Séc. XVII – Retábulo de Isemheim

O re­tá­bulo do altar do mos­teiro de Ise­nheim (França) é con­si­de­rado a obra-prima de Matthias Grü­newald, pintor re­nas­cen­tista alemão quase des­co­nhe­cido até fi­nais do séc. XIX. Sabe-se que Grü­newald nasceu em Würz­burg, perto de Nu­rem­berg, mas a data é in­certa. O seu pri­meiro tra­balho da­tável é o Es­cárnio de Cristo (1503), óleo em ma­deira de Jesús ven­dado a ser es­pan­cado por ho­mens gro­tescos. O autor afasta-se do ide­a­lismo re­nas­cen­tista e re­corre a fi­guras dis­tor­cidas para ex­primir a vi­o­lência, o so­fri­mento, a tra­gédia. Em 1509 foi no­meado pintor ofi­cial da corte do Ar­ce­bispo-Eleitor de Mainz, o Primaz da Ale­manha; aban­donou o cargo em 1525 de­vido às suas sim­pa­tias com a re­volta cam­po­nesa contra a brutal ex­plo­ração a que eram su­jeitos os tra­ba­lha­dores da terra, e à causa pro­tes­tante. Con­tem­po­râneo de ar­tistas como Al­brecht Dürer, Lucas Cra­nach e Al­brecht Alt­dorfer, dis­tingue-se destes mes­tres do Re­nas­ci­mento pela forte carga dra­má­tica e in­ten­si­dade cro­má­tica das suas com­po­si­ções re­li­gi­osas, o que é par­ti­cu­lar­mente mar­cante no Re­tá­bulo. O mos­teiro que dá nome à obra aco­lhia ví­timas da peste que pre­ci­savam de con­solo e fé. Essa é a men­sagem da obra, em que Cristo, cru­ci­fi­cado e co­berto de chagas como as da peste, se iden­ti­fica com os do­entes e com a sua dor.