- Nº 2512 (2022/01/20)

As eleições e o futuro

Opinião

Estamos a pouco mais de uma semana das eleições legislativas de 30 de Janeiro. No quadro político e institucional que resultar das eleições, vai colocar-se o rumo para o País. Muito mais determinará esse rumo, desde logo a luta dos trabalhadores e das massas populares com o seu papel determinante, mas os resultados das eleições e a relação de forças institucional que delas vai decorrer tem particular importância.

À medida que o tempo passa fica mais claro que o PS conviveu mal com a convergência dos últimos anos para promover avanços, resistiu, limitou e travou medidas e procurou fugir desse caminho.

O PS fez tudo para que a Proposta de Orçamento de Estado para 2022 não fosse aprovada, a alternativa que colocou era a chantagem: ou deixavam passar e viabilizavam, no orçamento e além dele, o que queria - que não respondia e agravava os problemas nacionais - , ou precipitava a realização de eleições.

O PS e o Presidente da República desencadearam a antecipação das eleições. Essa batalha política está em curso.

Os centros do grande capital apostam simultaneamente na maioria absoluta do PS, no entendimento entre o PS e o PSD, independentemente de quem seja governo, e na promoção das forças reaccionárias como instrumentos imediatos e como carta para melhor utilização a prazo.

Olhando o futuro próximo as opções do PS vão tornar a situação mais exigente. O PS não tentará apenas bloquear soluções, em várias dimensões há o risco de promover retrocessos. O PS tentará aproveitar o seu resultado, para veicular as suas opções de classe, sempre presentes, mas condicionadas nos últimos anos. Os sinais disso estão já à vista nomeadamente com os direitos dos trabalhadores, a manutenção das normas gravosas da legislação laboral, o bloqueamento do aumento dos salários quando o poder de compra está a ser corroído pela inflação, a lógica das privatizações com o anúncio da privatização de 50% da TAP, a canalização de milhares de milhões de euros do erário público para os grupos económicos.

A sua opção pela maioria absoluta ou por governar lei a lei com o PSD como fez no final dos anos 90 está agora claramente afirmada. Mas para além dos propósitos do PS serão as circunstâncias, os resultados eleitorais e a luta dos trabalhadores e do povo a determinar.

O voto que decide

Os tempos que se seguirão às eleições vão ser tempos de exigente intervenção política, de luta e da sua intensificação e vão ser tempos em que o resultado da CDU, o número de deputados do PCP e do PEV, pesará como um elemento muito significativo.

A CDU é a força decisiva, em todos os planos, em cada momento, com o seu compromisso com os trabalhadores e o povo. Resistindo, tomando a iniciativa com coragem e audácia: não desperdiçando possibilidades como aconteceu em 2015; travando medidas negativas, defendendo, repondo e conquistando direitos; não desertando da intervenção e do apoio aos trabalhadores e às populações quando foi preciso durante a epidemia; não cedendo à chantagem em torno da proposta do orçamento para 2022, recusando a fuga à resposta aos problemas, a estagnação e afundamento do País, o aprofundamento das injustiças e desigualdades; não temendo e combatendo a direita e a extrema direita; exigindo o cumprimento dos direitos inscritos na Constituição.

A CDU é a força com que os trabalhadores e o povo, os democratas e patriotas sempre podem contar, a força de luta, de convergência, de construção e avanço.

O voto na CDU é o voto de combate às forças reaccionárias, que trava o regresso ao poder do PSD, do CDS com os seus sucedâneos, dificulta os entendimentos entre o PS e o PSD e contribui para impedir maiorias absolutas.

O voto da CDU é o voto que decide das soluções para o País, que promove a ruptura com a política de direita e a concretização da alternativa que Portugal precisa, patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril, para um País mais desenvolvido e uma sociedade mais justa.


Francisco Lopes