Realidade confirma propostas e projecto do PCP. Lutemos pela sua concretização

Belmiro Magalhães (Membro da Comissão Política)

A vida está mais difícil para o povo português. A cada dia sobem ainda mais os preços dos combustíveis, da energia, dos bens alimentares, de serviços essenciais e até da habitação. Em Maio, a inflação homóloga já ia em oito por cento. E a tendência é para continuar em valores muito altos.

A política do Governo favorece os projectos mais reaccionários

Lusa

Sobra cada vez mais mês para além dos salários, das reformas e pensões. Os trabalhadores vêem os seus direitos desrespeitados e a precariedade laboral acentua-se. Aqueles que descontaram uma vida inteira de trabalho continuam sem ver as suas reformas e pensões bastarem. Os micro, pequenos e médios empresários, que ainda não recuperaram dos impactos da epidemia, vêem os seus custos de funcionamento aumentar significativamente e o poder de compra das pessoas a diminuir.

Os serviços públicos funcionam cada vez com mais dificuldade perante a cobiça interesseira dos grupos privados. A situação do SNS, com a perigosa convergência da acumulação de problemas de anos de políticas de direita, da flagrante falta de meios humanos, da continuada transferência de áreas para o sector privado, das manobras de sectores reaccionários, é um exemplo evidente. Em vários hospitais do País foram temporariamente suspensas as Urgências de Obstetrícia e Ginecologia, entre os quais o Hospital de Braga. A Câmara Municipal, governada por uma maioria PSD/CDS/PPM/Aliança, que nunca disse nada sobre os muitos problemas deste hospital ao longo dos anos, lado a lado com a IL, veio defender a extinta PPP de gestão clínica. Os mesmos que rejeitaram as propostas do PCP para reforço de profissionais no SNS e para a valorização das suas carreiras, procuram deitar «gasolina na fogueira».

Ao mesmo tempo, os grandes grupos económicos e financeiros continuam a acumular lucros obscenos. Vejam-se os exemplos da banca, da grande distribuição e das petrolíferas. Enquanto os portugueses pagam cada mais quando vão ao supermercado, o Grupo Jerónimo Martins aumentou os seus lucros em 52,4 por cento e o retalho alimentar da SONAE em 61,2 por cento. Enquanto os preços dos combustíveis galopam, a GALP aumentou os seus lucros em 500 por cento. Os seis maiores bancos em Portugal, em conjunto, mais que duplicaram os seus resultados.

Compromissos

Por muito daquilo que tem feito, do que opta por não fazer e do que finge não ver, é cada vez mais evidente o compromisso da maioria absoluta do PS com o grande capital. Como afirmou o presidente da Associação Empresarial do Minho a um jornal regional, referindo-se aos grandes grupos económicos, «vamos ser sinceros (...) eles ligam directamente ao primeiro-ministro e têm o problema resolvido no dia a seguir».

Com excepção de uma proposta que aceitou, e parcialmente, o PS recusou todas as propostas que o PCP apresentou na discussão do Orçamento do Estado. António Costa apela demagogicamente ao aumento dos salários no sector privado, mas recusa as propostas do PCP de aumento do SMN e de aumentos na Administração Pública. O Governo apresenta a chamada Agenda para o Trabalho Digno, mas recusa alterar as normas gravosas da legislação laboral e actua passivamente perante o recurso crescente a novas e velhas formas de precariedade. Os preços de bens essenciais continuam a subir devido à especulação e aos monopólios, mas o PS recusa a fixação de preços máximos. Não assume opções estruturais de reforço dos serviços públicos e de valorização dos seus profissionais, optando por medidas avulsas e parcelares, como bem se nota no SNS e na Escola Pública.

Estas políticas favorecem as forças e projectos mais reaccionários – PSD, CDS, Chega e IL –, que com novas roupagens trazem o que há de mais retrógrado nos planos ideológico, económico e social.

O PCP é a força que protagoniza a alternativa necessária. Que tem soluções para os problemas mais imediatos do povo, dos trabalhadores, das camadas antimonopolistas, mas também um projecto transformador de emancipação social. Por isso, fazem do PCP o alvo a abater. Daí a operação global em curso visando isolar o Partido e enfraquecer a sua influência.

Na situação actual, a intervenção em torno dos problemas concretos assume uma importância redobrada. É um elemento fundamental para esclarecer e mobilizar. Para vencer preconceitos e tornar mais nítidos os prejuízos das políticas de direita e quem são os seus responsáveis. As propostas do PCP coincidem com os interesses do povo português. A realidade confirma a sua justeza e urgência. Vamos à luta pela sua concretização.




Mais artigos de: Opinião

Lembrete

Todos estamos recordados da operação em torno do Orçamento do Estado para 2022 visando levar o PS à maioria absoluta. A chantagem sobre o PCP que, ou aceitava um OE que não respondia às necessidades do País ou seria arrastado para eleições, «carregando a culpa» de uma crise política que o Governo do PS e o Presidente da...

«Caso Assange», paradigma imperialista

O Juíz Pedraz da Audiência Nacional de Espanha solicitou aos USA autorização para ouvir o ex-director da CIA (e ex-Secretário de Estado) Mike Pompeo e o ex-director do Centro Nacional de Contra-Inteligência, William Evanina, no âmbito da investigação a um plano para sequestrar e liquidar Julian Assange (JA). O silêncio...

Swaps: Liberalices e Liberalidades

Corria o ano de 2013, e o Conselho de Ministros, presidido por Pedro Passos Coelho, tomava a histórica decisão de demitir seis membros de Conselhos de Administração de Empresas Públicas. A razão? Terem contribuído para que o Estado Português perdesse mais de três mil milhões de euros ao contratarem swaps especulativas....

O espectro

É uma longa história, a do anticomunismo. Tanto quanto a do próprio projecto político que pretende combater, sistematizado em 1848 no Manifesto do Partido Comunista. Nele, Karl Marx e Friedrich Engels verificavam já que «todos os poderes da velha Europa» se aliavam para uma santa caçada ao espectro do comunismo. Desde...

A falsa coesão imperialista

A guerra na Ucrânia está a servir para projectar uma imagem de sólida unidade entre as grandes potências capitalistas em torno da estratégia hegemónica do imperialismo norte-americano. Na verdade trata-se de um alinhamento circunstancial em defesa de um sistema em crise. Não se esqueça que Trump considerou a NATO...