«O romance é a revolta dos assalariados, o abanão dado à sociedade, que se rompe em um instante: numa palavra, a luta entre o trabalho e o capital.» Assim define Émile Zola o seu livro Germinal, a obra maior sobre o perigoso trabalho dos mineiros, a vida dura a que estão sujeitos, os sentimentos fortes gerados dentro e fora da mina, a opressão, a exploração, a luta por melhores condições de vida e de trabalho. Zola recolhia documentação sobre a matéria quando, em Fevereiro de 1884, rebentam as grandes greves nas minas de Anzin, em Denain, Norte de França. O escritor vai para a região, conhece operários e activistas, entra nas suas casas, desce às minas, contacta com a realidade que se propõe abordar na ficção. Dirá mais tarde, em carta a um amigo: «Procurava um título que expressasse o impulso de homens novos, o esforço que os trabalhadores fazem, mesmo inconscientemente, para se libertarem da escuridão tão dura do trabalho em que ainda se agitam. Um dia, por acaso, a palavra Germinal veio-me aos lábios. (...) Representava o que eu procurava, um Abril revolucionário, uma fuga da sociedade decrépita para a Primavera.» Quando Zola morreu, em 1902, os mineiros de Denaim vieram a Paris prestar-lhe a sua homenagem com o grito «Germinal! Germinal!».