buição de ri­queza.

«Está nas mãos de cada um es­co­lher e de­cidir do seu fu­turo»

Na mesa, com Je­ró­nimo de Sousa, es­ti­veram Paula Santos, de­pu­tada do PCP na As­sem­bleia da Re­pú­blica e pri­meira can­di­data da CDU pelo cír­culo elei­toral de Se­túbal, Jo­a­quim Cor­reia, do Con­selho Na­ci­onal do Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes» e ve­re­ador na Câ­mara do Mon­tijo, e João Veiga, da Co­missão Con­ce­lhia do Mon­tijo do PCP.

«Nos úl­timos tempos temos iden­ti­fi­cado um au­mento dos preços de bens es­sen­ciais», sa­li­entou, na aber­tura dos tra­ba­lhos, a can­di­data, re­fe­rindo-se, por exemplo, ao agra­va­mento dos custos com a ali­men­tação, a energia, a ha­bi­tação e a saúde.

Se­guiram-se tes­te­mu­nhos sobre a vida con­creta, os pro­blemas e di­fi­cul­dades pelas quais passa grande parte da po­pu­lação. Nelson Sousa deu conta dos au­mentos de bens de pri­meira ne­ces­si­dade já anun­ci­ados para o pró­ximo ano, como o pão (nove por cento), o leite (mais seis cên­timos por litro), os ovos (7,6 por cento) e o papel hi­gié­nico (oito a 10 cên­timos). Este ano de 2021, as­si­nalou, a fruta so­freu um au­mento de 15 por cento e a carne 25 por cento. Entre Maio e Se­tembro, o ga­sóleo agrí­cola ficou mais caro cerca de 60 por cento.

Por seu lado, Jo­a­quim Ba­talha lem­brou que «uma das formas de com­bater a po­breza» dos re­for­mados passa pela sal­va­guarda do sis­tema pú­blico de Se­gu­rança So­cial. Já Álvaro Costa alertou para o des­me­su­rado au­mento das rendas das casas – que vão con­ti­nuar em 2022 – e para a ne­ces­si­dade de acabar com as taxas mo­de­ra­doras na saúde.

A sessão en­cerrou com a in­ter­venção de Je­ró­nimo de Sousa, para quem o au­mento dos sa­lá­rios é a me­dida mais emer­gente de todas a que um fu­turo go­verno terá de res­ponder. Re­clamou, por isso, o au­mento do sa­lário médio, fa­zendo-o con­vergir em cinco anos, em vez de se afastar pro­gres­si­va­mente com a média da Zona Euro», e do sa­lário mí­nimo na­ci­onal para 850 euros, que «de­veria co­nhecer ainda em 2022 o valor de 800 euros», e dos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica.

In­dis­pen­sável é, também, «re­gular e ta­belar preços» na energia eléc­trica e nos com­bus­tí­veis, nas te­le­co­mu­ni­ca­ções e ser­viços ban­cá­rios, nas rendas de casa, uma opção «al­ter­na­tiva à lei da selva que foi im­posta pela pri­va­ti­zação e li­be­ra­li­zação de sec­tores es­tra­té­gicos», acentuo o di­ri­gente co­mu­nista, des­ta­cando: «A re­dução do IVA sobre a elec­tri­ci­dade para seis por cento é um ob­jec­tivo do qual não de­sis­timos e que a si­tu­ação ac­tual exige que seja adop­tada em 2022», frisou.

O Se­cre­tário-geral do PCP exigiu ainda que «todas as pen­sões de re­forma sejam au­men­tadas a partir de Ja­neiro com um valor mí­nimo de 10 euros».

 

Su­bidas ga­lo­pantes

Re­cen­te­mente, o Se­cre­tário-geral do PCP es­teve num bairro do Ca­tujal, no con­celho de Loures, para ouvir o tes­te­munho vivo de quem é con­fron­tado com o preço cada vez mais caro do gás de bo­tija. Ali deu conta da ne­ces­si­dade e da pos­si­bi­li­dade de fazer baixar o preço deste pro­duto, seja por via da in­ter­venção nas mar­gens dos gros­sistas, seja re­du­zindo o IVA de 13 para seis por cento.

No Mon­tijo, Je­ró­nimo de Sousa as­si­nalou o facto de os preços dos com­bus­tí­veis terem tido uma «su­bida ga­lo­pante» no úl­timos ano, que «está muito para lá da di­mensão fiscal que pre­cisa de ser al­te­rada». As crí­ticas es­ten­deram-se ao agra­va­mento dos preços das rendas de casa e às di­fi­cul­dades no acesso à ha­bi­tação; às co­mis­sões ban­cá­rias, ma­nu­ten­ções de contas e ou­tros tipos de ser­viços ban­cá­rios; às ta­rifas de te­le­co­mu­ni­ca­ções, que em Por­tugal são das mais altas da União Eu­ro­peia.