O governo militar no poder no Sudão e a coligação Forças da Liberdade e Mudança (FLM) anunciaram a assinatura de um acordo para promover o retorno à legalidade constitucional. A FLM agrupa partidos, sindicatos e outras entidades e, até agora, apoiara os protestos populares contra o Conselho Soberano do Sudão, liderado pelos generais golpistas.
O texto assinado prevê a formação de um governo civil e a organização de eleições para «proporcionar um novo caminho até à democracia». Promete que «os militares permanecerão afastados da política» e assegura que os subscritores do acordo decidirão a designação do primeiro-ministro e dos integrantes do «novo governo que conduzirá a transição».
A assinatura do acordo entre os militares golpistas e um sector da oposição sudanesa foi apadrinhada pelas Nações Unidas, pela União Africana e pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (IGAD).
Forças de esquerda sudanesas recusam-se a negociar com os militares e a legitimar os generais golpistas.
Protestando contra a assinatura do acordo entre as autoridades militares e um sector da oposição, os Comités de Resistência em Cartum convocaram manifestações populares na capital e em outras cidades do Sudão, na segunda-feira, 5.
O Partido Comunista Sudanês, em comunicado do seu Bureau Político, qualificou o acordo como «uma conspiração doméstica e estrangeira com o objectivo de bloquear o caminho da revolução» e apelou «a todos os seus militantes, aos aliados e a todas as forças da revolução para se juntarem às manifestações das massas».
Os comunistas sudaneses afirmam ainda que o acordo «visa reproduzir o antigo regime numa nova versão para preservar os interesses do capitalismo parasitário e seus aliados no estrangeiro».
A Aliança para a Mudança Radical, dinamizada no começo deste ano pelo Partido Comunista Sudanês, adoptou posições semelhantes.