Na Conferência Nacional e para lá dela – agir com audácia

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

A Con­fe­rência Na­ci­onal será uma im­por­tante re­a­li­zação do Par­tido

Con­forme su­blinha o texto do Pro­jecto de Re­so­lução que es­teve em dis­cussão em todas as or­ga­ni­za­ções, a evo­lução da si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal confirma os as­pectos es­sen­ciais iden­ti­fi­cados no XXI Con­gresso re­a­li­zado em No­vembro de 2020. Verificam-se, en­tre­tanto, rá­pidos de­sen­vol­vi­mentos no quadro in­ter­na­ci­onal e na­ci­onal. Tais de­sen­vol­vi­mentos sus­ci­taram uma ampla re­flexão do co­lec­tivo par­ti­dário com a re­a­li­zação de cen­tenas de reu­niões e ple­ná­rios, para além dos con­tri­butos in­di­vi­duais de muitos ca­ma­radas.

O de­bate pre­pa­ra­tório amplo, de­mo­crá­tico e par­ti­ci­pado, para o qual todos os mem­bros do Par­tido foram cha­mados a con­tri­buir, não se li­mitou à dis­cussão do Pro­jecto de Re­so­lução. Per­mitiu também pro­ceder a uma ava­li­ação dos pro­blemas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções e exa­minar as­pectos de re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária, por forma a dotá-la de me­lhores con­di­ções para cum­prir o seu papel.

É por isso que já hoje se pode afirmar que a Con­fe­rência será uma im­por­tante re­a­li­zação para o pre­sente e fu­turo do Par­tido. O PCP não fecha para Con­gresso e também não fe­chou sobre si pró­prio na pre­pa­ração da Con­fe­rência. Ao mesmo tempo que se dis­cutiu os pro­blemas do País e do mundo, ava­liou-se a si­tu­ação so­cial e o seu agra­va­mento – e que o Or­ça­mento do Es­tado que aí vem não en­frenta, antes per­petua –, pers­pec­tivou-se e de­sen­volveu-se a acção e luta mais geral contra o au­mento do custo de vida, pelo au­mento geral de sa­lá­rios, das re­formas e pen­sões, mas também contra o en­cer­ra­mento de agên­cias ban­cá­rias e de postos Mul­ti­banco e dos CTT, em de­fesa do di­reito à saúde e aos trans­portes.

Ao mesmo tempo que se dis­cu­tiam as me­didas para o re­forço do Par­tido, aprovou-se planos de tra­balho, de­finiu-se ob­jec­tivos e metas, de­cidiu-se a re­a­li­zação de ini­ci­a­tivas, pro­duziu-se do­cu­mentos, marcou-se as­sem­bleias de or­ga­ni­zação, di­na­mizou-se or­ga­ni­za­ções lo­cais, de em­presa e de sector de ac­ti­vi­dade, res­pon­sa­bi­lizou-se qua­dros, atri­buiu-se ta­refas a novos mi­li­tantes, fez-se novos re­cru­ta­mentos.

Ao mesmo tempo que se dis­cutiu a ofen­siva an­ti­de­mo­crá­tica, na qual se in­sere a pro­moção de forças e pro­jectos re­ac­ci­o­ná­rios e a brutal cam­panha an­ti­co­mu­nista que vai pros­se­guir, foram de­ci­didas li­nhas de tra­balho que visam uma ainda maior li­gação do Par­tido aos tra­ba­lha­dores e ao povo, aos mo­vi­mentos de massas exis­tentes e a criar, questão de­ci­siva para en­frentar e der­rotar os ob­jec­tivos do ca­pital de li­mitar e con­di­ci­onar a acção do Par­tido e das or­ga­ni­za­ções de massas e atacar os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo.

O Pro­jecto de Re­so­lução aponta de forma clara pri­o­ri­dades para a di­na­mi­zação de uma acção in­te­grada do Par­tido, «en­vol­vendo uma ampla ini­ci­a­tiva po­lí­tica que res­ponda aos pro­blemas mais ur­gentes e afirme a po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, a in­tensificação da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, o for­ta­le­ci­mento das or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas, o tra­balho com de­mo­cratas e pa­tri­otas e o re­forço do Par­tido».

Certos de que a Con­fe­rência Na­ci­onal re­flec­tirá o de­bate pro­du­zido no Par­tido dando força às li­nhas de acção fu­tura, cabe a cada or­ga­ni­zação e a todos os mi­li­tantes do Par­tido, agir com au­dácia para a sua con­cre­ti­zação. Vamos a isso!

 



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