- Nº 2543 (2022/08/25)

Hospital de Aveiro fecha Urgência de Obstetrícia

PCP

«A concretização do encerramento da urgência de obstetrícia no Hospital de Aveiro é a face visível e mais recente dos constrangimentos que têm afectado o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV)» e os utentes que este devia servir, denuncia a célula do PCP.

Constrangimentos de que os trabalhadores comunistas dão, de resto, três exemplo. Um primeiro é «a colocação de médicos especialistas ou internos em escalas de urgência que não são as dos seus serviços», facto que «prejudica o trabalho realizado nas enfermarias, nas consultas e na realização de exames diagnósticos, afectando gravemente a qualidade assistencial e impedindo os jovens médicos de fazerem a sua formação da melhor maneira».

Um segundo elemento é «a perturbação do funcionamento da Via Verde AVC, causada pela deslocação recorrente dos médicos que nela trabalham para a urgência geral». Decisão que «tenta resolver da pior maneira a falta de recursos humanos e consequentes “buracos” nas escalas do serviço de medicina interna», o que «representa um grave ataque ao direito das populações à rápida assistência médica numa área específica muito importante», acusa ainda a célula do Partido.

Este é um caso que demonstra o «retrocesso da qualidade da medicina praticada no nosso hospital», acrescentam, antes de alertarem que «latente fica a suspeita de que a própria existência da Via Verde do AVC pode estar em causa».

Por fim, os trabalhadores comunistas do CHBV lembram que, no actual quadro, «um paciente que se encontre na freguesia de Rocas Vouga, concelho de Sever do Vouga, e que necessite de alguma das valências encerradas, demorará cerca de 1h15m a chegar ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, enquanto que um paciente da freguesia de São Jacinto, concelho de Aveiro, demorará quase 1h30m».

Previsível
mas evitável

Ora, «estes encerramentos, além de serem bem previsíveis, são uma consequência de décadas de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em todas as suas componentes. Encerramento de unidades de saúde de proximidade, de valências hospitalares, concentração de serviços ou dificuldades de acesso a meios complementares de diagnostico, são alguns dos exemplos que têm marcado as últimas décadas no que toca às opções políticas dos Governos PS, PSD e CDS», explica a supra citada estrutura do PCP, para quem a degradação do SNS também se observa na profunda desvalorização dos profissionais afectos».

São disso exemplos «os seus salários reduzidos e as suas carreiras congeladas», o facto de serem «forçados por lei a trabalhar semanas de 70 ou mais horas», sofrerem de «agressão moral quotidiana por não conseguirem tratar da melhor maneira os seus doentes», terem «cada vez menos voz no funcionamento dos seus serviços» ou encontrarem-se «sujeitos a burocracias desnecessárias, onde os critérios financeiros assumem uma cada vez maior importância em detrimento das necessidades e qualidade dos serviços prestados».

«Não faltam profissionais para ingressar o SNS. Faltam é condições de trabalho e de dignificação da carreira desses profissionais», afirma também a célula comunista no CHBV, que recordando algumas propostas do Partido para salvar e valorizar o SNS, asseguram que «o PCP continuará a apresentar as soluções que se impõem» e instam «utentes e profissionais a continuar também a luta pela efectivação dos seus direitos».