No Parlamento Europeu a defender o povo e o País

Re­cen­te­mente, no Par­la­mento Eu­ropeu, os de­pu­tados do PCP de­fen­deram a ali­men­tação sau­dável e a so­be­rania ali­mentar dos países e re­cu­saram ca­mi­nhos de pri­va­ti­zação e li­be­ra­li­zação dos ser­viços de saúde.

A po­lí­ticas da UE servem a acu­mu­lação e o lucro de al­guns

«As cir­cuns­tân­cias ac­tuais evi­den­ciam bem a ne­ces­si­dade de mudar a ló­gica de pro­dução em função do lucro para a pro­dução em função da ne­ces­si­dade, de ga­rantir o di­reito à ali­men­tação sau­dável e ade­quada, em função da ga­rantia de so­be­rania ali­mentar dos Es­tados-mem­bros.» Foi esta a po­sição as­su­mida por Sandra Pe­reira numa in­ter­venção pro­fe­rida, dia 7, a pro­pó­sito da crise dos fer­ti­li­zantes.

Os pro­du­tores agrí­colas em Por­tugal, sus­tenta a de­pu­tada do PCP, há muito que so­frem com uma Po­lí­tica Agrí­cola Comum «que des­preza a pe­quena e média agri­cul­tura, as­sente na pro­moção do agro­ne­gócio, da agri­cul­tura in­ten­siva e su­pe­rin­ten­siva, mais de­pen­dente da uti­li­zação mas­siva de água, de fer­ti­li­zantes e de fi­to­fár­macos». Re­cen­te­mente, acres­centa, «as con­sequên­cias da po­lí­tica ex­terna pro­mo­vida pela UE, sob o pre­texto da guerra e das san­ções, ar­rastam este sector – e a so­be­rania ali­mentar dos povos – para a rua da amar­gura e não há quem lhes queira valer».

O PCP con­si­dera imoral que os mesmos que lu­craram du­rante a pan­demia «à custa do so­fri­mento de mi­lhares de pes­soas, usem agora o pre­texto da guerra para sa­tis­fazer a sua gula in­sa­ciável». Os fer­ti­li­zantes, cujas ma­té­rias-primas têm na Rússia o prin­cipal pro­dutor, «au­men­taram o preço, em al­guns casos, em mais de 300%, muito antes de a guerra co­meçar», de­nuncia.

Contra o ne­gócio da do­ença

Já no dia 4, João Pi­menta Lopes tinha re­a­fir­mado a re­cusa do PCP do cha­mado «mer­cado de Saúde da União Eu­ro­peia». Em causa está, ga­rantiu, a in­tenção de «fazer da saúde ne­gócio e pro­mover a sua pri­va­ti­zação, com os pre­juízos que os por­tu­gueses bem sentem na pele, com a de­gra­dação do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, pondo em causa a sua di­mensão uni­versal, a qua­li­dade».

Após re­cordar que este ca­minho vem já sendo tri­lhado desde há muito pela Co­missão Eu­ro­peia, «através de cons­tran­gi­mentos or­ça­men­tais e das re­co­men­da­ções es­pe­cí­ficas por país que im­põem cortes da des­pesa pri­mária do Es­tado na saúde», o de­pu­tado do PCP de­nun­ciou os reais pro­pó­sitos destas pro­postas: «es­can­carar as portas à li­be­ra­li­zação, pri­va­ti­zação e con­cen­tração no sector da Saúde, trans­fe­rindo si­mul­ta­ne­a­mente com­pe­tên­cias dos Es­tados para a es­fera su­pra­na­ci­onal». Com isto, alerta, perdem os povos e «sa­livam os grandes grupos eco­nó­micos com as pers­pec­tivas de trans­formar a do­ença em lucro».

João Pi­menta Lopes re­a­firmou ainda que a or­ga­ni­zação dos cui­dados de saúde «é uma com­pe­tência na­ci­onal» e que assim deve ser. Só dessa forma, su­blinha, po­derão ser ga­ran­tidos «ser­viços pú­blicos de ele­vada qua­li­dade, gra­tuitos e uni­ver­sais, com ade­quados in­ves­ti­mentos nas in­fra­es­tru­turas, nas res­postas de es­pe­ci­a­li­dade e de pro­xi­mi­dade, va­lo­ri­zando os pro­fis­si­o­nais de saúde e as suas con­di­ções la­bo­rais».




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