FORÇA DA LUTA, FORÇA DO POVO

«é ne­ces­sário abrir ca­minho à al­ter­na­tiva»

A si­tu­ação na­ci­onal con­tinua mar­cada pelo agra­va­mento do custo de vida, com a su­bida dos preços da energia dos bens ali­men­tares e ou­tros bens es­sen­ciais. Por sua vez, as op­ções do Go­verno de mai­oria ab­so­luta do PS, ao re­cusar a va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios e pen­sões, bem como a ne­ces­sária re­gu­lação de preços, num quadro em que se con­so­lida a su­bida ge­ne­ra­li­zada dos lu­cros dos grupos mo­no­po­listas, em par­ti­cular da banca, torna evi­dente, na nova cor­re­lação de forças, o seu ali­nha­mento com os in­te­resses do grande ca­pital.

De facto, os lu­cros dos grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, que já ti­nham dado um salto com a epi­demia, voltam a am­pliar-se a pre­texto da guerra e prin­ci­pal­mente das san­ções, que nada re­solvem e só servem a quem lucra e es­pe­cula com elas: o com­plexo mi­litar in­dus­trial, as grandes trans­na­ci­o­nais dos com­bus­tí­veis e da energia, os grandes grupos do sector ali­mentar e os se­nhores do di­nheiro dos mais va­ri­ados sec­tores.

São eles que estão a ga­nhar com a guerra, as san­ções e a es­ca­lada do mi­li­ta­rismo e da des­truição, en­quanto os povos perdem em toda a linha, pe­rante uma es­ca­lada de au­mento dos preços de bens, em par­ti­cular de bens es­sen­ciais.

No pri­meiro tri­mestre deste ano, en­quanto os sa­lá­rios se des­va­lo­ri­zavam, os seis mai­ores bancos por­tu­gueses re­gis­taram lu­cros de 617,4 mi­lhões de euros; a Galp mul­ti­plicou por seis os lu­cros e a Sonae anun­ciou o me­lhor tri­mestre de sempre, 42 mi­lhões de euros de re­sul­tado lí­quido.

En­tre­tanto, no mês de Maio a taxa da in­flação chegou já aos 8% (dados re­ve­lados pelo INE) e o que se pre­para é um con­tínuo au­mento da taxa dos juros que vai acen­tuar o agra­va­mento da si­tu­ação, desde logo com im­pacto nos custos da ha­bi­tação.

Foi neste quadro que foi apro­vado na pas­sada sexta-feira o OE para 2022. Ao re­cusar as pro­postas do PCP no do­mínio dos sa­lá­rios e das pen­sões e dos di­reitos so­ciais, de re­forço dos ser­viços pú­blicos, de­sig­na­da­mente do SNS, da Es­cola Pú­blica, da Se­gu­rança So­cial e da Cul­tura, o Go­verno do PS mostra bem a opção de classe da sua po­lí­tica. Tal como o re­vela a sua re­cusa de me­didas de alívio fiscal do tra­balho e dos me­nores ren­di­mentos; a sua re­cusa em ga­rantir o di­reito à ha­bi­tação; em ga­rantir a gra­tui­ti­dade das cre­ches – ins­crita na lei em 2021 por pro­posta do PCP – não alar­gando como se impõe esse di­reito e não vi­a­bi­li­zando a cri­ação de uma rede pú­blica de cre­ches que é es­sen­cial para dis­po­ni­bi­lizar as vagas que con­ti­nuam a faltar.

As pro­postas apre­sen­tadas pelo PCP e que, se apro­vadas, cons­ti­tui­riam uma im­por­tante res­posta aos pro­blemas na­ci­o­nais, in­serem-se na po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda. Uma po­lí­tica que con­fronta esta mai­oria ab­so­luta, mas também os pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios pro­ta­go­ni­zados pelo PSD, CDS, Chega e IL.

Me­didas que se im­punha e con­tinua a impor que sejam acom­pa­nhadas por ou­tras so­lu­ções ina­diá­veis de re­gu­lação e des­cida de preços da energia e dos bens es­sen­ciais, onde se in­cluem um re­gime de preços má­ximos nos com­bus­tí­veis, a re­po­sição da taxa do IVA nos 6% na elec­tri­ci­dade e no gás, e um Cabaz Ali­mentar Es­sen­cial, que de­fina um preço de re­fe­rência para cada um dos pro­dutos, com base nos custos reais e numa margem não es­pe­cu­la­tiva.

 

Mas, a luta, que se am­plia, conta e con­tará para as­se­gurar as so­lu­ções ne­ces­sá­rias que sirvam os tra­ba­lha­dores e o povo.

Foi in­se­rida nesta luta pelo au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões, contra o au­mento do custo de vida e o ataque aos di­reitos que de­correu a com­ba­tiva ma­ni­fes­tação do dia 27 de Maio, com con­cen­tração junto à As­sem­bleia da Re­pú­blica, coin­ci­dente com a vo­tação final global do OE para 2022, e que contou com a par­ti­ci­pação de mi­lhares de tra­ba­lha­dores.

Na di­nâ­mica da luta que se de­sen­volve re­gistam-se di­versas ac­ções in­se­ridas na acção de luta na­ci­onal pro­mo­vida pela CGTP-IN, ao longo de todo o mês de Junho, nas em­presas e ser­viços, nos sec­tores pú­blico e pri­vado, con­ver­gindo no início de Julho numa grande acção na­ci­onal em Lisboa.

 

Conta, de igual forma, o re­forço e a ini­ci­a­tiva do PCP, em que se in­seriu a re­a­li­zação das as­sem­bleias de or­ga­ni­zação re­gi­onal do PCP de Viseu e de Évora, como também a vi­sita ao es­paço edu­ca­tivo da Baixa da Ba­nheira, com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do PCP. Vi­sita que, as­si­na­lando o Dia Mun­dial da Cri­ança, deu des­taque à di­nâ­mica in­ter­venção do PCP em de­fesa dos di­reitos das cri­ança e dos pais.

 

Como su­bli­nhou Je­ró­nimo de Sousa ao in­tervir no final da As­sem­bleia de Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Évora, «lu­tamos por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda. Lu­tamos pela de­mo­cracia avan­çada com os va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal. Lu­tamos sempre, todos os dias, em todas as frentes, pela cons­trução de uma so­ci­e­dade livre da ex­plo­ração e da opressão, pelo so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo, sempre, mas sempre, li­gados aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês, aos seus an­seios, com aquela con­fi­ança e de­ter­mi­nação que se ali­cerça na força da es­pe­rança, na força da luta, na força do povo.»