A impunidade que a administração dos CTT vai exibindo cada vez que é confrontada com a degradação do serviço postal só pode ser compreendida à luz do poder que o grande capital detém no nosso país e que foi, de certa forma, reforçado e estendido com as privatizações.
Vieram agora a público notícias que dão conta da insatisfação da imprensa regional com a resposta dos correios. Os jornais chegam à casa das pessoas. Mas chegam vários dias depois, se não mesmo, semanas e, em alguns casos, as pessoas queixam-se que recebem duas a três edições de uma vez. Nada que não fosse já conhecido por muita gente, incluindo pelos assinantes do Avante! a quem sucede o mesmo, sobretudo em zonas do País mais distantes dos grandes centros urbanos. Aquelas a quem se dirige o fundamental da imprensa regional.
Perante as críticas a administração dos CTT queixa-se da falta de carteiros. Diz que têm crescido as «dificuldades em contratar e o absentismo» na empresa. Aliás, quase que sugerem que a responsabilidade não é sua mas … dos trabalhadores. É preciso ter lata.
Tudo isto acontece sem que o Governo intervenha. Escondidos atrás da entidade reguladora – ANACOM –, os vários governos que concretizaram ou conviveram com a privatização dos CTT limitam-se a encolher os ombros. Ou melhor, limitam-se a servir os interesses dos accionistas dos CTT, como aliás aconteceu recentemente – no final de 2021 – com o prolongamento da concessão do serviço público postal por mais uns anos em vez de terem recuperado o controlo público da empresa.
Para os accionistas dos CTT a imprensa regional vale ZERO. Tal como valem ZERO uma série de inúmeros outros serviços cuja entrega tem vindo a ser progressivamente degradada. Os CTT, com a redução do número de balcões que concretizou, com a introdução de critérios de maximização do lucro em detrimento do serviço público, com a redução e o aumento da exploração dos trabalhadores, com a contínua degradação dos seus serviços, por contrapartida dos lucros que, esses sim, têm subido nos últimos anos, são um bom exemplo do que representam as privatizações. Lembremo-nos dos CTT sempre que ouvirmos na televisão um «especialista» a dizer que os privados funcionam melhor...