PROJECTAR ABRIL NUM MAIO DE LUTA E CONFIANÇA

Milhares e milhares de pessoas – em desfiles, convívios, almoços, jantares, espectáculos diversos – comemoraram o 48.º aniversário do 25 de Abril, os seus valores, os seus avanços e conquistas, o seu património de luta dos trabalhadores e do povo português, uma afirmação de liberdade, de emancipação social e de independência nacional.

Assim foi, por todo o País, com a visível e entusiástica participação de muitos milhares de jovens, com grande destaque para a cidade de Lisboa onde uma impressionante multidão deixou a avenida da Liberdade a transbordar numa imensa mole humana que se estendeu do Marquês de Pombal ao Rossio.

Quem, de uma forma combativa, quis marcar presença nestas comemorações, fê-lo para afirmar os valores de Abril, mas também para condenar a política de direita que ao longo de décadas, pelas mãos de sucessivos governos do PS, PSD e CDS, têm vindo a tentar destruir todos os avanços e conquistas que, com a Revolução de Abril, os trabalhadores e o povo conquistaram.

Fê-lo também, como é o caso do PCP e de muitos outros democratas e patriotas, para reafirmar o seu compromisso de hoje e de sempre contra o fascismo e a guerra, pela paz, a liberdade, a democracia, a justiça social, pelos valores de Abril na vida das crianças, dos jovens, dos trabalhadores, do povo português, com uma inabalável confiança no futuro.

Ao comemorarmos Abril evocamos a sua realização mas sobretudo projectamos as suas conquistas e valores na construção de um Portugal desenvolvido, de progresso, de paz e soberano.

Como declarou Jerónimo de Sousa, durante o desfile em Lisboa, «o importante para nós é que no quotidiano, dia-a-dia, mês a mês, ano a ano, se prossiga esse grande objectivo que esses valores de Abril sejam materializados: seja pelo direito ao trabalho, o direito à educação, o direito ao SNS, o direito à habitação, o direito a ter direitos, pois esses valores estão aqui presentes».

Como afirmou também a deputada do PCP, Paula Santos, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na AR, «há quem procure desvirtuar o conteúdo e significado do 25 de Abril. Contra as perversões e falsificações históricas celebramos a Revolução que assumiu como objetivos instaurar um regime democrático, liquidar o poder dos monopólios e promover o desenvolvimento económico geral e a reforma agrária, entregando a terra a quem a trabalha, elevar o nível de vida das classes trabalhadoras e do povo em geral, democratizar o acesso à educação e à cultura, afirmar a independência nacional, libertar Portugal do Imperialismo, prosseguir uma política de paz e de amizade com todos os povos. Tudo isto consagrado na Constituição aprovada em 2 de Abril de 1976, apesar dos propósitos e atentados das forças reacionárias para o impedir.»

 

É com a força de Abril que importa agora prosseguir os combates do presente pelo reforço dos direitos, pela paz e contra o aumento do custo de vida, pelo aumento dos salários e pensões, pela protecção social, pelo Serviço Nacional de Saúde, pela escola pública, pelo direito à habitação, à cultura, aos transportes, à segurança, pela igualdade, pela protecção do ambiente, pela reposição do aparelho produtivo e valorização da produção nacional, pela libertação das imposições da União Europeia, da ditadura dos critérios do euro, do domínio do capital monopolista, por uma política que cumpra e faça cumprir a Constituição da República Portuguesa e os direitos nela consagrados, que assuma como condição fundamental a valorização do trabalho e dos trabalhadores, que assegure o desenvolvimento soberano e o progresso social.

Grandiosas comemorações de Abril que agora se projectam em Maio abrindo caminho ao reforço da mobilização para a jornada de luta convocada pela CGTP-IN, no 1.º de Maio, já no próximo domingo, levando de novo às ruas, praças e avenidas do País as reivindicações dos trabalhadores portugueses, organizados a partir das empresas e locais de trabalho.


É também neste quatro que o reforço do PCP se assume com acrescida exigência tendo presente o papel necessário, indispensável e insubstituível do Partido, na resistência ao fascismo, pelos avanços da Revolução de Abril, contra a política de direita e pela política alternativa patriótica e de esquerda que é parte integrante de uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril e indissociável da luta pela construção de uma sociedade nova sem exploradores nem explorados.