Escalada dos juros na UE do capital

«Os in­te­resses pros­se­guidos e de­fen­didos pela União Eu­ro­peia (UE) não são os in­te­resses dos seus povos», afirma o PCP, a pro­pó­sito do anúncio de um novo au­mento da taxa de juro de re­fe­rência por parte do Banco Cen­tral Eu­ropeu (BCE).

A vida con­firma a ne­ces­si­dade de re­cu­perar a so­be­rania mo­ne­tária

Em causa está um novo au­mento em 75 pontos base, «o se­gundo con­se­cu­tivo desta di­mensão e o ter­ceiro desde Julho», lembra o Par­tido, que em co­mu­ni­cado di­vul­gado pelo seu ga­bi­nete de im­prensa, con­si­dera que «pe­rante uma in­flação ga­lo­pante que co­loca mi­lhões de tra­ba­lha­dores numa si­tu­ação ainda mais di­fícil e que é re­sul­tado quer da es­ca­lada de con­fron­tação e san­ções, quer das op­ções mo­ne­tá­rias da UE, quer ainda do apro­vei­ta­mento que o grande ca­pital está a pro­mover com o au­mento es­can­da­loso dos lu­cros», o agra­va­mento das taxas de juro de re­fe­rência terá «custos in­com­por­tá­veis para as fa­mí­lias, as em­presas e os pró­prios es­tados».

A me­dida apro­funda, também, «os riscos de uma re­cessão eco­nó­mica à es­cala con­ti­nental com as dra­má­ticas con­sequên­cias que lhe es­ta­riam as­so­ci­adas», sa­li­enta o PCP, para quem «a vida está a con­firmar o enorme em­buste que re­pre­sentou du­rante anos a te­oria de que a moeda única iria pro­teger o País da es­ca­lada in­flac­ci­o­nista».

«Con­firma-se, ade­mais, o pre­juízo para o País re­sul­tante de uma po­lí­tica mo­ne­tária de­sa­jus­tada das suas ne­ces­si­dades e es­pe­ci­fi­ci­dades», bem como a jus­teza da «re­cu­pe­ração da so­be­rania mo­ne­tária» como uma «ne­ces­si­dade e um im­por­tante ele­mento de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, que res­ponda aos pro­blemas e aos an­seios dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês».

Os co­mu­nistas por­tu­gueses su­bli­nham, por outro lado, que «em vez da ac­tual es­ca­lada nas taxas de juro, o que se exigia era o ur­gente au­mento dos sa­lá­rios, a re­gu­lação e fi­xação de preços e o fim da es­ca­lada das san­ções eco­nó­micas que, no es­sen­cial, res­pondem aos in­te­resses dos EUA e não aos dos es­tados da UE». E acres­centam que, «num quadro em que mais de um mi­lhão e 400 mil fa­mí­lias por­tu­guesas vêem os seus em­prés­timos à ha­bi­tação a subir para preços in­su­por­tá­veis, é pre­ciso in­tervir no mer­cado do cré­dito, de­sig­na­da­mente por via da fi­xação de spreads má­ximos através da CGD como banco de re­fe­rência».

Ou­tras me­didas com ca­rácter ime­diato passam por «as­se­gurar a re­ne­go­ci­ação dos con­tratos, pro­te­gendo os cli­entes face aos in­te­resses da banca; per­mitir mo­ra­tó­rias no pa­ga­mento de juros e ca­pital, bem como a im­pe­nho­ra­bi­li­dade da casa de mo­rada de fa­mília. Me­didas que não dis­pensam, antes tornam mais ur­gente, a exi­gência do au­mento dos sa­lá­rios e das pen­sões vi­sando a re­cu­pe­ração do poder de compra per­dido», in­siste-se.

Alerta de crise

Na sexta-feira, 28, os de­pu­tados do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu também emi­tiram um co­mu­ni­cado no qual «re­pu­diam e de­nun­ciam os efeitos da ter­ceira su­bida das taxas de juro de re­fe­rência le­vada a cabo pelo BCE em menos de quatro meses».

Os eleitos co­mu­nistas em Es­tras­burgo de­nun­ciam, igual­mente, os efeitos no­civos para Por­tugal, «es­pe­ci­al­mente para os tra­ba­lha­dores e as suas fa­mí­lias e para as micro, pe­quenas e mé­dias em­presas», rei­vin­dicam me­didas que ata­quem as «ver­da­deiras causas do ac­tual surto in­fla­ci­o­nário», an­te­ri­or­mente in­di­cadas no co­mu­ni­cado do Par­tido.

«Os de­pu­tados do PCP no PE re­a­firmam», além do mais, «que a ac­tual si­tu­ação re­clama uma in­ter­venção do Es­tado (...) com re­gu­lação e fi­xação de preços, no­me­a­da­mente de bens e ser­viços es­sen­ciais, bem como o au­mento geral dos sa­lá­rios, das pen­sões, re­formas e ou­tras pres­ta­ções so­ciais, assim como uma po­lí­tica mo­ne­tária ade­quada às ne­ces­si­dades do País, um sector ban­cário que fi­nancie a eco­nomia real e con­tribua para o au­mento da pro­dução na­ci­onal e para a re­dução dos de­se­qui­lí­brios ex­ternos», e «re­cordam que são vá­rias as vozes que alertam para o facto dos au­mentos das taxas de juro de re­fe­rência po­derem pre­ci­pitar uma grave crise eco­nó­mica e so­cial».

Entre estas vozes estão a Con­fe­rência das Na­ções Unidas para o Co­mércio e De­sen­vol­vi­mento», que «re­cen­te­mente afirmou que as po­lí­ticas mo­ne­tária e or­ça­mental nas cha­madas eco­no­mias avan­çadas correm o risco de em­purrar o mundo para uma re­cessão global e es­tag­nação pro­lon­gada», de­talha-se, antes de aler­tarem para o «ex­pec­tável au­mento da pro­ba­bi­li­dade de in­cum­pri­mento dos cré­ditos à ha­bi­tação e ao con­sumo» e para a agu­di­zação «do fosso das de­si­gual­dades sócio-eco­nó­micas, não só no seio dos países da Zona Euro, mas também entre eles».



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