Rejeitar o militarismo defender o País

O PCP defende, também no Parlamento Europeu, que não se combate a guerra insistindo nas medidas que lhe estão na origem. E propõe o controlo público de sectores estratégicos para minimizar os impactos das sanções e da especulação.

A guerra serve a indústria do armamento e a especulação

Na mini-sessão plenária de Março do Parlamento Europeu, João Pimenta Lopes realçou ser preciso «dar uma oportunidade à paz». Para o deputado do PCP, «urge parar a guerra na Ucrânia», que não serve nenhum povo mas que sem dúvida beneficia o complexo industrial-militar ou os que «lucram com a especulação e à custa da imposição de sanções que serão os trabalhadores e os povos a pagar».

Reafirmando o que há muito o Partido vem dizendo, o deputado garantiu que «não será com o incremento da política e das medidas que estão na origem da escalada do conflito na Europa que será possível alcançar a paz». Impõe-se, pelo contrário, o desenvolvimento de «iniciativas de diálogo que ponham fim à guerra e permitam uma resolução negociada do conflito». Importa ainda, acrescentou, «dar passos para responder aos problemas da segurança colectiva e do desarmamento na Europa, que afirme e coloque a paz e a cooperação entre os povos no horizonte».

Numa outra intervenção, João Pimenta Lopes questionou: «A quem serve e quem pagará este caminho?» Denunciando que os povos continuam sem resposta aos seus problemas ao mesmo tempo que se propõe agora a isenção de IVA no armamento.

O deputado do PCP insistiu na necessidade de reverter a liberalização do sector energético, recuperando o controlo público.

 

Imperialismo, ingerência e fascismo

Um dos eixos da propaganda dos EUA, NATO e UE pretende apresentar o conflito no Leste da Europa como um confronto entre a autocracia e a democracia, representadas, respectivamente, pela Rússia e pela Ucrânia.

Para tal, esforçam-se por obscurecer o carácter xenófobo e belicista do poder por si instalado na Ucrânia, na sequência do golpe de Estado de Fevereiro de 2014, no qual utilizaram grupos fascistas e neonazis e em cuja preparação os EUA investiram cinco mil milhões de dólares, como reconheceu a subsecretária de Estado, Victoria Nuland – a mesma que, numa escuta divulgada pela BBC, foi apanhada a escolher ministros para a junta governativa pós-Maidan.

O apoio aos sectores mais agressivos do nacionalismo ucraniano, iniciado há três décadas, foi um dos aspectos centrais da ingerência do imperialismo no país. Forças como o Sector Direito ou o Svoboda, já então conhecidos pela violência contra a população russófona, assumiram grande preponderância nos acontecimentos da Praça Maidan, manipulando genuínas insatisfações.

Consumado o golpe, inicia-se o alinhamento total da Ucrânia com a estratégia do imperialismo, particularmente do norte-americano: logo em Março, são assinados com a UE o Tratado de Associação e o Tratado de Livre Comércio e, no final do ano, é anulado o estatuto de neutralidade do país. A repressão recai sobre toda e qualquer oposição ao golpe: o massacre da Casa dos Sindicatos de Odessa (em que foram assassinadas mais de 40 pessoas) e a guerra contra a população do Donbass são dois dos mais flagrantes exemplos.

Paralelamente, forças xenófobas, fascistas e neonazis são integradas em postos-chave do aparelho de Estado: formações paramilitares de extrema-direita constituem-se em Milícia Nacional e incorporam-se nas Forças Armadas, inseridas na Guarda Nacional – é o caso do Batalhão Azov. Os relatos de torturas e assassinatos sucedem-se.

Em Junho de 2020, e por mais que hoje tente esconder esta realidade, o Público revelava que a Ucrânia representava, para a extrema-direita europeia, o que territórios sírios foram para o Daesh: um «campo de treino militar».

Tendo raízes históricas, o fascismo na Ucrânia tem a marca da ingerência do imperialismo – e constitui mais um dos seus crimes.

 



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