Acção de protesto em Braga em defesa da produção agrícola nacional
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) promove, no dia 24 de Março, às 11h00, por ocasião da abertura da Feira Agro, em Braga, uma acção de protesto em defesa da produção nacional e da soberania alimentar do País.
«Os agricultores estão à beira da ruína»
Quando «os agricultores estão à beira da ruína», a CNA – sempre com os agricultores e com as suas filiadas – vai promover na próxima quinta-feira esta iniciativa em Braga para reclamar do Governo «medidas urgentes» e «outras e melhores políticas agro-rurais».
Além do combate à especulação e à escalada dos preços dos factores de produção (combustíveis, electricidade, rações, sementes, adubos, fitofármacos, a Confederação reclama do Executivo PS o escoamento da produção agrícola e florestal nacional a preços justos; a defesa da produção de leite e de carne, asfixiada pelos baixos preços na produção e pelos enormes custos de produção; a proibição das vendas com prejuízo ao longo de toda a cadeia, bem como a regulação e fiscalização da actividade da grande distribuição; medidas extraordinárias para fazer face à seca e para mitigar prejuízos causados por animais selvagens.
Por outro lado, exige-se o fim da discriminação e da falta de apoio para os Baldios; a concretização do processo eleitoral para a Casa do Douro; a concretização plena do Estatuto da Agricultura Familiar; um Plano Estratégico da Política Agrícola Comum que apoie a Agricultura Familiar; apoios para os jovens e a valorização do papel das mulheres agricultoras; mais e melhores serviços públicos no Mundo Rural.
Despesas incomportáveis
Reagindo ao aumento dos preços dos combustíveis, a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO) enviou, no passado dia 5, uma exposição à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, lembrando que o aumento no gasóleo verde «terá um impacto brutal em todos os sectores da nossa agricultura», principalmente «em todo o sector pecuário que já está a braços com os preços absurdos das rações e da palha para os animais».
Neste sentido, ou o Governo «intervém» ou «vamos ter fome nos campos, com milhares de agricultores a abandonar as suas explorações», destaca a ADACO, para quem «é urgente» que sejam aumentados os descontos no gasóleo verde de forma a que o preço (antes dos aumentos) se mantenha. A associação reclama, igualmente, medidas concretas que impeçam o contínuo aumentos dos preços das rações para os animais, bem como a regulamentação e aplicação da medida decidida pela Assembleia da República em 2021 de comparticipar nos custos com a electricidade.
Dar resposta às dificuldades
No Dia Internacional da Mulher, a Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas (MARP) relembrou o «importante papel da mulher agricultora e rural» e as «dificuldades que enfrentam diariamente». Numa posição publicada a 8 de Março, a MARP alertou para o «agravamento da situação de fragilidade, sobrevivência e manutenção das pequenas e médias explorações agrícolas» e para «a escassez de serviços públicos em qualidade e quantidade nas nossas aldeias e vilas». As preocupações passam pela pioria da soberania alimentar portuguesa, que se aprofundará «num futuro muito próximo», pela situação do conflito no Leste da Europa.
Abandonados pelo Governo
Também a Ruralalentejo anunciou que vai participar na iniciativa de 24 de Março, em Braga. «Como é que se pode ajudar a contrariar a desertificação do Interior, se o Governo não apoia aqueles que ainda persistem em viver, cultivando e produzindo, quando o que produzem não é valorizado, de forma a incentivá-los a continuar a produzir», interroga a filiada na CNA.