O Festival de Teatro está de volta a Almada

Domingos Lobo

A 39.ª edição do Fes­tival tem uma vez mais uma pro­gra­mação de ex­ce­lência

O mais pres­ti­giado Fes­tival de Te­atro que entre nós se re­a­liza, está de volta aos palcos de Al­mada e de Lisboa, com uma pro­gra­mação de ex­ce­lência, que junta uma plêiade de grandes cri­a­dores na­ci­o­nais e es­tran­geiros, a que não faltam exi­bi­ções cir­censes e fi­guras que se tor­naram que­ridas do pú­blico que fre­quenta o Fes­tival, como o actor ita­liano As­canio Ce­les­tini, o grupo alemão Fa­mitie Flöz e o actor es­pa­nhol Ângel Ruiz, cujo seu Mi­guel de Mo­lina al Des­nudo re­gressa a Al­mada como Es­pec­tá­culo de Honra.

Esta 39.ª edição do Fes­tival, que re­torna ao seu mo­delo pleno após os cons­tran­gi­mentos que a pan­demia impôs, irá de­correr de 4 a 18 de Julho, en­glo­bando um total de 20 es­pec­tá­culos, sendo sete de pro­dução na­ci­onal e 13 in­ter­na­ci­o­nais.

A mostra de­cor­rerá em Al­mada, nos es­paços ha­bi­tuais (Te­atro Mu­ni­cipal Jo­a­quim Be­nite, Es­cola D. An­tónio da Costa, Fórum Romeu Cor­reia, Te­atro-Es­túdio An­tónio As­sunção e In­crível Al­ma­dense) e em Lisboa, no Centro Cul­tural de Belém e Te­atro Na­ci­onal D. Maria II.

O Fes­tival, es­paço pri­vi­le­giado de en­contro dos que amam o Te­atro, tem-nos ha­bi­tuado à pre­sença e con­vívio com grandes nomes do te­atro con­tem­po­râneo, não sendo este ano ex­cepção. Da pro­gra­mação desta 39.ª edição des­ta­camos al­guns desses cri­a­dores: o norte-ame­ri­cano Ro­bert Wilson, o suíço Cris­toph Marthaler, o alemão Thomas Os­ter­meier e o belga Wim Ven­de­keybus. Re­alce ainda para as en­ce­na­doras Do­rothée Munya­neza, do Ru­anda e Nadège Prug­nard, de França, que as­sinam duas pro­du­ções no âm­bito da Tem­po­rada Cru­zada Por­tugal/​França 2022. A CTA es­treia Noite de Reis, de Sha­kes­peare, com as­si­na­tura de um en­ce­nador já nosso co­nhe­cido, Peter Klei­nert.

O novo circo es­tará pre­sente no Fes­tival, com a trupe fran­cesa Baro d´Evel e os in­gleses Gan­dini Jug­gling.

Es­panha, para além de Ângel Ruiz, es­tará ainda re­pre­sen­tada pelo grupo La Tris­tura e a dupla Az­kona & To­loza, cuja peça do­cu­mental Ti­erras del Sud tran­sita da pro­gra­mação de 2021.

Das com­pa­nhias por­tu­guesas e dos seus cri­a­dores, es­tarão pre­sentes no Fes­tival, o Te­atro Ex­pe­ri­mental de Cas­cais, di­ri­gido por esse ve­te­rano en­ce­nador que é Carlos Avilez; Jorge Silva, do Te­atro dos Aloés; Jorge Pires, do Te­atro do Bairro; Marco Mar­tins, dos Arena En­semble; Pedro Car­raca, do Te­atro do Bairro e Rita Cal­çada Bastos. Temos assim um con­junto de cri­a­dores de ge­ra­ções di­versas, que trarão ao Fes­tival pro­postas e es­té­ticas te­a­trais re­pre­sen­ta­tivas do que entre nós se vai pro­du­zindo, o que nos pa­rece uma justa opção. La­men­tamos, no en­tanto, que ne­nhuma das pro­postas apre­sen­tadas nesta 39.ª edição por estes grupos con­temple a dra­ma­turgia por­tu­guesa, uma vez mais ar­re­dada, ao con­trário do que acon­tece com os grupos es­pa­nhóis pre­sentes, das pro­postas con­cep­tuais dos nossos cri­a­dores.

Es­tamos, ou não, a ser co­lo­ni­zados pela dra­ma­turgia de ou­tras ge­o­gra­fias? Eis um tema que de­veria me­recer abor­dagem num dos co­ló­quios or­ga­ni­zados no âm­bito do Fes­tival. Fica a pro­posta.

O ce­nó­grafo José Ma­nuel Cas­ta­nheira será o ho­me­na­geado deste Fes­tival, di­ri­gindo também a 9.ª edição do curso de for­mação O Sen­tido dos Mes­tres. A au­tora do mag­ní­fico cartaz do Fes­tival é a street ar­tist Ta­mara Alves.

15 dias da grande Festa do Te­atro em Al­mada, com ra­mi­fi­ca­ções em Lisboa. Sau­damos, por­tanto, o re­gresso em pleno de um Fes­tival que é parte in­te­grante do cartaz de re­fe­rência da vida cul­tural do País, a jus­ti­ficar uma pas­sagem para a outra margem, lá onde o Te­atro acon­tece ao abrir do Verão.




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