Exposição na Festa do Avante! destaca o direito a ser criança

«Cri­anças e pais com di­reitos, um Por­tugal com fu­turo» será, em 2022, o lema da ex­po­sição do Es­paço Cen­tral da Festa do Avante!, na qual se des­taca aquele que é um eixo do pro­jecto de de­sen­vol­vi­mento hu­ma­nista e so­be­rano que o PCP as­sume.

Por­tugal está con­fron­tado com um grave pro­blema de na­ta­li­dade

Cru­zando dados es­ta­tís­ticos com pro­postas e po­si­ções po­lí­ticas, a ex­po­sição aponta para uma ideia cen­tral: a de que ga­rantir às cri­anças, aos ado­les­centes e aos jo­vens um de­sen­vol­vi­mento in­te­gral é in­dis­pen­sável a um País que quer ter fu­turo. Crescer sau­dável e feliz, com cu­ri­o­si­dade e res­peito pelo mundo que o ro­deia, é um di­reito de cada um, in­de­pen­den­te­mente das suas cir­cuns­tân­cias, mas também um factor de de­sen­vol­vi­mento e eman­ci­pação para todos.

Assim, a ex­po­sição es­tará di­vi­dida em três partes, in­dis­so­ciá­veis umas das ou­tras: Pais e mães com di­reitos,Ser­viços pú­blicos a pensar nas cri­anças e Brincar é um di­reito. Nela as­sume-se o papel de­ter­mi­nante das fa­mí­lias no de­sen­vol­vi­mento pleno das cri­anças e dos jo­vens, ga­ran­tidas que es­tejam todas as con­di­ções para tal, mas também as res­pon­sa­bi­li­dades que cabem ao Es­tado aos mais va­ri­ados ní­veis: dos di­reitos la­bo­rais a uma ha­bi­tação digna, da edu­cação à saúde pú­blicas, uni­ver­sais e de qua­li­dade.

In­siste, por fim, na con­vicção de que as cri­anças pre­cisam de tempo para brincar, con­viver e estar ao ar livre. É o pró­prio Pro­grama do PCP a re­alçar que «o di­reito das cri­anças ao de­sen­vol­vi­mento har­mo­nioso e ao res­peito pela iden­ti­dade pró­pria é es­sen­cial para uma in­fância feliz, con­dição para a for­mação de ci­da­dãos fí­sica, in­te­lec­tual e emo­ci­o­nal­mente sau­dá­veis». Na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica atribui-se ao Es­tado a pro­moção da in­de­pen­dência so­cial e eco­nó­mica dos agre­gados fa­mi­li­ares e a cri­ação e ga­rantia de acesso a uma «rede na­ci­onal de cre­ches e ou­tros equi­pa­mentos de apoio à cri­ança».

Di­reitos dos pais são também das cri­anças

Na pri­meira parte da ex­po­sição afirma-se que par­ti­cipar, apoiar e viver o cres­ci­mento de um filho im­plica ter um sa­lário digno, um vín­culo la­boral per­ma­nente, boas con­di­ções e ho­rá­rios es­tá­veis, acesso à ha­bi­tação, creche, es­cola, ser­viços de saúde e trans­portes. Não ad­mira, pois, que Por­tugal es­teja a braços com um grave pro­blema de en­ve­lhe­ci­mento po­pu­la­ci­onal e baixa na­ta­li­dade.

De acordo com o Inqué­rito à Fe­cun­di­dade, pu­bli­cado em 2019 pelo INE, o nú­mero médio de fi­lhos efec­ti­va­mente tidos por mu­lheres e ho­mens foi de 0,86, bas­tante in­fe­rior ao de­se­jado (2,15) e ao ne­ces­sário para a subs­ti­tuição de ge­ra­ções, que é se­me­lhante. 56,5 por cento re­ferem mo­tivos fi­nan­ceiros para não terem tido o nú­mero de fi­lhos de­se­jados; 51 por cento as con­di­ções de ha­bi­tação e 40,6 por cento a con­ci­li­ação entre a vida fa­mi­liar e a pro­fis­si­onal.

Ou­tros dados, que es­tarão bem à vista na ex­po­sição, re­velam uma re­a­li­dade mar­cada por sa­lá­rios baixos, ele­vada pre­ca­ri­e­dade e po­breza, par­ti­cu­lar­mente entre as novas ge­ra­ções. Uma vez mais se­gundo o INE, quase 23 por cento das cri­anças e dos jo­vens en­con­tram-se em risco de po­breza e ex­clusão so­cial.

A luta pela va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios, contra a pre­ca­ri­e­dade, os ho­rá­rios des­re­gu­lados e o abuso do tra­balho noc­turno, por turnos e ao fim-de-se­mana, pela ga­rantia e alar­ga­mento dos di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade e a uni­ver­sa­li­zação do abono de fa­mília são de­ter­mi­nantes para de­fender os di­reitos das cri­anças e dos jo­vens.

Va­lo­rizar ser­viços pú­blicos

Se as res­pon­sa­bi­li­dades do Es­tado em as­se­gurar os di­reitos das cri­anças exigem a me­lhoria das con­di­ções de tra­balho e de vida das fa­mí­lias, passam também pela va­lo­ri­zação dos ser­viços pú­blicos de apoio à in­fância. Re­la­ti­va­mente a estes, como a ou­tros, o PCP há muito que propõe um maior in­ves­ti­mento na saúde, na edu­cação e na qua­li­dade de vida das cri­anças.

Na ex­po­sição es­tarão pa­tentes as pro­postas do Par­tido, re­a­fir­madas ao longo dos anos, em de­fesa de uma rede pú­blica de cre­ches, da ga­rantia do pré-es­colar pú­blico a partir dos três anos de idade, da subs­ti­tuição das Ac­ti­vi­dades de En­ri­que­ci­mento Cur­ri­cular (AEC) por um plano na­ci­onal de ocu­pação de tempos li­vres, da pos­si­bi­li­dade de dormir a sesta du­rante a frequência do pré-es­colar.

A este pro­pó­sito será sa­li­en­tada a re­co­men­dação da So­ci­e­dade Por­tu­guesa de Pe­di­a­tria para que a sesta seja «fa­ci­li­tada e pro­mo­vida até aos 5/​6 anos de idade», pois a pri­vação do sono na in­fância está as­so­ciada a efeitos ne­ga­tivos a curto e longo prazo em di­versos do­mí­nios, tais como o de­sem­penho cog­ni­tivo e a apren­di­zagem, para lá de riscos acres­cidos para a saúde. O Par­tido já apre­sentou uma ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva com este ob­jec­tivo.

Para lá da es­fera da edu­cação, o PCP bate-se pela ga­rantia de mé­dico e en­fer­meiro de fa­mília para todos, pela exis­tência de pe­di­a­tras e pelo acesso a con­sultas de psi­co­logia, nu­trição, saúde vi­sual e oral nos cui­dados de saúde pri­má­rios.

 

A brin­ca­deira como di­reito

Brincar é es­tru­tu­rante no cres­ci­mento e, para o PCP, é também um di­reito. Uma so­ci­e­dade que pro­move os di­reitos das cri­anças não só não obriga os pais a tra­ba­lhar todos os fins-de-se­mana como não en­curta os pe­ríodos de re­creio nem faz da rua um pe­rigo. Pelo con­trário, propõe o Par­tido, de­volve-lhes o es­paço pú­blico e a na­tu­reza, ga­rante-lhes o di­reito à par­ti­ci­pação.

A re­qua­li­fi­cação dos es­paços ex­te­ri­ores das es­colas, a ga­rantia de tempo de brin­ca­deira e lazer em todos os graus de en­sino e a efec­ti­vação da Edu­cação Fí­sica e do Des­porto Es­colar são me­didas de­fen­didas pelo PCP, para quem é ainda ne­ces­sário re­cu­perar do tempo de con­fi­na­mento e iso­la­mento ve­ri­fi­cado du­rante a epi­demia de COVID-19. As ac­ti­vi­dades das au­tar­quias CDU em prol do di­reito a brincar es­tará também em des­taque na ex­po­sição, onde ha­verá também ele­mentos lú­dicos para que as cri­anças a as­sumam como sua.

Em vá­rias zonas da Festa do Avante!, e como ha­bi­tu­al­mente, ha­verá pro­gra­mação de­di­cada aos mais novos e o Es­paço Cri­ança ga­ran­tirá um in­tenso pro­grama de ac­ti­vi­dades e brin­quedos. Disto fa­la­remos noutra oca­sião.