A concertação anti-social

António Santos

A mai­oria dos só­cios do BMWED, sin­di­cato que re­pre­senta os tra­ba­lha­dores da ma­nu­tenção da linha férrea dos EUA, re­jeitou o acordo de con­cer­tação so­cial pro­posto pelo pa­tro­nato e me­diado pes­so­al­mente por Biden, pelo seu chefe de ga­bi­nete, pelo prin­cipal con­se­lheiro eco­nó­mico do país e por três dos seus se­cre­tá­rios de Es­tado. É um sinal claro de que os tra­ba­lha­dores dos EUA já não aceitam mi­ga­lhas, mesmo que elas sejam ser­vidas de um prato dou­rado pelo pró­prio pre­si­dente.

«Os tra­ba­lha­dores fer­ro­viá­rios sentem-se de­sen­co­ra­jados e re­vol­tados com as con­di­ções de tra­balho e com a com­pen­sação que re­cebem e vêem os pa­trões com maus olhos», disse, em co­mu­ni­cado, o pre­si­dente da BMWED, Tony Cardwell, após ser co­nhe­cida a re­jeição do acordo pelos tra­ba­lha­dores. Estes «con­denam a ad­mi­nis­tração por ter as suas vidas em tão baixa conta, como ilustra a sua tei­mosa re­lu­tância em pro­por­ci­onar-nos dias de des­canso pagos, es­pe­ci­al­mente em caso de do­ença».
O acordo de con­cer­tação so­cial que os tra­ba­lha­dores chum­baram pro­punha au­mentos sa­la­riais de 24 por cento e um bónus de 5 mil dó­lares, mas previa que cada tra­ba­lhador só pu­desse faltar por mo­tivos de do­ença, apoio à fa­mília e nojo um dia por ano. Ou seja, para não per­derem o sa­lário ou mesmo o posto de tra­balho, estes tra­ba­lha­dores têm de ir tra­ba­lhar mesmo quando estão do­entes, quando lhes morre um fa­mi­liar ou quando têm de levar os fi­lhos ao hos­pital. «Não temos de nos con­tentar com um acordo anti-so­cial. Eles acham que não pre­cisam do nosso con­sen­ti­mento para nada; então ex­pe­ri­mentem fazer os com­boios andar sem ele», su­geriu.

No ho­ri­zonte pró­ximo está uma greve que pode pa­ra­lisar toda a eco­nomia dos EUA e a que se podem juntar ou­tros sete sin­di­catos fer­ro­viá­rios que, nas pró­ximas se­manas, vo­tarão também o mesmo acordo. En­tre­tanto, tra­balho e ca­pital con­cor­daram em adiar qual­quer de­cisão até à pró­xima sessão do Con­gresso que, em me­ados de No­vembro, será cha­mado a pro­nun­ciar-se sobre a me­lhor forma de evitar a greve. As prin­ci­pais or­ga­ni­za­ções pa­tro­nais do sector, quiçá fartas de tanta con­cer­tação, já vi­eram pedir ao con­gresso e ao pre­si­dente que proíba uma greve que «des­truiria toda a eco­nomia».

Não consta, em con­tra­par­tida, que o con­gresso, o pre­si­dente ou os seus me­lhores me­di­a­dores la­bo­rais te­nham su­ge­rido aos pa­trões a fór­mula se­creta que po­deria des­blo­quear o con­ten­cioso: res­peitar quem tra­balha.




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