- Nº 2545 (2022/09/8)

Imensa alegria de viver e de lutar

Festa do Avante!

De todas as palavras a que poderíamos recorrer para descrever esta edição da Festa do Avante!, alegria é claramente uma das mais adequadas: alegria de conhecer e de experimentar, de conviver e de aprender, de dançar e de cantar; mas também de organizar e de construir, de participar e de contribuir para algo que é maior do que cada um de nós e do que a simples soma de todos. Algo com o qual, já dizia o poeta, não terminamos em nós próprios.

Foi com esta alegria, fosse ela discreta ou mais exuberante, que construtores, visitantes e artistas se entregaram à Festa, às tarefas que asseguraram o seu funcionamento, como a todos os seus recantos e a cada uma das suas iniciativas: dos espectáculos aos debates, das evocações de Saramago e Adriano às exposições políticas e culturais, da escolha de livros, discos e peças de artesanato às múltiplas expressões de solidariedade internacionalista e de luta pela paz, dos momentos de convívio à volta da mesa aos imprescindíveis períodos de intimidade e repouso.

Se é de alegria que falamos, será ainda de elementar justiça valorizar o tanto que a Festa faz pela sua democratização, para que não seja exclusiva de quem pode pagar, antes sirva efectivamente todos e independentemente de tudo.

E que dizer da alegria das crianças, numa Festa que este ano foi ainda mais delas, ao colocar em primeiro plano os seus direitos (que são também os dos seus pais) e a concretizar ali mesmo muitos deles, a começar pelo direito a brincar e a ser feliz? E da autêntica explosão que se verifica sempre que soa A Carvalhesa, esse autêntico hino à alegria que une numa imensa dança os novos e os que o não são, os que vão a todas e os novatos, os conhecedores da «coreografia» e os que improvisam?

Mas para lá de tudo o que já se disse, nesta 46.ª edição da Festa do Avante! a alegria foi também uma arma: de afirmação do projecto emancipador dos comunistas; contra a calúnia e a difamação; em defesa dos artistas e do seu trabalho. A este propósito, o Secretário-geral do PCP, no comício, saudou em particular os artistas, «que com posicionamentos muito diversos, aqui trouxeram a sua arte nas multifacetadas dimensões culturais, aqui exerceram a sua actividade profissional, aqui deram mais uma vez expressão à liberdade que o povo português conquistou com o 25 de Abril».

Sim, foi com alegria – que é sonho, combate, determinação, confiança – que se fez esta Festa, capaz de superar as «reiteradas campanhas de manipulação e mentira», as «pressões» e as «desprezíveis chantagens». E será com ela que prosseguiremos o combate para que – foi ainda Jerónimo de Sousa quem o disse – o Portugal pelo qual nos batemos «tenha um dia muita da beleza, solidariedade e harmonia» ali uma vez mais presentes. Seguramente lado a lado com tantos dos que ali estiveram.