Porto recorda luta de 1972 contra a carestia de vida

A 15 de Abril de 1972 re­a­lizou-se no Porto uma gran­diosa acção de luta contra a ca­restia de vida, que reuniu no centro da ci­dade mais de 40 mil ma­ni­fes­tantes – re­cor­dada pela URAP, dia 14, no mesmo local.

Ontem como hoje, luta-se pela paz e contra a ca­restia de vida

A acção da pas­sada quinta-feira foi pro­mo­vida pelo nú­cleo do Porto da URAP e reuniu no exacto local da ma­ni­fes­tação de 1972 perto de uma cen­tena de pes­soas que re­cor­daram aquela im­por­tante luta, or­ga­ni­zada pelo Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês. Sa­li­en­tada na oca­sião foi a coin­ci­dência de mo­tivos entre essa luta e as que hoje se travam, em con­di­ções em­bora muito di­fe­rentes: contra a guerra e a es­ca­lada es­pe­cu­la­tiva de preços; pela paz e a me­lhoria das con­di­ções de vida.

Evocou-se a co­ragem dos cerca de 40 mil ma­ni­fes­tantes que, en­fren­tando co­ra­jo­sa­mente a brutal re­pressão, deram corpo ao com­bate contra a ca­restia de vida, pelo au­mento geral dos sa­lá­rios, pelo fim da guerra co­lo­nial e por li­ber­dades e ga­ran­tias de­mo­crá­ticas. E re­alçou-se a par­ti­ci­pação mas­siva de jo­vens – nessa como em lutas pos­te­ri­ores, que de­sem­bo­caram no 25 de Abril.

Nesse dia 15 de Abril de 1972, lem­brou quem par­ti­cipou nessa jor­nada, a afluência po­pular «foi me­mo­rável. O pro­testo e a dis­po­sição para a luta ga­nharam força e forma e ven­ceram o medo». A re­pressão foi vi­o­lenta, houve presos e fe­ridos, mas a ma­ni­fes­tação fez-se, pro­vo­cando um forte abalo no fas­cismo – que cairia dois anos de­pois.

Mas uma tal mo­bi­li­zação po­pular não caiu do céu, antes re­quereu um in­tenso, me­ti­cu­loso e cri­a­tivo tra­balho de or­ga­ni­zação: da cam­panha de pro­pa­ganda constou a afi­xação e pro­dução de car­tazes e pi­cha­gens e a dis­tri­buição de mais de 260 mil do­cu­mentos. «Tudo tra­ba­lhado clan­des­ti­na­mente e dis­tri­buído pelas mais en­ge­nhosas formas nas em­presas, mer­cados, es­ta­ções de trans­portes, etc. – caso das caixas de cartão que se fa­ziam ex­plodir e es­pa­lhar as pe­que­nís­simas tar­jetas em papel bí­blia», afirmou-se na evo­cação.

 



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