- Nº 2539 (2022/07/28)

PCP quer salário mínimo garantido para pescadores

PCP

No decorrer de uma visita ao distrito de Leiria, no dia 22 de Julho, João Pimenta Lopes, deputado no Parlamento Europeu (PE), reafirmou o compromisso do PCP de continuar a intervir para defender o sector das pescas e os seus profissionais.

 

Ao Avante!, Pimenta Lopes recordou que aquela «foi mais uma de muitas visitas» que o PCP tem vindo a fazer de Norte a Sul do País, «de contacto directo com as organizações e produtores do sector da pesca, mas também com os pescadores e a comunidade piscatória», no contexto de um relatório que se está a preparar no PE, de pesca de pequena escala, artesanal e costeira, de forma a contribuir para a resolução dos «problemas que o sector encontra».

Acompanhado por vários dirigentes nacionais e regionais do Partido, o périplo do deputado comunista iniciou-se bem cedo, tendo reunido com a Associação de Armadores de Pesca do Cerco (OPCENTRO) e a Cooperativa dos Armadores da Pesca Artesanal (CAPA).

Seguiu-se um encontro com o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca e com os homens do mar, de partida para mais um dia de pesca da sardinha, a base da economia de várias embarcações – de diferentes dimensões – da pesca de cerco, como a «Deusa dos Mares», «Princesa das Ondas» ou «Afrodite». Às redes podem chegar outras espécies, como o carapau, a cavala, o biqueirão ou o polvo.

Junto ao barco «A Nossa Peixaria», ficámos a conhecer um pouco melhor a história extraordinária destes homens, bem como os seus desabafos. O aumento dos custos de produção, nomeadamente dos combustíveis, é, actualmente, um dos problemas mais sentidos e que está a levar à paragem forçada de embarcações.

Se nada for feito a situação pode generalizar-se. «O preço da sardinha tem estado fraco e o gasóleo muito caro, o que está a dificultar as nossas vidas», alertou um dos 10 tripulantes.

O deputado comunista referiu que «o aumento do custo de produção» não está a ser «acompanhado pelo aumento dos valores do pescado em lota». No relatório «temos tratado de forma específica a questão da comercialização, prestigiando, em primeiro lugar, o encurtamento das cadeias» para «valorizar mais facilmente o pescado» e «intervindo na cadeia de valor, com soluções diversas, que podem passar por mexer nas margens de comercialização; definir preços mínimos de venda para algumas espécies; garantir preços justos à produção no sector».

Falta de atractividade
Outro dos problemas apresentados prende-se com a falta de atractividade da pesca em virtude dos baixos rendimentos. «A maioria dos pescadores portugueses está reformada e os mais novos, sem condições, não querem ir para o mar», acrescentou o mesmo pescador. O recurso à mão de obra vinda da Indonésia e de outros países mais pobres é, agora, uma realidade.

Como salientou Pimenta Lopes, «é preciso compreender que o trabalho na pesca é muito duro», mas também «desregulado, do ponto de vista dos horários, muitas vezes com jornadas de trabalho de 16 horas a bordo». «As condições de incerteza dos rendimentos tornam a pesca uma profissão menos atractiva, principalmente para os mais jovens», sublinhou, lembrando que nesta profissão «não há subsídio de férias e de Natal» e que «os rendimentos auferidos são divididos pela campanha e pelo dono da embarcação, numa proporção que nem sempre é justa».

A instituição de um salário mínimo garantido para os pescadores que responda às paragens é, por isso, uma das propostas dos comunistas, de forma a impulsionar o futuro do sector. «Há que assegurar medidas de compensação salarial para períodos de encerramento da actividade», defendeu o deputado comunista.