Das lutas de todos os dias para as ruas do 1.º Maio

Por «mais sa­lário, 35 horas, em­prego com di­reitos, con­tra­tação co­lec­tiva, ser­viços pú­blicos» são as exi­gên­cias que con­cre­tizam o lema «Lutar e con­quistar para o País avançar». Nas co­me­mo­ra­ções deste Dia In­ter­na­ci­onal do Tra­ba­lhador, em três de­zenas de lo­ca­li­dades, «saímos à rua com as rei­vin­di­ca­ções a partir do local de tra­balho, da em­presa ou do sector», apela a CGTP-IN.

Va­lo­rizar o tra­balho e os tra­ba­lha­dores é con­dição para o de­sen­vol­vi­mento do País

«Para ga­rantir uma vida digna, é ur­gente va­lo­rizar o tra­balho e os tra­ba­lha­dores, como con­dição para o de­sen­vol­vi­mento do País», afirma a con­fe­de­ração, no ma­ni­festo que co­meçou a ser dis­tri­buído, desde a se­mana pas­sada. Re­jei­tando «o ataque ao poder de compra e aos di­reitos», a In­ter­sin­dical re­a­firma a re­cla­mação de au­mento geral dos sa­lá­rios, em 90 euros, um sa­lário mí­nimo na­ci­onal de 850 euros, a curto prazo, e o au­mento das pen­sões e re­formas.

Além do com­bate ao au­mento do custo de vida e à es­pe­cu­lação, há que re­vogar as normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral e ga­rantir a di­na­mi­zação da con­tra­tação co­lec­tiva, blo­queada pela ca­du­ci­dade que os pa­trões usam como chan­tagem.

A CGTP-IN in­siste que «só há em­prego com di­reitos, er­ra­di­cando a pre­ca­ri­e­dade» e que «só com a re­dução dos ho­rá­rios de tra­balho, o fim do banco de horas e das adap­ta­bi­li­dades, é pos­sível ga­rantir a con­ci­li­ação entre o tra­balho e a vida pes­soal e fa­mi­liar».

No do­cu­mento, alerta-se que «de­pois do apro­vei­ta­mento da pan­demia, os grupos eco­nó­micos e as mul­ti­na­ci­o­nais querem servir-se agora da guerra e das san­ções, com a es­pe­cu­lação e o brutal au­mento de preços, para acu­mu­larem lu­cros co­los­sais, à custa da de­gra­dação das con­di­ções de vida e do au­mento da ex­plo­ração».

Mais fortes, todos juntos

Ao con­ver­girem no 1.º de Maio, ga­nham mais força as ra­zões pró­prias das lutas tra­vadas por mi­lhares de tra­ba­lha­dores nos úl­timos meses, ex­pondo nas ruas como têm tanto de comum: nos ob­jec­tivos que as movem, nos pro­blemas a que exigem res­posta, nos mo­tivos a er­ra­dicar, nos res­pon­sá­veis ime­di­atos e nas causas mais pro­fundas.

Todos juntos, ficam mais fortes os tra­ba­lha­dores de di­fe­rentes em­presas, ser­viços, sec­tores – e por isso as suas lutas con­vergem para o 1.º de Maio da CGTP-IN.

Para que tal possa acon­tecer, mesmo sendo o Dia do Tra­ba­lhador fe­riado e a ocorrer este ano num do­mingo, o Sin­di­cato do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços (CESP) apre­sentou pré-aviso de greve e de­cidiu mesmo cons­ti­tuir pi­quetes em al­guns lo­cais de tra­balho. Nos ob­jec­tivos da greve in­clui-se o en­cer­ra­mento do co­mércio aos do­mingos e fe­ri­ados.

Si­tu­ação se­me­lhante su­cedeu nas te­le­co­mu­ni­ca­ções, para cujos cen­tros de con­tacto (call cen­ters), ope­rados pelas em­presas In­telcia, Man­power, Randstad, RH Mais e Ver­tente Hu­mana, o SNTCT con­vocou greve nos dias 25 de Abril e 1.º de Maio.

O STAL de­cidiu re­a­lizar, desde me­ados de Abril, mais de duas de­zenas de ple­ná­rios e ini­ci­a­tivas de con­tacto com tra­ba­lha­dores de câ­maras e em­presas mu­ni­ci­pais, bom­beiros e em­presas do Grupo Águas de Por­tugal, como forma de mo­bi­li­zação para a luta contra o agra­va­mento do custo de vida e a re­dução do poder de compra dos tra­ba­lha­dores, des­ta­cando a par­ti­ci­pação no 1.º de Maio.

Estas ac­ções, tal como ou­tras que no­ti­ci­amos nestas pá­ginas, são exem­plos de um es­forço de es­cla­re­ci­mento, mo­bi­li­zação e or­ga­ni­zação, que en­volve todas as es­tru­turas do mo­vi­mento sin­dical uni­tário.

 

Lusa

Todos às co­me­mo­ra­ções da CGTP-IN!

A lista de ini­ci­a­tivas in­se­ridas na jor­nada de luta do 1.º de Maio, di­vul­gada pela CGTP-IN, abarca três de­zenas de lo­ca­li­dades, no Con­ti­nente e nas re­giões au­tó­nomas. Nela se in­cluem mais de duas de­zenas de ma­ni­fes­ta­ções e con­cen­tra­ções, bem como des­porto, ac­ti­vi­dades para cri­anças e pais, mú­sica, con­vívio...

Em Lisboa, é re­to­mado o per­curso já tra­di­ci­onal da ma­ni­fes­tação, desde o Largo de Martim Moniz até à Ala­meda Dom Afonso Hen­ri­ques, onde es­tarão ins­ta­lados bares e ba­zares e um grande palco, de cuja tri­buna fa­lará a Se­cre­tária-geral da CGTP-IN, Isabel Ca­ma­rinha.

Sín­tese do pro­grama na­ci­onal

Aveiro 15h00 Ma­ni­fes­tação do Largo da Es­tação da CP até à Praça da Re­pú­blica

Beja 10h30 Ma­ni­fes­tação da Casa da Cul­tura até ao jardim pú­blico. De tarde, con­ví­vios na Bar­ragem do Enxoé (Pias) e na Bar­ragem do Roxo (Er­videl)

Cas­telo Branco 10h00 Des­file do Museu, junto ao Parque da Ci­dade, até à Câ­mara Mu­ni­cipal. Co­vilhã 15h00 Co­mício-festa no Jardim Pú­blico. Tor­to­sendo 10h30 Ma­ni­fes­tação. Minas da Pa­nas­queira Ini­ci­a­tivas cul­tu­rais e des­por­tivas du­rante o dia.

Coimbra 15h00 Ma­ni­fes­tação da Praça da Re­pú­blica até à Praça 8 de Maio. Fi­gueira da Foz 15h00 De­bate cul­tural

Évora 15h00 Ma­ni­fes­tação do Te­atro Garcia Re­sende até à Praça 1.º de Maio

Faro 10h00 Des­file do Mer­cado Mu­ni­cipal até ao Te­atro das Fi­guras (Te­atro Mu­ni­cipal)

Seia (Guarda) 15h30 Marcha da Ro­tunda do Tear, junto à Fisel, até à Praça da Re­pú­blica

Leiria 15h30 Ma­ni­fes­tação da Av. 22 de Maio (Jardim Al­moinha Grande) até à Praça Ro­dri­gues Lobo

Lisboa 14h30 Ma­ni­fes­tação do Martim Moniz até à Ala­meda Dom Afonso Hen­ri­ques. Torres Ve­dras Ini­ci­a­tivas no Parque Re­gi­onal de Ex­po­si­ções

Por­ta­legre 11h00 Des­file da Av. Mo­vi­mento das Forças Ar­madas até ao Rossio

Porto 15h00 Ma­ni­fes­tação na Ave­nida dos Ali­ados

San­tarém 10h00 Des­file da Se­gu­rança So­cial até ao Jardim da Re­pú­blica

Se­túbal 15h00 Ma­ni­fes­tação da Praça do Brasil até à Av. Luísa Todi (co­reto). Grân­dola 15h00 Con­cen­tração no Jardim 1.º de Maio. Sines 11h00 Ma­ni­fes­tação no Jardim das Des­co­bertas

Viana do Cas­telo 15h00 Ma­ni­fes­tação do Largo da Es­tação Fer­ro­viária até à Praça da Re­pú­blica

Vila Real 15h00 Con­cen­tração na Praça do Mu­ni­cípio

Viseu 14h30 Ma­ni­fes­tação de Santa Cris­tina até ao Rossio. Man­gualde 15h00 Largo Dr. Couto. La­mego 14h00 Av. Al­fredo de Sousa

RA Açores – Angra do He­roísmo 10h00 Ple­nário de di­ri­gentes e ac­ti­vistas na Casa Sin­dical. Horta 13h00 Festa Po­pular no Parque Vi­to­rino Ne­mésio (Alagoa)

RA Ma­deira – Fun­chal 10h00 Ma­ni­fes­tação da As­sem­bleia Le­gis­la­tiva Re­gi­onal até ao Jardim Mu­ni­cipal.

 

Greve na in­dús­tria con­ser­veira

No dia 21 de Abril, fi­zeram greve os tra­ba­lha­dores da in­dús­tria de con­servas de peixe, exi­gindo au­mentos sa­la­riais e a ne­go­ci­ação do con­trato co­lec­tivo de tra­balho, sem re­ti­rada de di­reitos.

Du­rante esta jor­nada, con­vo­cada pela Fe­saht/​CGTP-IN, os sin­di­catos Sintab e STIAC pro­mo­veram con­cen­tra­ções em Pe­niche, junto da ESIP (Thay Union), e na Fi­gueira da Foz, em frente da Co­fisa.

Os tra­ba­lha­dores e as suas es­tru­turas apon­taram o con­traste entre os re­sul­tados das em­presas – au­mentos de 14 por cento, no vo­lume de vendas, e de 20 por cento, em valor, du­rante o ano de 2020, com ex­pec­ta­tivas de cres­ci­mento da pro­cura no cor­rente ano – e a im­po­sição pa­tronal de sa­lá­rios muitos baixos, ao nível do mí­nimo na­ci­onal. A as­so­ci­ação pa­tronal ANCIP re­cusa ne­go­ciar a ta­bela sa­la­rial e a re­visão do clau­su­lado do con­trato co­lec­tivo, en­quanto os sin­di­catos não acei­tarem a re­ti­rada de di­reitos.

Do­ca­pesca
Os tra­ba­lha­dores da Do­ca­pesca ade­riram em força à greve, con­vo­cada pelo Si­ma­mevip, nos dias 13, 14 e 16. A luta pro­vocou o en­cer­ra­mento de todas as lotas, como re­feriu um di­ri­gente do sin­di­cato, ci­tado pela agência Lusa, no final do se­gundo dia de greve.

À rei­vin­di­cação de au­mentos sa­la­riais, numa em­presa pú­blica onde o sa­lário mí­nimo na­ci­onal é au­fe­rido por 60 por cento dos tra­ba­lha­dores ope­ra­ci­o­nais, a ad­mi­nis­tração alegou falta de au­to­ri­zação da tu­tela, pro­pondo apenas mais 50 cên­timos no sub­sídio de ali­men­tação e três por cento nas diu­tur­ni­dades. Esta po­sição foi rei­te­rada dias antes do início da greve, numa reu­nião da mi­nistra com sin­di­catos.

 

Di­reito à saúde ata­cado pela Al­tice

«Não se pode dar tré­guas a quem nos ataca assim», apelam as cinco es­tru­turas da frente sin­dical da Al­tice, que anun­ci­aram novos ple­ná­rios de tra­ba­lha­dores, em de­fesa da ACS, sis­tema de saúde dos tra­ba­lha­dores da an­tiga Por­tugal Te­lecom.

Sinttav, SNTCT e STT (fi­li­ados na CGTP-IN), e ainda o Sin­qua­dros e a Fe­de­ração dos En­ge­nheiros aler­taram para «mais um brutal ataque aos di­reitos» de tra­ba­lha­dores no ac­tivo, em sus­pensão de con­trato, em pré-re­forma, re­for­mados e apo­sen­tados, tal como os seus fa­mi­li­ares. De­pois de terem pro­mo­vido ple­ná­rios em Lisboa (dia 7) e em Se­túbal (dia 13), con­vo­caram reu­niões no Porto (an­te­ontem, dia 26), em Braga (Ma­xi­minos, ontem de manhã), Viana do Cas­telo (Loja MEO, hoje de manhã) e Vila Nova de Fa­ma­licão (edi­fício Al­tice, hoje, de tarde). Em aná­lise está a pos­si­bi­li­dade de re­a­lizar uma ini­ci­a­tiva de âm­bito na­ci­onal.

 

Mantém-se luta na Efacec

Por au­mentos sa­la­riais sem dis­cri­mi­nação, contra a ali­e­nação da em­presa a pri­vados, pela de­missão da ad­mi­nis­tração e pela ga­rantia de aqui­sição de ma­téria-prima para la­bo­ração re­gular, os tra­ba­lha­dores das em­presas do Grupo Efacec fi­zeram greve por duas horas, no dia 20, de tarde, e con­cen­traram-se no ex­te­rior do pólo in­dus­trial da Ar­ro­teia. Uma jor­nada se­me­lhante iria ocorrer ontem, caso não se al­te­rasse a po­sição pa­tronal, como disse Sérgio Sales, di­ri­gente do SITE Norte, à agência Lusa.


AE para a Lis­mar­ke­ting

Nos dias 14 e 15, a pri­meira greve dos tra­ba­lha­dores da Lis­mar­ke­ting pro­vocou o en­cer­ra­mento da mai­oria dos postos de tu­rismo de Lisboa, como in­for­maram o Si­ma­mevip e a Fec­trans.

A ne­go­ci­ação de um acordo de em­presa, para re­gular as con­di­ções de tra­balho, é a prin­cipal exi­gência dos tra­ba­lha­dores da em­presa da As­so­ci­ação Tu­rismo de Lisboa, pre­si­dida pela Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa. A di­recção da Lis­mar­ke­ting não aceitou ne­go­ciar a pro­posta de AE apro­vada pelos tra­ba­lha­dores, o que mo­tivou a re­a­li­zação da greve.