A arte não avança, move-se dá mote a exposição de artes plásticas

Este ano, no Es­paço das Artes Plás­ticas da Festa do Avante!, es­tará pa­tente uma ex­po­sição co­lec­tiva com obras das mais va­ri­adas ex­pres­sões ar­tís­ticas – pin­tura, de­senho, fo­to­grafia, es­cul­tura e gra­vura. Há 35 ar­tistas con­fir­mados e a frase que serve de mote à ex­po­sição, re­ti­rada de um dos Ca­dernos de Lan­za­rote, é ao mesmo tempo um apelo à re­flexão e uma ho­me­nagem a José Sa­ra­mago: «A arte não avança, move-se!».

Na Festa, as artes plás­ticas estão li­bertas da ló­gica mer­cantil que do­mina o sector

Para per­ceber me­lhor o que es­perar do Es­paço das Artes Plás­ticas, uma vez mais lo­ca­li­zado na zona da várzea, com uma ex­tra­or­di­nária vista sobre a Baía do Seixal, fomos con­versar com um dos mem­bros da or­ga­ni­zação, Fran­cisco Palma. Este ano, em que não há Bi­enal, «pre­tende-se or­ga­nizar uma Co­lec­tiva de Artes Plás­ticas, dentro do mesmo for­mato das di­versas ex­po­si­ções co­le­tivas que vi­emos a de­sen­volver na Festa do Avante!, re­fe­rindo apenas como exemplo as que foram re­a­li­zadas em 2015 ou em 2018», re­velou. Os con­vites foram di­ri­gidos a ar­tistas que «têm co­la­bo­rado com al­guma re­gu­la­ri­dade nas di­versas ex­po­si­ções da Bi­enal ou nou­tras ati­vi­dades de ca­rácter ar­tís­tico», acres­centou, in­for­mando que, ao todo, serão 35 os par­ti­ci­pantes.

Esta opção, ex­plicou ainda Fran­cisco Palma, jus­ti­fica-se pelos tempos em que vi­vemos, nos quais os ar­tistas, «e em es­pe­cial os ar­tistas plás­ticos, sen­tiram um enorme agra­va­mento das con­di­ções em que po­derão dar vi­si­bi­li­dade aos seus pro­jectos ar­tís­ticos». A Festa do Avante! cons­ti­tuirá, assim, uma im­por­tante montra do que de me­lhor se faz em Por­tugal também ao nível das artes plás­ticas.

Quanto ao com­pro­misso, é o de sempre: «apre­sentar no es­paço das artes da Festa uma ex­po­sição com uma pre­sença muito sig­ni­fi­ca­tiva no que res­peita à li­ber­dade cri­a­tiva, à re­sis­tência, à trans­for­mação da vida e à di­ver­si­dade ar­tís­tica.» Os tra­ba­lhos ex­postos abarcam as dis­ci­plinas de pin­tura, de­senho, fo­to­grafia, es­cul­tura e gra­vura.

Quanto ao lema deste ano, «A arte não avança, move-se», é da au­toria de José Sa­ra­mago e surge num dos Ca­dernos de Lan­za­rote. Para além da pro­fun­di­dade da re­flexão, é uma forma de as­so­ciar o es­paço das artes plás­ticas às co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do nas­ci­mento de José Sa­ra­mago, que este ano vão marcar a Festa do Avante!.

Uma questão de de­mo­cracia

A pri­meira ex­po­sição da­quela que seria a Bi­enal de Artes Plás­ticas da Festa do Avante! re­a­lizou-se logo na se­gunda edição, em 1977. Con­tudo, lembra Fran­cisco Palma, as artes plás­ticas «foram uma re­fe­rência em muitas ou­tras edi­ções, através de di­versos eventos, pro­jectos, in­ter­ven­ções ou ma­ni­fes­ta­ções ar­tís­ticas re­le­vantes, para os quais se con­vidou ar­tistas na­ci­o­nais e es­tran­geiros, grupos, es­colas ou as­so­ci­a­ções de ar­tistas».

Esta pre­sença cons­tante das artes plás­ticas na Festa do Avante! pos­si­bi­lita o en­contro entre os ar­tistas e os vi­si­tantes da Festa: desde logo os que são as­sí­duos fre­quen­ta­dores de ex­po­si­ções e ou­tras ini­ci­a­tivas se­me­lhantes como os que apenas ali têm con­tacto com obras de arte e os seus cri­a­dores. Este en­contro com a arte, va­lo­riza Fran­cisco Palma, «é sempre um con­vite à nossa ca­pa­ci­dade re­fle­xiva e cri­tica, através de uma ex­pe­ri­ência es­té­tica que pro­cura per­turbar o nosso co­nhe­ci­mento e a nossa sen­si­bi­li­dade».

Esta de­mo­cra­ti­zação do acesso à arte e à cul­tura não só marca a di­fe­rença entre a Festa do Avante! e ou­tras ini­ci­a­tivas onde as artes plás­ticas estão pre­sentes, como cons­titui um exemplo do que os co­mu­nistas e seus ali­ados de­fendem para o sector. No re­cente En­contro Na­ci­onal de Cul­tura, o PCP apro­fundou a sua pro­posta de cri­ação de um Ser­viço Pú­blico de Cul­tura, de­vi­da­mente ar­ti­cu­lado com os di­versos agentes – ar­tistas, téc­nicos ou in­ves­ti­ga­dores –, capaz de criar con­di­ções de es­ta­bi­li­dade para que de­sen­volvam o seu tra­balho, su­pe­rando as con­di­ções de de­si­gual­dade, e de­mo­cra­ti­zando o acesso de todos à cul­tura.

Cha­mando a atenção para e «enorme fra­gi­li­dade da con­dição de ser ar­tista», Fran­cisco Palma va­lo­rizou a cri­ação e re­forço de pla­ta­formas e as­so­ci­a­ções de cri­a­dores e pro­fis­si­o­nais do sector da Cul­tura, des­ta­cando a As­so­ci­ação de Ar­tistas Vi­suais em Por­tugal, que «im­pul­si­onou os ar­tistas para pro­testos de rua». Esta as­so­ci­ação cri­ticou in­clu­si­va­mente o Es­ta­tuto dos Pro­fis­si­o­nais da Área da Cul­tura do go­verno do PS, de­nun­ci­ando em co­mu­ni­cado a «exis­tência de uma pre­o­cu­pante ten­dência para a to­mada de poder no seio das po­lí­ticas cul­tu­rais de uma certa men­ta­li­dade em­pre­sa­rial que con­du­zirá à sim­pli­fi­cação dos dis­cursos, falta de di­ver­si­dade, ter­ra­pla­nagem da crí­tica, em­po­bre­ci­mento e uni­for­mi­zação dos modos de criar e dis­tri­buir e para uma po­lí­tica cul­tura fo­cada em nú­meros, re­tornos fá­ceis e po­pu­lismo».

É também isto que se com­bate na Festa do Avante!, onde a cul­tura, livre como tem de ser, é para todos!

 

Tor­neio de Malha

Com mais de 100 par­ti­ci­pantes, re­a­lizou-se no do­mingo, 3, o Tor­neio de Malha da Festa do Avante!. A ini­ci­a­tiva re­sultou de uma par­ceria entre a Festa e o Grupo Des­por­tivo do Ca­vadas e re­a­lizou-se no con­celho do Seixal.

 

Avante! com a Festa em Odi­velas

No dia 2 re­a­lizou-se em Odi­velas uma ini­ci­a­tiva de con­vívio e di­vul­gação da Festa do Avante!. Para além do mo­mento mu­sical, com al­guns dos mú­sicos que par­ti­ci­param no Es­paço Fado, houve também um con­vívio de mi­li­tantes e amigos da or­ga­ni­zação con­ce­lhia de Odi­velas, com pe­tiscos e be­bidas a acom­pa­nhar. A in­ter­venção po­lí­tica ficou a cargo de Nuno Al­meida, do Exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP, que su­bli­nhou a im­por­tância da Festa, da par­ti­ci­pação nas jor­nadas de tra­balho e nas ac­ções de di­vul­gação e da compra an­te­ci­pada da EP. Re­alçou também os mais re­le­vantes as­pectos da si­tu­ação po­lí­tica na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal.

 

Junto dos tra­ba­lha­dores em Vila Nova de Poi­ares

Em Vila Nova de Poi­ares, no dis­trito de Leiria, a or­ga­ni­zação local do Par­tido está a afirmar a Festa junto dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, através da afi­xação de car­tazes e da dis­tri­buição do jornal dos ar­tistas. Um dos lo­cais onde o fi­zeram foi junto à en­trada da em­presa An­sell.

 

A Festa nas festas de Rio de Mouro...

O PCP teve um pa­vi­lhão pró­prio nas festas da fre­guesia de Rio de Mouro, em Sintra, re­a­li­zadas no úl­timo fim-de-se­mana. Para além de ca­mi­solas, li­vros e do Avante!, a Festa es­teve em des­taque na­quele es­paço, com um grande cartaz anun­ci­ando a data e o jornal com os ar­tistas que este ano lá ac­tu­arão. Era também pos­sível ad­quirir ali a En­trada Per­ma­nente (EP), que dá acesso a todas as ini­ci­a­tivas e es­paços du­rante os três dias da Festa do Avante!.

 

e no Fes­tival MED

O Fes­tival MED, um dos mais im­por­tantes ao nível das cha­madas mú­sicas do mundo, re­gressou este ano ao centro his­tó­rico de Loulé para a sua 18.ª edição, re­a­li­zada entre 30 de Junho e 3 de Julho. No local es­ti­veram mi­li­tantes do PCP a di­vulgar a Festa do Avante!e o seu pro­grama.