Greves e manifestações em unidade exigindo melhores salários e pensões

Os tra­ba­lha­dores mo­bi­lizam-se para dia 25, frente ao Par­la­mento, en­quanto se mul­ti­plicam as lutas em sec­tores e em­presas, como as greves na Ad­mi­nis­tração Pú­blica e na Au­to­eu­ropa, hoje e amanhã.

A mo­bi­li­zação con­verge para dia 25, às 10h30, em frente ao Par­la­mento

In­sis­tindo no au­mento dos sa­lá­rios como «emer­gência na­ci­onal», a CGTP-IN afirma que, na pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado – cuja vo­tação final global está mar­cada para 25 de No­vembro – «faltam res­postas e me­didas que os tra­ba­lha­dores exigem e o País pre­cisa».

No fo­lheto na­ci­onal, de mo­bi­li­zação para a con­cen­tração que a In­ter­sin­dical con­vocou para as 10h30 de sexta-feira da pró­xima se­mana, su­blinha-se que «está nas mãos dos tra­ba­lha­dores de­fender os seus di­reitos, me­lhorar as suas con­di­ções de vida, der­rotar as normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral».

Para a con­fe­de­ração, «é ina­cei­tável que o Go­verno de mai­oria ab­so­luta do PS, em vez de dar com­bate às pro­fundas in­jus­tiças so­ciais, le­gisle para as acen­tuar», num mo­mento em que «as di­fi­cul­dades dos tra­ba­lha­dores, re­for­mados e pen­si­o­nistas e suas fa­mí­lias con­trastam com o co­lossal au­mento dos lu­cros do grande ca­pital».

A Inter sa­li­enta que «é pos­sível viver me­lhor no nosso País», mas «os tra­ba­lha­dores pre­cisam de res­postas no ime­diato e, por isso, exigem o au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões, a fi­xação de li­mites má­ximos nos preços dos bens e ser­viços es­sen­ciais e a apli­cação de um im­posto que in­cida sobre os lu­cros co­los­sais das grandes em­presas».

Às po­si­ções do Go­verno e da mai­oria par­la­mentar que o sus­tenta, a CGTP-IN con­trapõe as suas pro­postas: au­mento dos sa­lá­rios em 2023, em 10 por cento, com um mí­nimo de 100 euros, para todos os tra­ba­lha­dores; re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral; va­lo­ri­zação das car­reiras e pro­fis­sões; fi­xação do sa­lário mí­nimo na­ci­onal nos 850 euros, a 1 de Ja­neiro de 2023; afir­mação da li­ber­dade sin­dical; de­fesa da con­tra­tação co­lec­tiva; er­ra­di­cação da pre­ca­ri­e­dade; se­mana de 35 horas para todos, sem re­dução de sa­lário; fim dos bancos de horas e adap­ta­bi­li­dades; de­fesa e re­forço dos ser­viços pú­blicos.

Greve na­ci­onal amanhã

«É pre­ciso que o Go­verno res­ponda às rei­vin­di­ca­ções dos tra­ba­lha­dores, que o faça de uma forma ob­jec­tiva, trans­pa­rente e ho­nesta, em pro­cessos ne­go­ciais, e de­sen­vol­vendo po­lí­ticas di­fe­rentes das que está a de­sen­volver», rei­terou o co­or­de­nador da Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica.

Numa de­cla­ração pu­bli­cada dia 14, Se­bas­tião San­tana apelou a que cada um con­tri­buísse «para que dia 18 seja um grande dia de afir­mação dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e dos ser­viços pú­blicos es­sen­ciais à po­pu­lação», uma vez que o Go­verno con­tinua a não dar res­posta à Pro­posta Rei­vin­di­ca­tiva Comum.

Nas suas po­si­ções mais re­centes, no­me­a­da­mente nas reu­niões de dia 9, com as es­tru­turas sin­di­cais, o Go­verno de­mons­trou que «quer con­ti­nuar a impor uma po­lí­tica de em­po­bre­ci­mento dos tra­ba­lha­dores». Se aqueles que ga­nham o mí­nimo viram o sa­lário «crescer muito pouco em re­lação àquilo que era ne­ces­sário», a ver­dade é que «todos aqueles que não ga­nham o sa­lário mí­nimo já per­deram 276 euros, desde que o sa­lário mí­nimo co­meçou a subir, porque não foram ac­tu­a­li­zadas as ta­belas re­mu­ne­ra­tó­rias».

Pe­rante estas perdas, pro­testou Se­bas­tião San­tana, «o que o Go­verno ofe­rece são 52 euros».

Com a in­flação a atingir 10,2 por cento, «o Go­verno não quer fazer nada em re­lação à re­po­sição do poder de compra e quer que os tra­ba­lha­dores con­ti­nuem a em­po­brecer no pró­ximo ano, porque con­tinua a in­sistir num au­mento médio de 3,6 por cento».

Quanto às car­reiras ge­rais, que irão ser va­lo­ri­zadas, o Go­verno deixa de fora al­gumas ca­te­go­rias e «in­ventou o logro da va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores com mais de 30 anos de ser­viço, que afinal são 35, e só se aplica a quem es­teja a cinco anos da re­forma, no caso dos as­sis­tentes ope­ra­ci­o­nais».

Tudo isto «é re­ve­lador das in­ten­ções do Go­verno, que não são boas nem são de va­lo­rizar ob­jec­ti­va­mente todos os tra­ba­lha­dores». O co­or­de­nador da Frente Comum frisou que «o Go­verno tem di­nheiro para fazer muito mais do que está a fazer, para va­lo­rizar os tra­ba­lha­dores e os ser­viços pú­blicos, re­for­çando os or­ça­mentos, entre ou­tros, do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde e da es­cola pú­blica», mas «não o faz por opção».

A greve foi de­ci­dida pela ci­meira da Frente Comum de Sin­di­catos, a 14 de Ou­tubro. A de­ter­mi­nação de avançar para a greve foi re­a­fir­mada num ple­nário na­ci­onal, a 27 de Ou­tubro, frente à AR.

 

Só pa­la­vras na Au­to­eu­ropa

Sem haver «so­lu­ções con­cretas» da parte pa­tronal, os tra­ba­lha­dores da Volkswagen Au­to­eu­ropa devem fazer greve nos dias 17 e 18, con­forme de­cisão dos ple­ná­rios, apelou an­te­ontem a co­missão sin­dical do SITE Sul na fá­brica au­to­móvel.

O sin­di­cato da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN re­agiu assim a uma co­mu­ni­cação que a ge­rência da em­presa en­viou a cada tra­ba­lhador e que, para lá da de­mons­tração de sen­si­bi­li­dade pe­rante as di­fi­cul­dades en­fren­tadas pelas fa­mí­lias, cons­ti­tuiu «um apelo a que os tra­ba­lha­dores não avancem para a greve».

Ora, «na au­sência de qual­quer ati­tude con­creta e cre­dível por parte da ge­rência, que per­mita aos tra­ba­lha­dores sus­pender a greve, não resta al­ter­na­tiva que não seja a sua ma­nu­tenção». Por outro lado, pre­vine-se no co­mu­ni­cado, qual­quer pro­posta pa­tronal deve ser feita em tempo que per­mita a sua dis­cussão com os tra­ba­lha­dores, porque foram estes, em ple­ná­rios, nos dias 8 e 9, que de­ci­diram a re­a­li­zação desta luta.

A greve está con­vo­cada para as pri­meiras duas horas de cada pe­ríodo de tra­balho, a partir das 15h20 de hoje, quinta-feira.

 

 

 



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