O Reino Unido autorizou a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos da América. Os advogados do fundador da WikiLeaks vão recorrer da decisão do governo de Londres.
O governo britânico aprovou a extradição de Julian Assange para os EUA, onde se arrisca a ser condenado a 175 anos de prisão por alegadas violações da lei de espionagem. Washington pretende julgar Assange por este ter revelado crimes de guerra cometidos pelas forças militares norte-americanas no Iraque e Afeganistão e divulgado milhares de documentos secretos dos EUA.
A decisão foi anunciada pela ministra do Interior, Priti Patel, de quem dependia o destino do jornalista australiano após o Tribunal Superior de Londres ter aceitado, em Abril, o recurso dos procuradores norte-americanos contra a decisão de uma juíza de primeira instância que recusou a extradição por problemas de saúde.
A equipa de advogados do fundador da WikiLeaks já anunciou que esgotará todas as vias legais para tentar impedir a sua extradição. Será apresentado recurso nos tribunais britânicos e, se necessário, perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Assange está preso num cárcere de máxima segurança, em Londres, desde que o Equador lhe retirou, em 2019, o asilo concedido sete anos antes, e permitiu que a polícia o prendesse na embaixada equatoriana na capital britânica.
Golpe contra
liberdade de informação
A Federação Internacional de Jornalistas considerou que «a decisão do Reino Unido de permitir a extradição de Assange é vingativa e um verdadeiro golpe contra a liberdade dos meios de comunicação», já que ele «simplesmente revelou assuntos de interesse público».
Também o Sindicato Nacional de Jornalistas (NUJ) britânico manifestou-se contra a extradição, alertando que é um mau precedente para a profissão. «Qualquer jornalista que receba informações confidenciais sobre os EUA, ou seja contactado por um informante para expor crimes ou irregularidades, agora temerá a extradição e corre o risco de passar o resto da vida na prisão», disse a secretária-geral da NUJ, Michelle Stanisttreet.
Já em Maio, os deputados do PCP promoveram uma iniciativa contra a possibilidade de extradição de Julian Assange para os EUA, à qual se juntaram dezenas de outros membros do PE.